sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A CURA DIVINA


“Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades”. Sl.103.3

Olá queridos irmãos, a paz de Jesus. Hoje iniciaremos um novo assunto. Que Deus abençoe suas famílias com saúde, paz e prosperidade. Vocês já tiveram que enfrentar uma enfermidade pessoal ou na família? O que vocês fizeram? Acredito que oraram a Deus, procuraram uma assistência médica, pediram orações na igreja, etc. Diante disso, muitas enfermidades foram curadas, algumas ainda estão em suas vidas e outras infelizmente levaram um familiar de vocês ou amigo a partir daqui dessa terra não é mesmo?

Nosso blog hoje falaremos de todas as nuanças sobre esse tema buscando sempre os valores de uma igreja moderada e bíblica. E nessa baliza vamos instruir vocês.

A ORIGEM E NATUREZA DA ENFERMIDADE

Onde o sofrimento humano teve a sua origem? Já fazia parte do plano de Deus ou foi resultado de alguma coisa que contradizia a intenção divina para a criação? A Bíblia, no sentido geral, ensina que o sofrimento humano é resultado somatório da soberania divina e da responsabilidade humana. Deus anteviu a possibilidade do sofrimento, e criou um mundo com sofrimento como fruto de um mundo possível e de uma relação verdadeira com o ser humano, provendo o Salvador.

Deus não foi tomado de surpresa com a desobediência de Adão. A Bíblia expressa claramente que Deus predestinou Jesus Cristo como o cordeiro para o perdão dos pecados: “… Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap.13.8). “Mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1 Pedro 1:19-20).

Um mundo com sofrimento existe em virtude da criação do homem a imagem e semelhança de Deus (ler Gn.1.26), “… os homens, feitos à semelhança de Deus (Tg.3.10). Com a capacidade de pensar, raciocinar, decidir e se relacionar. Esse é o mundo possível que Deus criou. Com todas as coisas boas e, consequentes, ruins, tendo em vista uma relação verdadeira entre Ele e os homens. Diferente de um mundo surreal, das mil maravilhas, porém com seres autômatos, sem vontade, robóticos, programados e, consequentemente, de perfeita obediência.

O sofrimento humano é consequência da desobediência de Adão e Deus reagiu a isso com sua presciência e predeterminação antes de tudo ocorrer. O propósito de Deus sempre foi de abençoar o homem e sua criação, e não de prejudicá-la: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. (Tg.1.17). “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia”. (Gn.1.31).

Assim, a origem do sofrimento humano aponta para nossa condição do pecado original (o primeiro pecado cometido por Adão e Eva – a desobediência). A culpa recai sobre Adão e, por herança, a consequência do pecado original recai sobre todos nós (ler Rm.5.12-14). Classifiquemos o estado do homem no modo perfeito em que foi criado, que chamamos de “estado original”:

Saúde plena

Imortalidade

Comunhão plena com Deus

Pureza

Santidade plena

Com a queda deste “estado original” para um estado pecaminoso, os valores citados acima foram perdidos. Assim o homem tornou-se sujeito:

A enfermidade

A morte

Perda da relação plena com Deus

A impureza

Ao pecado

O pecado e sua consequência é resultado da ação de Satanás na humanidade. Transformando o que “era bom” em ruim com o advento do pecado original. Mas Cristo veio para desfazer isso. Por isso é o salvador do mundo (1Jo.4.14).

“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”. (1Jo.3.8).

Em fim a enfermidade, como consequência do pecado, atua sobre TODOS, não importando se você é um cristão ou não. Ora, imagine você se Deus derrama boas coisas sobre todos, como que as coisas ruins seriam seletivas aos ímpios?

“… porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. (Mt.5.45).

“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,” (Romanos 3:23).

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 5:12).

“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.” (Romanos 5:18).

Veja bem, pense comigo, se todos pecaram, todos sofrem a consequência. Se todos temos como consequência, por exemplo: a morte, todos sofremos o restante de consequência do pecado, por exemplo: a enfermidade etc. O mesmo ocorre com toda a lista de coisas boas do estado original, como já foram mencionadas aqui. Portanto é FALSO o discurso de que cristão não sofre ou não adoece. Ou que se sofre ou adoece é porque não é um crente de verdade. A Bíblia fala:

Sobre um espinho na carne de Paulo em que o servo de Deus não teve sossego (ler 2Co.12.7).

Sobre os constantes problemas intestinais de Timóteo (ler 1Tm.5.23).

Sobre Paulo ter deixado doente em Mileto o obreiro Trófimo (ler 2Tm.4.20).

Sobre Isaque, um dos grandes patriarcas, de seu possível problema ocular de catarata (ler Gn.27.1).

Sobre o sofrimento de Jó (Jó 2.7-11).

A RELAÇÃO PECADO E DOENÇA

É inquestionável que o pecado trouxe a enfermidade. Tanto o pecado original quanto o pecado de cada um de nós causam as doenças. Vemos isso em várias passagens bíblicas. Logo após a queda do homem temos o relato das dores do parto na mulher e a fadiga do trabalho (ler Gn.3:16-18).

Quando não veem do pecado original (da desobediência de Adão) as enfermidades podem vir por nossos próprios pecados: “Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniquidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças” (Salmos 38:3-4 ARA). “Os estultos, por causa do seu caminho de transgressão e por causa das suas iniquidades, serão afligidos.” (Salmos 107:17 ARA). 

O profeta Isaías, quando profetizou sobre Cristo, disse que ele carregaria as enfermidades, fazendo uma relação pecado e enfermidade (ler Is.53.4,5).

O pecado é visto como uma doença, o nosso próprio Senhor Jesus deixou isso claro quando curou o paralítico. Antes de curá-lo disse: “… Filho, os teus pecados estão perdoados”. (Mc.2.5 ARA).

Tem enfermidade que vem para nos provar, assim como outros problemas dessa vida. Para que sejamos refinados como o ouro: “Nisso exultais, ainda que agora sejais necessariamente afligidos por várias provações por um pouco de tempo, para que a comprovação da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.”. (1Pe.1.6,7 AXXI).

Também existe enfermidade que vem sobre o cristão para discipliná-lo em virtude de sua desobediência: “Por causa disso há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que já morreram”. (1Co.11.30 AXXI). Tendo em vista a sua preservação, para não ser condenado com o mundo: “Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo”. (idem v.31).

CAUSAS NATURAIS E ESPIRITUAIS DAS ENFERMIDADES

Aprendemos até aqui que as enfermidades têm sua origem no pecado, seja o pecado original ou o nosso próprio pecado. Mas falta mostrarmos aqui que as enfermidades podem ser de causa natural ou espiritual.

CAUSA NATURAL

Não podemos falar de cura divina sem conhecermos as causas naturais das enfermidades. Digo naturais por ocasião da queda e não da criação divina. Pois após a desobediência de Adão, a natureza perdeu sua originalidade trazendo ao homem sérios problemas de saúde. Assim, as enfermidades passaram a ser comum, natural a vida humana. Vejamos algumas causas naturais:

Quebra das leis da natureza: O descuido nos hábitos alimentares, sono insuficiente, falta de higiene pessoal, abuso de medicamentos, de drogas e bebidas alcoólicas. Em algumas culturas, onde as normas de higiene são precárias, as doenças predominam de maneira extraordinária. Os males gastrointestinais e muitas outras enfermidades são o resultado de alimentação inadequada, desnutrição e comprovada ausência de asseio. O desmatamento em áreas onde insetos e animais silvestres nocivos ao homem migram para áreas urbanas. A poluição ambiental produzida pelo ser humano tem sido grande responsável de uma série de enfermidades. O sedentarismo… o ser humano foi feito para caminhar, para está em movimento durante o dia e em repouso durante a noite. A quebra dessa regra resulta em doença.

Trabalho excessivo: Eis outro fator de grande prejuízo para o corpo humano. Excessivo esforço mental ou físico desgasta a saúde e a consequente produção de stress. Em nessa movimentada sociedade, onde todos correm para lá e para cá, é necessário que tenhamos momentos de descanso, recreação e descontração que funcionem como válvula de escape, a fim de relaxarmos da luta do dia a dia. O dia de descanso, mencionado no 4o mandamento divino, infelizmente é quebrado. O que gera um povo que não pára para descanso e adoração.

Acidentes: machucados ou ferimentos, cujos danos não são detectados imediatamente, poderão, mais tarde, resultar em problemas físicos e mentais, com sérias complicações. Bem como acidentes de trânsito, de criminalidade, de esportes, de trabalho, doméstico e etc. Causam também muitos transtornos físicos e mentais.

Preocupação, medo, ansiedade, traumas emocionais: Estas coisas causam, pouco a pouco, distúrbios emocionais que acabam por interferir no processo digestivo, no sono, produzindo doenças psicossomáticas, doenças psiquiátricas como transtorno do pânico, depressão, transtorno de ansiedade generalizada etc., que podem interferir na vida social, profissional e familiar do doente.

Doenças congênitas: Indubitavelmente, certas doenças são transmitidas às crianças por seus pais. Isto pode ser observado, em grande escala, nos países e cidades onde a vigilância do poder público é precária ou omissa. Uma criança em gestação sofrerá os efeitos da má nutrição, ou herdará as doenças da mãe, se esta não receber os devidos cuidados pré-natais. Pesquisas científicas indicam que o consumo de álcool e de drogas, por parte das gestantes, pode afetar na má formação da criança. Heranças genéticas de doença paternas e de avós também entram nesse assunto aqui. Doenças raras também.

Doenças diversas: Existe uma diversidade muito grande de enfermidades que surgiram no mundo por diversas causas, muitas delas desconhecidas, que não foram citadas aqui, tais como: as sexualmente transmitidas, dependência química, deficiências respiratórias, mentais, neurológicas, depressivas, infecciosas (bacterianas ou virais), alterações celulares malignas, alérgicas, a própria velhice é uma doença, uma degeneração e morte das células do corpo trazendo uma série de comorbidades, etc.

CAUSA ESPIRITUAL (doenças sobrenaturais)

Não podemos descartar essa possibilidade, pois o diabo trás doenças de natureza espiritual para as pessoas e serem confundidas com doenças naturais. Doenças de surdez e mudez são relatadas na Bíblia que ocorreram não por doença natural, bem como epilepsia, artrose de coluna e loucura, mas por uma interferência do Satanás na vida das pessoas. Aquilo que chamamos de “possessão demoníaca” ou “opressão maligna”. 

Existem doenças que não passam pelo diagnóstico médico, aparentemente a pessoa está normal, contudo sente-se doente (psicossomáticas). Não são necessariamente indicadas como possessão demoníaca, mas podem ser também identificadas como forças espirituais do mal cujo principal objetivo é perseguir e oprimir o indivíduo.

Vamos as passagens de casos de possessão demoníaca em que trouxeram essas enfermidades:

“E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se.” (Lucas 13:11 ARA).

“Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele.” (Marcos 9:25 ARA).

“Senhor, tem compaixão de meu filho, porque ele tem convulsões e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes, na água. Então Jesus repreendeu o demônio, que saiu do menino; desde aquela hora ele ficou curado.” (Mt.17.15,16 AXXI).

“Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.” (Marcos 5:2-5 ARA).

OBSERVAÇÃO:

Estas doenças espirituais não podem ser qualificadas precipitadamente e irresponsavelmente como “possessão demoníaca”. É preciso cautela e fazer uma investigação por meio do jejum, conversa e oração de exorcismo na pessoa do doente, se ela consentir com o recebimento da oração. Devemos tomar cuidado com o constrangimento de classificar uma pessoa enferma como “tem demônio” ou que “o satanás tá oprimindo ela”. Na minha adolescência tínhamos amigo que sofria de epilepsia, e muitos irmãos pentecostais, sem moderação, colocavam a mão na cabeça dele e diziam “sai satanás dessa vida” e, além de cômico, era muito constrangedor. É preciso experiência, amor e respeito pelas pessoas acometidas por enfermidades como estas que lembram passagens bíblicas relacionadas a possessão demoníaca. Portanto, muito cuidado, pois pode ser apenas uma enfermidade natural.

A CURA DIVINA COMO PARTE DA SALVAÇÃO

Como o pecado e a enfermidade estão associados, a salvação do homem engloba a cura física. O problema da falta de compreensão de muitos evangélicos sobre a passagem de Isaías 53.4,5 não é “falta de fé” ou porque não “tomam posse desta promessa” como dizem os pregadores da teologia da prosperidade, mas por *falta de entendimento das Escrituras e da doutrina da salvação.*

Analisemos o texto de Isaías…

O que Isaías declarou (idem 53.4,5) foi que Jesus repreenderia as enfermidades e faria a expiação pelo pecado da humanidade. A profecia (v.4) se refere ao ministério terreno de Jesus (ler Mt.8.16,17); e em seguida (v.5) a sua conclusão com a obra de sacrifício pelo pecado (ler 1Jo.2.2; 1Pe.2.24). Uma parte da profecia de Isaías (v.4) relata o início do seu ministério e a outra relata o fim (v.5). 

A cura divina faz parte da salvação, fato esse bem claro nas Escrituras, exemplo:

“E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E, desde aquele instante, a mulher ficou sã.” (Mateus 9:22 ARA observe o grifo). Traduz assim também as versões ACF, AXXI, NAA e ARC. Embora traduções modernas coloquem “curou” (como NVI), todavia a palavra grega “sesoken” vem da raiz “sozo” e significa: “salvar, manter são e salvo, resgatar do perigo ou destruição” (dic de J. Strong) que tem relação direta com a salvação. A palavra específica para cura é “therapeuo” quer dizer: “sarar, curar, restaurar a saúde” (dic James Strong), exemplo: Mt.4.24; 8.16 e Lc.7.21. Já a palavra “salvou” (que vem de “sozo”) Jesus demostrou a parte mais sublime da cura divina que é o marketing da plena salvação, onde não haverá mais doenças.

“Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.” (Marcos 10:52 ARA). Contendo a mesma palavra de raiz “sozo”.

Nessas passagens Cristo associa a cura física das pessoas à salvação delas. E o mesmo termo se emprega para a redenção moral e espiritual das pessoas, exemplo: Lc.7.50; 17.19 e 19.10. O mesmo disse Pedro quando lhe perguntaram sobre a cura do paralítico da porta do Templo: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos [sesoken].” (Atos 4:12 ARA). Da mesma raiz grega “sozo”.

A salvação de Deus engloba a redenção completa do estado original humano. Por isso Cristo curava, ressuscitava os mortos, perdoava os pecados e restaurava a comunhão das pessoas com Deus, como uma *amostra* do que ele fará definitivamente quando voltar para buscar seu povo no seu reino vindouro. Jesus não é um curandeiro, Jesus é o salvador.

Lembro que a palavra grega “sozo” está presente em Tg.5.15 que diz:

“E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (ARA). Como traduzem também as versões ACF, ARC, AXXI, NAA e BKJ.

A PLENA SALVAÇÃO AINDA ESTÁ POR VIR. O ponto de conflito de muitos no entendimento está aqui. O que Jesus disse na cruz? “Está consumado” (Jo.19.30). Está consumado o quê? A salvação? Não. Se Jesus tivesse consumado a salvação não havia mais enfermidades, pecados, mortes, ou seja, o “estado original” do homem teria sido recuperado. Então, o que Jesus consumou? Jesus consumou a oferta pelo pecado! São várias as passagens bíblicas que comprovam isso, exemplo: Hb.10.12; 1Pe.3.18; Ef.5.2; 1Co.15.3. Inclusive o próprio Isaías (ler 53.10). A oferta pelo pecado é bem conhecida do Antigo Testamento (ler Êx.29.36; Lv.4.24; Nm.6.14), mas não tinha seu valor de cancelamento da culpa por ser oferta de animal (Hb.10.1,4). Mas Jesus Cristo, verdadeiro homem e perfeito em obras, deu a sua vida por nós como oferta justa e pura por nossos pecados (idem v.10). Dispensando a repetição das ofertas pelo pecado (idem v.12,18).

Entenda: Jesus pagou a nossa dívida. Na sua época, quando alguém tinha uma dívida, era comum, quando quitada, na escrita de documento da dívida a colocação da palavra grega: “tetelestai”, ou seja, “quitado”. O mesmo termo usado por Jesus na cruz (Jo.19.30). E essa conclusão foi feita pelos apóstolos Paulo e Pedro:

“tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;” (Colossenses 2:14 ARA).

“sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.” (1 Pedro 1:18-19 ARA).

Talvez você esteja perguntando: qual era a nossa dívida?

Após a queda, o homem se tornou praticante de toda sorte de iniquidade (Gn.6.5; Gl.5.19-21; 1Co.6.9,10). Assim, Deus estabeleceu a Lei para mostrar-lhes o erro e não se estabelecer o caos na terra. E com a promulgação da Lei o homem além de pecador tornou-se transgressor, e como transgressor: culpado, e na qualidade de culpado: condenado (1Jo.3.4). Esse quadro triste do homem é retratado pelo Apóstolo Paulo em Romanos 7.7-25. Mas ele mostra a solução que foi dada por Deus em Jesus em seguida: Romanos 8.1

A ORAÇÃO PELA CURA DIVINA

Enquanto Cristo não vem e traz a salvação plena que explanamos aqui nesse conteúdo doutrinário, podemos e devemos orar por cura divina. Contudo, algumas bases bíblicas devem ser respeitadas na oração por cura divina:

1) A fé está submissa a vontade de Deus. Muitas pessoas pensam que a fé é uma ação independente e determinante para o milagre, entretanto a fé é apenas uma canalizadora da vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 João 5:14 ARA). “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.” (Tiago 4:15-16 ARA). “… Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”. (Mateus 6.10b ARC).

2) O poder sobrenatural é de Deus e não da fé. Outras pessoas acreditam que a fé por si só tem poder. O que não é verdade. A fé é um condutor do poder divino, mas não tem esse poder. Isso é uma heresia que remete a magia, uma prática religiosa não cristã (ler Dt.18.9-14; At.19.19). Dependemos de Deus sempre (ler Jo.15.5; Sl.127.1; Êx.33.19). Houve casos de cura divina sem necessidade de fé, Deus decidiu curar diretamente (Jo.9.1-7; 5.5-9). Também, no mesmo naipe, não existe “oração poderosa” existe *Deus poderoso*. As pessoas atribuem o mérito de alguma bênção alcançada ou cura a determinada oração, roubando a cura divina. Como a frase já diz: “divina”, é Deus quem realiza. A oração foi apenas o condutor, pelo uso da fé em Deus. O que existe é a oração feita com fé. E Deus, segundo sua vontade, traz o resultado: “e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará…”. (Tiago 5.15 ARC).

3) A cura divina é apenas uma amostra daquilo que Deus fará na eternidade. Nunca deve tomar o lugar na salvação da alma humana (ler Lc.10.17-20; 19.10; 9.25; Mt.5.29,30). Igrejas e líderes que criam um “ministério de cura” perderam o foco. A igreja não deve se pautar em milagres temporais. Reflexão: “O cristianismo não trouxe para o mundo a crença em milagres; ele já a encontrou ali. Toda a religião dos pagãos dependia dela; eles tinham seus deuses somente visando os milagres”. B. B. Warfield. Assim, o ministério de uma liderança genuinamente cristã é da Palavra: “e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”. (At.6.4 ARA). Biblicamente, não existe “ministério de cura”! O ministério (ou serviço) é da Palavra. A cura divina veem para cooperar com o ministério da palavra. E não para tomar a frente.

Com essas bases devidamente compreendidas A ORAÇÃO PELA CURA DIVINA deve ser feita sempre que necessário. Tendo em mente que a cura divina é uma realidade na Bíblia. Sendo, portanto, os fatos bíblicos nossa fonte de inspiração para orarmos pelos enfermos, para que Deus os cure e traga saúde. Na Bíblia temos vários deles, vejamos alguns:

Cura divina no Antigo Testamento:

Deus ressuscita o filho da viúva (1Rs.17.17-24);

Deus cura a sunamita estéril (2Rs.4.8-17);

Deus ressuscita o filho da sunamita (2Rs.4.32-37);

Deus cura Naamã de lepra (2Rs.5.1-19);

Deus cura a Abimaleque, sua esposa e suas servas (Gn.20.17);

Deus cura Rebeca de sua esterilidade (Gn.25.21);

Deus cura Ana de sua esterilidade (1Sm.1.19,20);

Deus concede mais 15 anos de vida a Ezequias (2Rs.20.1-6);

Cura divina no Novo Testamento:

Jesus cura a sogra de Pedro (Mt.8.14,15);

Jesus cura um leproso (Mt.8.2-4);

Jesus cura um paralítico (Mt.9.2-7);

Jesus cura um homem de mão atrofiada (Mt.12.9-13);

Jesus cura um cego (Mc.8.22-25);

Jesus cura um mudo e endemoninhado (Mt.9.32,33);

Jesus cura um menino epilético endemoninhado (Mt.17.15-18);

Jesus cura uma mulher com hemorragia (Lc.8.43-48);

Jesus ressuscita a filha de Jairo (Lc.8.41,54,55);

Jesus cura dez leprosos (Lc.17.11-19);

Jesus ressuscita Lázaro (Jo.11.38-44);

Jesus cura um endemoninhado cego e mudo (Mt.12.22);

Jesus ressuscita o filho da viúva (Lc.7.11-15);

A cura do mendigo coxo em nome de Jesus (At.3.1-10);

A cura, ressurreição e exorcismos autorizados por Cristo aos seus apóstolos (Mt.10.6-8);

A cura autorizada por Cristo a 72 discípulos (Lc.10.9);

A cura de Enéias em nome de Jesus (At.9.32-35);

A cura de Dorcas em nome de Jesus (At.9.36-41);

A cura de um coxo em Listra em nome de Jesus (At.14.8-10);

É importante que a oração por cura divina seja realizada pela igreja, pelo povo de Deus no exercício da grande comissão (ver Mc.16.15-18), na oração feita em nome de Jesus. Como percebemos nos últimos exemplos bíblicos acima. No dia a dia, se precisar orar por cura, façamos a oração. Se a oração não for respondida, Deus pode está:

1) Provando a nossa fé. (ler Tg.1.2; 1Pe.1.6; Jr.17.10). Nossa fé precisa ser provada para que ela venha a ser aperfeiçoada. Não podemos descartar essa possibilidade. Se você já orou e várias pessoas já oraram mas a doença continua, esteja ciente de que a fé está em prova. Deus continua sendo Deus se a cura não vier? “… não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração.” (1 Ts 2:4b ARA).

2) Provando a nossa paciência. Esperar em Deus é outra prova de Deus. O tempo em que sejamos curados vem do Senhor e não de nossa vontade. A cura de Naamã é um exemplo disso (ler 2Rs.5.1-19). E a prova de Deus tem algo didático em nossas vidas, tanto na fé como na paciência, veja bem: Deus está no controle de tudo, mas ele não vem fazer a prova por você. Ele te orienta, te ajuda, mas a prova é sua. Assim como um professor no dia da prova. Ele não fará a prova por você. 

3) Trabalhando nossa vida por meio dessa doença. Se você já orou por uma cura e ela não veio? Já espera por cura a muito tempo? Levando em consideração todas as questões abordadas sobre cura divina até aqui, ainda temos a possibilidade de que essa doença seja permitida por Deus para trabalhar sua vida. Veja a situação do apóstolo Paulo, cuja resposta divina foi: “A minha graça te basta” (2Coríntios 12.9 ARA). Deus tem seus propósitos: “Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.” (1 Pedro 4:19 ARA). “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28 ARA).

CONCLUSÃO

A cura divina deve ser vista sob a perspectiva da salvação. Do contrário cairemos em uma fé pagã. Deus opera quando quiser, ele é soberano. Deus não muda, ele apenas deixa de agir e volta a agir. E isso faz soberanamente seguindo seus desígnios. A vontade de Deus pode ser “sim”, mas também pode ser “não”. A palavra “sempre” não consta nas promessas divinas temporais, apenas nas eternas. Porém muitos mestres fraudulentos ensinam João 14.14 como estivesse a palavra sempre no final da frase. Para esses “mestres” recomendo a leitura de Tiago 3.1: "Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo".

Que você entenda o que se passa, caso não saiba, busque de Deus a resposta. Ore, clame, busque a cura divina. Mas esteja sempre pronto para os propósitos de Deus em sua vida. Nossa saúde plena será um dia alcançada, na redenção de nosso corpo:

“… igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”. (Romanos 8.23 ARA).

Observação: Comentários e respostas, aguardem a aprovação do moderador do blog.
Dúvidas e esclarecimentos, escreva para: anti-heresias@hotmail.com

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