terça-feira, 7 de junho de 2016

TEMPO DA PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO - uma análise teológica e apologética da escatologia adventista


“Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. (Dn.8.13,14 ARA)

ERRO DA INTERPRETAÇÃO

Esta profecia de Daniel já deu problemas sérios na história, Guilherme Miller, por exemplo, deu uma interpretação bem extravagante sobre este texto. Ele interpretou estas 2.300 tardes e manhãs como 2.300 dias, e que esses dias eram anos. A terra era o santuário de Deus e estava profanado pelos homens ímpios e que este seria purificado e em seguida Jesus viria para buscar a sua igreja. Sendo, portanto, 2.300 anos o período que levaria para essa purificação. Pois bem, ele tomou o verso supracitado e associou a Daniel 9.25 para estabelecer a data inicial da contagem, onde diz: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...”. Então, tendo como base o texto de Esdras 7.21-26, um decreto dado por Artaxerxes I para que Esdras fosse ornar o templo (v.27), e isso se deu em 457 a.C., ele passou a projetar um cálculo que o levaria até a tal “purificação do santuário”. Guilherme Miller acreditava piamente que o santuário era a terra, e que Jesus viria realizar a sua purificação. Assim, tomando o ano de 457 a.C. e subtraindo-o de 2.300 anos ele encontrou uma data: 1843 d.C. O Ano passou e Jesus não veio. Ele refez novamente os cálculos na seguinte forma: de 457 a.C. até o ano 1 d.C., passou-se 456 anos. De 2.300 anos subtraindo 456 anos apareceu uma nova data: 1844. Sua interpretação de Dn.8.14 tornou-se bem famosa na época; multidões a aderiram e acreditavam que realmente Jesus viria naquela época. Foi assim que surgiu o Movimento Millerista, “nome derivado de Guilherme Miller (1782-1849), um fazendeiro de Nova York que predisse a data da volta de Cristo. Ele conseguiu reunir um número significativo de seguidores, especialmente depois que se tornou mais preciso em seus cálculos”. (Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida. Edição 2000, por George A. Mather e Larry A. Nichols, p.319,320). Também conhecido como o “Movimento do Advento [...] que surgiu na metade do século 19, enfatizando o retorno de Cristo [...] Miller anunciava a volta de Jesus para 21/03/1843. Estudando o capítulo 8 de Daniel, que fala do Santuário de Deus que seria profanado e depois purificado, ele interpretou que o Santuário fosse a Terra, e que a purificação e se daria com a volta de Jesus. Falhando na previsão, remarcou a data para 22/10/1844. Nada aconteceu. Miller abandonou suas idéias proféticas, retornando para sua igreja de origem. A decepção foi geral. Muitos abandonaram essas idéias apocalípticas”. (idem, p.192).

O cálculo de Miller foi um erro em três pontos:

1) Ele via as “2.300 tardes e manhãs” descritas em Dn.8.14 como fossem “2.300 tardes e 2.300 manhãs”. Neste caso teríamos 2.300 dias. Porém, Daniel não escreveu desta forma. Ele colocou “2.300 tardes e manhãs”, onde as tardes e manhãs já estão somadas (1.150 tardes + 1.150 manhãs) e formam um total de 2.300 tardes e manhãs, que equivale a 1.150 dias. Veremos mais comprovações de que esta interpretação é a correta.

2) Ele tomou o ano de 457 a.C. como data base para início do cálculo fazendo correlação entre Esdras 7.21-26 e Daniel 9.25. Porém, não há relação alguma entre estes textos. Dn.9.25 o decreto diz respeito a restaurar e edificação Jerusalém e não de ornamentar o templo (cf. Ed.7.27). E a ordem para construção do templo veio por Ciro em 539 a.C., conforme relata em Esdras 1.1-4. No dicionário bíblico relata: “Ciro [...] Rei da Pérsia, a quem Isaías previu como responsável pela restauração do templo em Jerusalém (44:28) e como o ‘Messias’ [ungido] – libertador dos judeus do exílio na Babilônia. Ele foi instrumento do plano de Deus relativo ao Seu povo (45:1). Durante o seu primeiro ano de reinado sobre a Babilônia, após a captura desta, em 539 a.C., Ciro deu ordens para a reedificação do templo”. (O Novo Dicionário da Bíblia, p.294. Editor organizador: J. Douglas – Ph.D. Edições Vida Nova). Não existe nenhuma passagem bíblica relacionada ao ano de 457 a.C. que envolva restaurar e edificar Jerusalém. E mais, Daniel 8 só vai até o fim do reino Grego (168 a.C.), enquanto que Daniel 9 vai até o reino de Roma, em 70 d.C. Em Dn.9.26 ele prevê a destruição da cidade e do templo judeu. Isso se deu no império Romano pelo comando do General Tito. Enfim, são dois capítulos que tratam de reinos diferentes (grego e romano) e de épocas diferentes (168 a.C e 70 d.C).

3) Guilherme Miller ignorou totalmente as palavras de Jesus: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”. (Mt.24.36 ARA). E sua advertência: “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”. (At.1.7 ARA). O que o fez um desobediente e conseqüentemente um falso profeta. Caindo na reprovação das Escrituras: “Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso”. (Pv.30.6 ARA). “Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele”. (Dt.18.21,22 ARA).

O erro de Miller teve continuidade...

Não se dando por convencidos do erro de Guilherme Miller, alguns dos desapontados do Movimento Millerista, dos tais “surgiu Hiran Edson, dizendo ter tido uma visão: ‘Vi, distinta e claramente, que nosso Sumo Sacerdote, em vez de sair do lugar santo do santuário para vir a Terra do dia sétimo do sétimo mês ao fim de dois mil e trezentos dias, entrava naquele dia pela primeira vez no segundo compartimento do santuário e tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo antes de voltar à Terra’ (Administrações da Igreja, p.20)”. (Desmascarando as Seitas, por Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro. Editora CPAD. Edição 1996, p.12). Uniram-se criando uma associação de igrejas, congênita do Movimento Millerista, e passaram a declarar que “Miller acertou a data, mas errou o local. O Santuário a ser purificado ficava no céu, não na Terra. Decidiram se unir, dando origem em 1863 a Associação Geral das Igrejas Adventistas do Sétimo Dia, em Battle Greek, Michigan, EUA, sob a liderança de Ellen Gould White (1827-1915)”. (Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida, por George A. Mather e Larry A. Nichols, p.192). No livro Nisto Cremos, literatura referência da Igreja Adventista do 7º Dia, reitera o reconhecimento de quase tudo o que interpretou Guilherme Miller, exceto quanto ao local, o santuário – não era a terra, mas o celestial: “Daniel declara que esse período deveria iniciar com a ‘ordem para restaurar e para edificar Jerusalém’ (Dan. 9:25). Tal decreto, que concedia autonomia plena aos judeus, foi emitido no sétimo ano de Artaxerxes, o rei persa, e tornou-se efetivo no outono do ano 457 a.C. (Esd. 7:8, 12-26; 9:9) [...] de acordo com o que muitos cristãos ao longo dos séculos têm acreditado, os 2.300 dias de Daniel 8 significam 2.300 anos literais. a. Daniel 9: a chave para desvendar Daniel 8. [...] O cálculo do período profético estava correto. Os 2.300 anos haviam findado em 1844. Seu equívoco – e o de todos os intérpretes daquela oportunidade – foi quanto a sua compreensão de qual evento haveria de ocorrer ao final daquele período profético. Nova luz no tocante ao ministério de Cristo no santuário converteu o desapontamento daquelas pessoas em esperança e alegria. Seus estudos dos ensinamentos bíblicos no tocante ao santuário revelaram que em 1844 Cristo veio ao Ancião de Dias e começou a fase final de Seu sumo sacerdócio no santuário celestial. Esse ministério representava o antítipo do Dia da Expiação com sua purificação do santuário, que Daniel 7 retrata como o juízo investigativo do período pré-advento. Essa nova visão do ministério celestial de Cristo ‘não representa um afastamento da fé cristã histórica. Ela é, na verdade, o complemento lógico e a consumação inevitável dessa fé’”. (Nisto Cremos, p.63,64,421,423 . Casa Publicadora Brasileira. Versão digital em pdf).

Como vimos acima, e interpretação de Daniel 8.14 levou a um erro muito sério sobre a vinda de Jesus, e ainda permanece o fragmento quase que inteiro do erro de Miller dentro da Igreja Adventista do 7º Dia. Onde insistem em afirmar que houve algo em 1844. E para sustentar tal crença, migraram para a Nova Aliança o ritual cerimonial do judaísmo conhecido como o Dia da Expiação, sendo que aplicado a Cristo no santuário celestial quando em 1844 teve o seu início. Enfim, Jesus só entrou no lugar santíssimo nesta data. Até então ele comparecia apenas ao lugar santo*. Fazendo associações chamadas de “antítipo” do santuário terrestre veterotestamentário. Onde até o Satanás entra neste “antítipo” como o “bode emissário” do Dia da Expiação. 

*Nota: Uma alegação no mínimo estranha, pois no dia da crucificação o véu do santuário que separava o lugar santo do santíssimo se rasgou: Mt.27.51; Mc.15.38; Lc.23.45. Não seria isto antítipo do celestial?

Bom, ninguém sabe ao certo até onde vai o “antítipo” destas coisas. E se for olhar para os detalhes, algumas associações não são tão harmônicas assim (já que são minuciosos no uso do antítipo). Pois, Jesus nem era da linhagem sacerdotal para que o trabalho do Dia da Expiação pudesse ser aplicado a ele (Hb.7.14). Jesus foi nomeado sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb.5.10) e quando se muda o sacerdócio muda-se a lei (Hb.7.12) e se muda a lei, o referido antítipo torna-se impróprio (Hb.7.15-19). A Bíblia cita várias vezes que Jesus, tendo cumprido todo o processo sacrificial de remissão e cancelamento de pecados, está sentado à direita do Pai (Hb.1.3; 8.1; 10.12; 12.2). Tendo em vista que todos os serviços sacerdotais eram feito em pé, Jesus “sentado” é uma retórica de que ele já encerrou os serviços sacrificiais, sendo o Dia da Expiação uma aplicação infundada. Como se comenta: “O ato de sentar-se (assentou-se, ekathisen, aoristo) leva consigo um forte sentido de realização, porque a posição assentada é mais sugestiva de uma tarefa acabada do que uma posição em pé. Na realidade, esta ênfase no Cristo assentado, que é apoiada por outras evidências neotestamentárias, demonstra conclusivamente que a obra sacrificial está feita” (Hebreus, Introdução e Comentário, p.65. Por Donald Guthrie. Série Cultura Bíblica. Mundo Cristão. Versão digital em pdf). Este emprego é tão absurdo que, se formos levar ao pé da letra o “antítipo” do Dia da Expiação (como fazem) ao suposto advento celestial em 1844, no fim deste cerimonial, o bode emissário (figurado pelo adventismo como Satanás) é oferta pelo pecado também, o tanto quanto o bode expiatório (figurado como Jesus), veja Lv.16.5 ARA. Confira comigo na Bíblia: “Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o SENHOR, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário”. (Lv.16.10 ARA). Observe a parte sublinhada por mim. O que leva conclusões escandalosas: 1) a obra da expiação está incompleta, pois falta o ritual tipificado ser concluído. 2) Satanás torna-se co-redentor dos remidos, pois ele é instrumento da expiação. Onde nem sempre “fazer expiação” necessitava de sangue (ver Êx.32.30). 3) os pecados dos crentes adventistas ainda não foram cancelados, pois o cancelamento só se dará quando o Dia da Expiação for concluído (Leia Nisto Cremos, p.428, referência 21b. Versão digital em pdf). Uma contradição direta com passagens bíblicas como: At.3.19; 1Jo.1.9; 2.1,2; 3.5; Hb.8.12; 9.26; 10.17. Bom, isso é um problema gerado que o adventismo tenta explicar em obras como Nisto Cremos (cf. cap.23 – O Ministério de Cristo no Santuário Celestial) e Questões sobre Doutrina (cf. cap.31 – Salvação Prefigurada no Ritual do Santuário e cap.35 – O procedimento com o Bode Emissário). A colocação do Dia da Expiação como tábua de salvação para o naufrágio escatológico de Miller é frágil e afunda. Sabendo que quando Jesus vier, ele não vem mais com pecado ou para tratar disso, ele vem para buscar os salvos: "assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hb.9.27 ARA, na KJA ainda é mais claro). Não há mais pecados para serem trazidos, pois estes foram cancelados lá na cruz. A reconciliação é prova disso. A Bíblia nos mostra em 2Co.5.18,19 que os pecados daqueles que são reconciliados não são mais computados (texto correlato Rm.4.8). E em Rm.5.10,11 a reconciliação é um fato consumado. E se há pecados ainda para serem cancelados, não houve reconciliação; se Cristo ainda voltará com pecados, a Bíblia fica por mentirosa. Por isso, o uso do Dia da Expiação como antítipo de uma obra no santuário celeste em 1844 é inapropriado. Um erro lançado sobre outro.

Não existe um texto bíblico no Novo Testamento que afirme que o Dia da Expiação seria tipo do que Cristo faria no santuário celestial. Só encontro esta afirmação na literatura extra bíblica dos pioneiros do adventismo. Raimundo de Oliveira, comentando sobre “símbolos” escreve: “REGRA CINCO. Os fatos ou acontecimentos históricos tornam-se símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim o designarem [...] Embora saibamos haver diferença entre as palavras símbolo, tipo, alegoria, símile, e metáfora, as mesmas se relacionam de modo bastante íntimo de forma a serem combinadas aqui. Esta regra se aplica a todas elas...” (Princípios de Hermenêutica, p.129. EETAD. Por Raimundo de Oliveira). Observe a parte sublinhada. No livro: "Hermenêutica", dissertando sobre “tipo”, adverte: “Muitos abusos têm sido cometidos na interpretação de muitas cousas que parecem típicas no Antigo Testamento. Assim é que folgamos em aconselhar: 1º - Aceite-se como tipo o que como tal é aceito no Novo Testamento...”. (Hermenêutica, p.80. Por E. Lund / P.C. Nelson. Editora Vida). Observe a parte sublinhada. Exemplo de antítipo legitimado pelo NT: Jesus é a pedra que Moisés feriu com a vara para sair água. Passagem bíblica: “e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”. (1Co.10.4).

O fato é que isso tudo que narrei até aqui é produto de um erro de interpretação que parte de Guilherme Miller e que minhas dissertações a seguir não mudam nada sobre o santuário celestial, a sua doutrina bíblica de que Cristo, no momento de sua ascensão, entrou uma vez por todas (Hb.9.12,24-26 ARA), e sentado ao lado do Pai, intercede por nós como sumo sacerdote e advogado (Hb.7.25; 1Jo.2.1 ARA) até a sua vinda (Mt.24.30,31), onde não haverá morte, nem corrupção e nem pecado (1Jo.3.8; 1Co.15.51-57 ARA). Em que haverá o tribunal de Cristo (Rm.14.10; 2Co.5.10 ARA) para entrega de galardão (Ap.22.12; 1Co.3.8,14; 1Jo.1.8; Hb.10.35 ARA). O que desaparecerá é o erro de Guilherme Miller e sua copia modificada pelos pioneiros do adventismo fazendo antítipo do Dia da Expiação a entrada de Jesus Cristo no lugar santíssimo no santuário celestial para fazer purificação do santuário no ano de 1844. Cometendo um erro clássico de hermenêutica, que nos adverte: “2º - recorde-se que o tipo é inferior ao seu correspondente real e que, por conseguinte, todos os detalhes do tipo não têm aplicação à dita realidade [...] 4º - que os tipos, como as demais figuras, não nos foram dados para servir de base e fundamento das doutrinas cristãs...”. (idem). Observe a parte sublinhada.

A INTERPRETAÇÃO CORRETA

Esta profecia de Daniel fala de 2.300 tardes e manhãs para que o santuário seja purificado, isso equivale a 1.150 dias. O texto não diz 2.300 tardes e 2.300 manhãs e nem muito menos em 4600 tardes e manhãs, assim teríamos 2.300 dias. Porém o texto fala em 2.300 tardes e manhãs. Observe que os turnos (tarde e manhã) já estão somados, sendo: 1.150 tardes + 1.150 manhãs. Resultando obviamente em 1.150 dias. Se tiver dúvidas veja está minha planilha aqui (google drive) E observe na planilha que seus cálculos e fórmulas são precisos. De sorte que, se eu avançar para 1.151 dias ela vai resultar em 2.302 tardes e manhãs; e se eu recuar para 1.149 dias ela vai resultar em 2.298 tardes e manhãs. E se eu dobrar para 2.300 dias ela vai resultar em 4600 tardes e manhãs. O que dar uma disparidade com o texto de Daniel 8.14 que só fala de 2.300 tardes e manhãs.

POR QUE É ERRADO COMPARAR Gn.1.5,8,13,19,23 e 31 com Dn.8.14?

Porque a contagem de Gênesis é dos dias. Veja nos versos supracitados que cada dia é contado: 1,2,3,4,5,6, mas as tardes e manhãs permanecem como estão, na frase repetitiva: “e houve tarde e manhã”. Entretanto, em Daniel a contagem é das tardes e manhãs (que somam 2.300) e não dos dias. Portanto, é uma comparação indevida. Para ser equivalente teria que se contar as tardes e manhãs de Gênesis. Sendo cada turno metade de um dia de 24 horas, teremos: 12 + 12 + 12 + 12 + 12 + 12 (+ 6 tardes) 12 + 12 + 12 + 12 + 12 + 12 (+ 6 manhãs) = 144h, 12 tardes e manhãs. Assim se:






Agora é só encontrarmos o valor de “X”. Aplicando a equivalência, conforme figura abaixo:

EXEMPLIFICANDO...

Façamos um exemplo para você entender melhor porque Gênesis não se deve comparar diretamente com Daniel. Usemos a figura do atleta para exemplificar. Digamos que em Gênesis temos 6 atletas, e o texto afirma que cada um correu 2 km. Já em Daniel temos a quantidade de Km que correram todos os atletas (2.300 km). Deu para perceber que não dar para fazer uma comparação direta? Em Gênesis conta os atletas e quantidade de Km que correu cada um. Em Daniel não sabemos quantos atletas são, mas diz o total de Km que correu todos os atletas. Para que esta questão seja resolvida eu tenho que saber o total de Km que correu todos os atletas em Gênesis. A descoberta se faz somando os 2 km que correu cada atleta (assim: 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 = 12 km) ou multiplicando os atletas pelos os 2 km que correu cada um (6x2=12 km). Assim, sabendo quantos Km correram todos os atletas, podemos descobrir quantos atletas correram 2.300 km em Daniel. Formando a equivalência: Se 6 atletas correram juntos 12 km, X atletas correram juntos 2.300 km. Então o que falta fazer é saber o valor de “X”. Para isso basta repetirmos o mesmo procedimento feito na figura acima. Onde X será igual a 1.150 atletas.

POR QUE SÃO DOIS SACRIFÍCIOS DIÁRIOS?

Segundo o contexto do livro de Daniel 8 (v.13) é uma pergunta que envolve o sacrifício diário: “... Até quando durará a visão do sacrifício diário [...]?” (ARA). Obviamente a resposta no verso 14 vem com o número de holocaustos ou sacrifícios contínuos (2.300). Pois, havia o sacrifício da manhã e o da tarde continuamente (Exemplo: Nm.28.3-6; Ed.9.5; Dn.9.21, Hb.10.11 e Ed.3.3) o fogo do altar do holocausto tinha que ficar acesso continuamente (Lv.6.13). Esses sacrifícios feitos em 1.150 dias resultam em 2.300. Pois, são dois sacrifícios feitos por dia. Sendo 2x1.150, que resulta em 2.300 sacrifícios realizados em 2 turnos: tarde e manhã. Isto é, a profecia de Daniel 8.14 diz que levariam 1.150 dias de sacrifícios para que o santuário fosse purificado. Conforme explica e demonstra o dicionário bíblico: “Os regulamentos bíblicos cobrem tanto as ofertas nacionais e individuais como as ocasiões diárias e festivas. Os primeiros sacrifícios públicos com boa comprovação são os periódicos, a saber, a Festa dos Pães Asmos, a Festa das Primícias ou das Semanas, e a Festa da Colheita ou dos Tabernáculos [...] Com a primeira, a Páscoa estava ligada desde o princípio [...] e com a última, ligados os cerimoniais de renovação da aliança [...] e possivelmente os ritos de ano novo e de expiação [...] Uma completa tarifa de sacrifícios para as mesmas, e para observâncias adicionais, mensais (luas novas), semanais (sábados), e diárias (matinais e vespertinas), se encontra em Nm.28.2-29, podendo ser apresentada de forma tabular conforme damos nesta página”. (O Novo Dicionário da Bíblia, p.1439. Editor organizador: J. Douglas – Ph.D. Edições Vida Nova). Veja a tabela:














Sobre Hb.10.11 o comentarista bíblico escreve: “... Os sacrifícios de animais dos sacerdotes devem repetir-se a cada dia da vida e mesmo assim não são realmente eficazes. Cada dia enquanto o templo esteve de pé se deviam levar a cabo os seguintes sacrifícios matutinos e vespertinos (Números 28.3-8). Todas as manhãs e todas as tardes se oferecia como holocausto um cordeiro macho de um ano e sem defeito e nem mancha”. (Comentário Bíblico de William Barclay, p.123. Versão digital em pdf).

Sobre Dn.8.14 o comentarista bíblico escreve: “... Os 2.300 ‘dias’ são literalmente, manhãs-e-tardes, isto é, os holocaustos das manhãs e das tardes, e assim se referem na realidade a apenas 1.150 dias. Parecem se referir ao período de 168-165 A.C. quando o Templo foi profanado pelos sacrifícios pagãos”. (Comentário Bíblico Moody. Moody Bible Institute of Chicago, p.55. Versão digital em pdf). 

Outro comentarista bíblico diz: “A resposta é dada em termos do número de sacrifícios da tarde e da manhã que não seriam oferecidos [...] e, dividindo-se este número por dois pode-se chegar ao número de dias, ou seja, 1.150, durante os quais o santuário será profanado”. (Daniel, Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. Editora Vida Nova, p.166. Por Joyce G. Baldwin. Versão digital em pdf).

No livro adventista Nisto Cremos diz: “É chegada a hora do sacrifício da tarde. O sacerdote está em pé no pátio do templo de Jerusalém, pronto para oferecer um cordeiro como sacrifício”. (Nisto Cremos, p.408. Casa Publicadora Brasileira. Versão digital em pdf). Observemos aqui que, não é preciso ser um excelente exegeta para perceber que se há “hora do sacrifício da tarde” obviamente há outra hora do sacrifício da manhã. Os textos de Esdras 9.5 e Daniel 9.21 também usam esta mesma expressão. No mesmo livro citado nas “referências” da página 427 diz: “10. No sacrifício diário da manhã e da tarde, o sacerdote representa toda a nação”. (idem, p.428). É uma referência do comentário feito na página 412: “O ministério no lugar santo. O ministério sacerdotal no lugar santo do santuário poderia ser caracterizado como um ministério de intercessão, perdão, reconciliação e restauração. Sendo contínuo, provia contínuo acesso a Deus, através do sacerdote. 10”. (idem). O mesmo se diz no livro adventista Questões sobre Doutrina: “Os Sacrifícios da Manhã e da Tarde. Os sacrifícios da manhã e da tarde eram oferecidos cada dia do ano, sem exceção - mesmo na festa da Páscoa, no Pentecostes, no Dia da Expiação ou em qualquer outra festa especial. Por isso, chamavam-se sacrifícios ‘contínuos’". (Questões sobre Doutrina, p.382. Edição Anotada. Versão digital em pdf).

O verso 13 da Daniel 8 é a chave para o verso 14. Pois, um contém a pergunta e noutro a resposta. O texto fala nas traduções ARA, KJA e NVI de “sacrifício diário”; nas traduções ARC e ACF dizem “contínuo sacrifício”; na tradução BJ diz “sacrifício perpétuo” e na Bíblia Hebraica em português diz “oferenda diária”. Onde o verso 14 ARA responde: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Purificado de quê?

Existe um texto correlato a Dn.8.13, a pergunta chave da resposta no v.14, que é Dn.11.31. Donde o comentarista bíblico responde: “O extremo do sacrilégio está agora para ser cometido. O exército do rei do norte profanará o santuário e a fortaleza, uma só construção, agora fortificada para resistir a invasores. Eles darão fim no sacrifício costumado. pois as fortificações não conseguirão manter afastado o inimigo. O contínuo (hattamid) é o sacrifício diário, da manhã e da tarde, que havia sido instituído como uma exigência em Números 28:2-8. A intenção era impor à força o culto a outro deus, descrito como a abominação desoladora, a tradução literal de uma circunlocução hebraica usada pelo autor para expressar o seu desgosto, evitando toda menção do vil e desprezível nome”. (Daniel, Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. Editora Vida Nova, p.204. Por Joyce G. Baldwin. Versão digital em pdf).

Vejamos no livro apócrifo de 1ª Macabeus o relato da profanação e da purificação do santuário:

A PROFANAÇÃO:

“No dia quinze do mês Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, edificaram a abominação da desolação por sobre o altar [...] e no dia vinte e cinco do mês, sacrificavam no altar, que sobressaia ao altar do templo”. (1Macabeus 1.54,59 BAM) Temos aqui o dia 25 do mês Casleu de 145 (168 a.C em nosso calendário) como data de citação da profanação do santuário por Antíoco Epifânio IV, pois é nessa data que o sacrifício pagão passa a ser feito sob as influências de Epifânio e talvez seja esta a data em que o sacrifício diário judaico tenha sido retirado, interrompido. Esse rei é mencionado na profecia de Daniel como “chifre pequeno” (Dn.8.9 ARA) donde veio dentre os “os quatro chifres notáveis” (idem v.8 ARA). Esses quatro chifres são os quatro generais gregos que assumiram o poder após a morte de Alexandre, o chifre notável (Dn.8.5) Como ele não tinha filhos, o reino grego foi dado para esses quatro generais. Que foram: Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu. Confira estes fatos na narrativa da literatura apócrifa: “Alexandre havia reinado por doze anos quando morreu. Seus oficiais tomaram o poder, cada qual no lugar que lhe coube. Todos cingiram o diadema após a sua morte e, depois deles, seus filhos, durante muitos anos. E multiplicaram os males sobre a terra. Deles saiu aquele rebento ímpio, Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco. Ele tinha estado em Roma como refém e se tornara rei no ano cento e trinta e sete da dominação dos gregos*”. (1Macabeus 1.7-10 BJ, *no rodapé comenta “isto é, da era selêucidas”). Conforme consta no mapa aqui: http://www.wdl.org/pt/item/11739/view/1/1/ você pode observar que Seleuco ficou com Jerusalém. Com sua morte, veio ser chamado mais tarde de Império Selêucida. Onde Antíoco III, foi pai de Antíoco Epifânio IV e de Seleuco IV Filopáter, o bisavô deles chamava-se Antíoco II Theos que era o rei Selêucida. Antíoco III dominava a terra de Israel até então. Com sua morte, o reino selêucida é passado para Seleuco IV Filopáter, onde reinou por 12 anos. Entretanto, foi assassinado por Heliodoro. Então, Antíoco Epifânio IV, seu irmão, toma o poder do Império Selêucida. Portanto, Antíoco Epifânio IV vem dos quatro reinos gregos divididos: o reino Selêucida (conforme relata 1Macabeus 1.7-10 BJ). Sendo a principal referência profética relacionada como o “chifre pequeno” mencionado por Daniel 8.9 e é o realizador da profanação do Santuário mencionado em Daniel 11.31 e 8.11-13, onde no verso 14 tem a duração de suas atrocidades cometidas contra o povo judeu e contra o Santuário (2.300 tardes e manhãs). Que não tem qualquer relação com o “chifre pequeno” de Daniel 7, pois este vem do quarto reino (Roma) e aquele do terceiro reino (Grécia). Abraão de Almeida explica: “Convém salientar que o capítulo 7 de Daniel trata de todos os reinos dos gentios, enquanto que o oitavo se ocupa apenas do segundo e terceiro reino, ou seja, do medo-persa e do grego. Note-se que a ‘ponta mui pequena que cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa (Judá), e se engrandeceu até o exército do céu’ (sacerdotes judeus), (vv. 9 e 10), não saiu do quarto reino (Roma), mas de uma das pontas do terceiro (Grécia). Portanto, esta ponta não é a mesma do capítulo 7”. (Visões Proféticas de Daniel, p.61. Editora CPAD). Na Bíblia King James Atualizada Edição de Estudo quando fala sobre Daniel 8 diz: “O ‘pequeno chifre’ (v.9) aparece, não entre os dez chifres do quarto reino (o que ocorre em 7.8), mas, sim, de um dos quatro do terceiro reino. O chifre que ‘começou pequeno’ é Antíoco IV Epifânio”. (BKJ, p.1608; onde a Bíblia de Estudo NVI p. 1468 diz as mesmas palavras). E também no dicionário bíblico reitera: “O ‘chifre pequeno’ de Dn.8:9 e segs., não deve ser identificado com o de 7:24 e segs., (o anticristo) visto que não emergirá das quatro monarquias , e, sim, de uma divisão do terceiro. Historicamente, o pequeno chifre de Dn.8 foi Antíoco Epifânio, o perseguidor selêucida de Israel”. (O Novo Dicionário da Bíblia, p.390. Editor organizador: J. Douglas – Ph.D. Edições Vida Nova). Segundo Abraão de Almeida, Antíoco IV: “Ordenou que os judeus demonstrassem publicamente seu repúdio à religião de seus pais, violando as leis e as práticas ligadas a ela: que profanassem o sábado, as festividades e o santuário, construindo altares e templos aos ídolos pagãos; que sacrificassem carne de porco nos altares do templo e não circuncidassem seus filhos. O judeu que desobedecesse à palavra do rei seria morto”. (Visões Proféticas de Daniel, p.62. Editora CPAD).

A PURIFICAÇÃO:

“No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo, e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocaustos, que haviam construído. Foi no mesmo dia e à mesma data em que os gentios o haviam profanado, que o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, das harpas, das liras e dos címbalos”. (1Macabeus 4.52-54 BAM). Então o dia 25 do mês Casleu de 148 (165 a.C em nosso calendário), é a data da purificação do santuário. Segundo se comemora a festa de Hanuká ou Chanucá pelo povo judeu até hoje. Conhecida no NT como Festa da Dedicação (ver Jo.10.22 ARA) em memória a purificação do Santuário. Abraão de Almeida descreve: “Os atos de bravura dos Macabeus acabaram por vencer, no final de 165 a.C., definitivamente, as bem equipadas e esplendidamente treinadas tropas selêucidas. Antíoco, logo ao receber a notícia de que seus exércitos haviam sido irremediavelmente batidos, morreu de desgosto entre Elimaís e Babilônia. No vigésimo quinto dia de quisleu, de 165 a.C., Judas, o Macabeu, depois de purificar o templo, reconsagrou-o acendendo as lâmpadas do candelabro sagrado, ofereceu incenso no altar de ouro, levou oferendas ao altar dos sacrifícios e decretou que todos os anos o evento fosse comemorado, nascendo assim a ‘Chanukah”. (Visões Proféticas de Daniel, p.62,63. Editora CPAD). Observe na parte sublinhada se diz que Antíoco “morreu de desgosto”, um claro cumprimento profético de Dn.8.25 que diz que ele “será quebrado sem esforço de mãos humanas”. Narrando sobre a morte de Antíoco IV por uma grave enfermidade o comentarista Matthew Henry confirma esta profecia de Daniel (Comentário Bíblico, p.879. Por Matthew Henry. Antigo Testamento – Isaías a Malaquias. Edição completa. Editora CPAD). O historiador Flávio Josefo também faz menção sobre a purificação do santuário: “No dia vinte e cinco do mês de Casleu, que os macedônios chamam Apeleu, acenderam-se as luzes do candelabro, incensou-se o altar, colocaram-se os pães sobre a mesa e ofereceram-se holocaustos sobre o novo altar. Isto se deu no mesmo dia em que três anos antes o templo tinha sido indignamente profanado por Antíoco e abandonado. Tudo isso se havia passado no dia vinte e cinco do mês de Apeleu no ano cento e quarenta cinco e na Olimpíada cento e cinqüenta e três; essa renovação se fez no mesmo dia do ano cento e quarenta e oito e da olimpíada cento e cinqüenta e quatro, como o Profeta Daniel tinha predito, quatrocentos e oito anos antes, dizendo clara e distintamente que o templo seria profanado pelos macedônios” (História dos Hebreus, p.554,555. Por Flávio Josefo. Editora CPAD. Versão digital em pdf).

SE O TEMPO EM QUE ANTÍOCO IV PROFANOU O SANTUÁRIO DUROU 3 ANOS, COMO EXPLICAR A DIFERENÇA DE DIAS QUE FICAM PARA OS 1.150 DIAS PROFETIZADOS?

Bem, esta pergunta quer dizer na prática o seguinte: se 3 anos x 365 dias dar 1.095 dias onde entra os outros 55 dias que faltam para igualar a 1.150 dias? Esta problemática tem explicações que podemos chegar a conclusões razoáveis. Eu tenho cinco hipóteses:

HIPÓTESE I
Se tomarmos os 1.150 dias e dividirmos por 3 não teremos um número inteiro, mas um número decimal igual a 383,3333333333333. Isso significa que os 1.150 dias não são dias literais, mas proféticos. Baseados possivelmente no calendário judaico lunissolar com 13 meses. Este calendário é o único que adapta os 1.150 dias proféticos de Daniel 8.14. Pois, se a profecia for interpretada como 1.150 anos não nos levará a cumprimento profético algum. E a possibilidade de ser 2.300 dias já mostramos aqui que está fora de cogitação.

O calendário judeu tem 6 meses de 29 dias e 6 meses de 30 dias, tendo portando um ano de 354 dias, porém tem o ano de 13 meses, que cai após o mês Adar. Este 13º mês é de 29 dias adicionado após 12º mês resultando em um ano de 383 dias. O que caracteriza um calendário lunissolar. O calendário lunissolar foi adotado pelos judeus a partir do calendário grego, antes dos judeus serem dominados pelos gregos. Este calendário tem por base 354 dias lunares enquanto que o nosso é solar, tendo 365 dias e 6 horas. Ficando uma diferença de 11 dias e 6 horas. Assim, a cada 2 ou 3 anos é necessário aos judeus acrescentar um 13º mês de 29 dias (daí o termo lunissolar: depende da lua e do sol ao mesmo tempo). Eles fazem isso para poder ajustar o 1º mês do ano deles (Nissan) sempre com a primavera e manter fixas suas datas religiosas. Assim, como os 1.150 dias proféticos de Daniel 8.14 foram baseados em um ano judeu de 13 meses e não no tempo real onde ocorreram os fatos, tomemos o ano lunar de 354 dias acrescido do 13º mês de 29 dias teremos um tempo profético de 383 dias. Bem aproximado a média de 383,3333333333333 dias de 3 anos por 1.150 dias.

HIPÓTESE II
Usando os mesmos fatos sobre o calendário judeu mencionado na hipótese anterior. Os 1.150 dias poderiam ser realmente dias literais. Digamos que, hipoteticamente falando, o ano de 168 a.C., tempo em que Antíoco Epifânio IV cometeu todas as abominações contra o povo judeu e fez sacrifícios profanos no santuário deles, teria sido um ano de 13 meses (12º mês + 30 dias)? Tornando um ano embolísmico regular de 384 dias? E, como tudo estava fora de ordem devido Antíoco Epifânio IV ter interferido em toda a vida religiosa de Jerusalém, onde o calendário judeu é todo baseado na vida religiosa, os outros dois anos seguintes até 165 a.C., poderiam ter sido de 383 dias cujo mês de Casleu foi de 29 dias e não de 30. Tornando os 3 anos de 384 dias + 383 dias + 383 dias em 1.150 dias literais.

HIPÓTESE III
Tomando por base os fatos históricos narrados nesta minha dissertação sobre o Tempo da Purificação do Santuário, os 1.150 dias poderiam ser realmente dias literais. Pode ser que os 55 dias que faltam para se chegar a 1.150 dias questionados na pergunta feita acima (conforme cálculo 3 x 365 = 1095 – 1150 = -55) tenham ocorrido antes do dia 25 do mês Casleu de 168 a.C. Pois, no livro de 1Mac.1.19-24 BJ fala que no ano 143 (aproximadamente em 170 a.C) Antíoco Epifânio IV voltando vitorioso de uma batalha contra o Egito “subiu contra Israel e contra Jerusalém” e fez um verdadeiro saque no santuário levando todos os objetos sagrados e tesouros. E no verso 29 BJ diz que 2 anos depois, ou seja, em 145 (aproximadamente em 168 a.C) Antíoco Epifânio IV “com palavras enganosas” manda o encarregado dos impostos (o Misarca BJ, na BE diz “coletor”) e depois de ganhar a confiança do povo judeu, traiçoeiramente, faz uma chacina de muitos judeus, saqueia a cidade deixa-a em chamas e “derramaram sangue em redor do Santuário e ao Santuário profanaram”. (idem v.30-37 BJ). Este ocorrido é correlato com a descrição profética de Dn.8.10,11 ARC onde diz: “E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”. Se olharmos para a continuidade da desolação feita por ordem de Antíoco Epifânio IV vemos na narrativa que “Seu Santuário ficou desolado como um deserto” (idem v.39 BJ) e mais atrás diz que “Por sua causa fugiram os habitantes de Jerusalém” (idem v.38). Enfim, tudo indica aqui que o sacrifício diário já havia sido suspenso (conforme parte sublinhada acima), pois todos os utensílios dos serviços do santuário foram roubados e em momento algum se fala de “purificação do santuário” a não ser no capítulo 4 verso 52,53 já em 148 (aproximadamente em 165 a.C). Mesmo que conseguissem substituir os objetos sagrados do templo e seus utensílios por outros, como voltariam a fazer algum trabalho cerimonial do santuário ali depois disso tudo sem antes fazer a purificação do mesmo? Enfim, isto tudo ocorreu antes do dia 25 de Casleu do mesmo ano de 145 em que acontecimentos piores ocorrem por ordem de Antíoco Epifânio IV. Podendo ter ocorrido durante o mês Marchesvan (ou Heshvan) de 145 que, se for de 30 dias, e somados aos 25 dias de Casleu teremos os 55 dias que faltam. Sendo 55 + 1.095 (3x365 dias) = 1.150 dias.

HIPÓTESE IV
Esta hipótese segue o mesmo raciocínio e todos os fatos da III, sendo que, leva em conta a possibilidade de os 3 anos mencionados nesta dissertação tenham sido de ano judeu normal completo de 355 dias desconsiderando o ano solar de 365 dias usados no questionamento feito aqui para que nas hipóteses fosse respondido. Temos um total de 1.065 dias (3x355), para os 1.150 dias de Dn.8.14 restam ou faltam 85 dias. Creio que esta hipótese seria também possível de ocorrer. Suponhamos que os fatos narrados relacionados ao santuário, e já explanados na hipótese III, tenham acontecido a partir do mês de Tisri do mesmo ano de 145? Teríamos os 30 dias dele mais os 30 dias de Marchesvan (ou Heshvan, do ano judeu normal completo) mais os 25 dias do mês Casleu, encontraremos os 85 dias que faltam. Que somados aos 1.065 dias (dos 3 anos citados acima) teremos os 1.150 dias profetizados.

HIPÓTESE V
Esta última hipótese segue a mesma linha de pensamento da hipótese III e IV. Sendo que a base de suspensão do sacrifício diário ou holocaustos contínuos está no decreto que Antíoco deu (cf. 1Mac.1.41-50 BAM). Atenção para o verso 45: “suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo...”. E isto se narra antes do ocorrido dos dias 15 e 25 do mês Casleu do mesmo ano e do mesmo texto (idem v.54). Podendo, assim, a margem de dias que faltam entre os anos 168 e 165 a.C., período mais crítico da atrocidade de Antíoco contra o santuário judeu, ser completada pelos dias que antecederam. Levando-nos justamente ao total dos 1.150 dias profetizados em Dn.8.14. Dias em que o sacrifício diário ou holocaustos contínuos seriam suspensos, conforme disse a profecia: “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora”. (Dn.11.31 ARA). “Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo” (Dn.8.11 ARA). Veja as partes sublinhadas. Isso pôde ter se cumprido dias antes de se chegar ao verso 54 de 1Macabeus. Verso que data o início da contagem dos três anos narrados pelas referências citadas nesta minha dissertação.

CONCLUSÃO

Podemos criar várias outras hipóteses, o fato é que, o historiador Flávio Josefo e demais fontes citadas aqui, exceto o livro apócrifo de 1º Macabeus, se focaram em relatar a parte pior da história de Antíoco Epifânio IV que ocorreram entre os anos 145 a 148, que equivale aproximadamente aos anos 168 a 165 a.C de nosso calendário. Porém tudo ocorreu acertadamente dentro de 1.150 dias de sacrifícios diários ou holocaustos contínuos que foram suspensos.

Em momento algum deveríamos questionar a profecia bíblica e nem a pessoa do profeta Daniel, que teve revelações e visões quando cativo na Babilônia (a partir de 605 a.C.), ele previu a história das grandes nações que influenciaram o mundo (Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma: cf. Dn.2.31-33; 7.4-8) muito antes dela ter acontecido, bem como o futuro reino mundial tenebroso que controlará este mundo temporariamente (os pés de ferro e barro: cf. Dn.2.41-43; o chifre pequeno de Dn.7.8; Ele – o príncipe que virá: Dn.9.27 c/c 26 ARA) e a vinda do Messias para governar sobre este mundo (a pedra que cai e destrói este reino: cf. Dn.2.34,35,44). Previu, inclusive, a reconstrução da cidade de Jerusalém (que em sua época foi destruída juntamente com o santuário); a unção de Jesus; sua morte; a destruição da cidade e do santuário judeu. Conforme narra na Bíblia Hebraica em português: 

“Saiba e compreenda: desde a proclamação da ordem para restaurar e reedificar Jerusalém até que seja ungido um príncipe, passar-se-ão 7 períodos e 62 períodos será reconstruída com suas praças e seus fossos, enfrentando tempos difíceis. E depois dos 62 períodos será abatido o ungido e não haverá outro; o povo do monarca que virá destruirá a cidade e o Santuário...” (Dn.9.25a,26). 

Textos posteriores comprovam esta profecia:

ORDEM PARA RESTAURAR E REEDIFICAR JERUSALÉM...
A ordem para restaurar e reedificar Jerusalém sai das mãos de Artaxesxes I no ano de 445 a.C ao seu copeiro: Neemias, que roga por Jerusalém. Conforme narra a Bíblia Hebraica em português: “... envia-me a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu possa reedificá-la”. (Ne.2.5b). Data confirmada por várias obras, como: Enciclopédia de Apologética, por Norman Gaisler, p.714, versão digital em pdf – Comentário Bíblico Moody, Moody Bible Institute of Chicago, p.61, versão digital em pdf – Daniel, Introdução e Comentário, por Joyce G. Baldwin, p.178 e 185, Série Cultura Bíblica, Editora Vida Nova, versão digital em pdf – Comentário Bíblico Africano, escrito por 70 eruditos africanos, p.1049. Editora Geral, versão digital em pdf – Novo Dicionário da Bíblia, por John Davis, p.53, Editora Hagnos, versão digital em pdf – O Novo Dicionário da Bíblia, p.390, 1104. Editor organizador: J. Douglas, Ph.D. Edições Vida Nova – Bíblia de Estudo John MacArthur, p.1092, Sociedade Bíblica do Brasil – etc.

ATÉ QUE SEJA UNGIDO UM PRÍNCIPE...
A manifestação pública de Jesus e sua unção recebida pelo Espírito de Deus. Conforme narra Lucas: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério...”. (Lc.3.21-23). Fato ocorrido aproximadamente em 30 d.C.

SERÁ ABATIDO O UNGIDO...
A morte de Jesus se dá, conforme diz a tradição cristã, três anos mais tarde, narrada por Mateus 27; Marcos 15; Lucas 23 e João 19. Fato ocorrido aproximadamente em 33 d.C.

E O POVO DO MONARCA QUE VIRÁ DESTRUIRÁ A CIDADE E O SANTUÁRIO...
E por fim a destruição de Jerusalém e do templo que foi confirmada por Jesus, Segundo Lucas, Jesus falou disto: “Falavam alguns a respeito do templo, como estava ornado de belas pedras e de dádivas; então, disse Jesus: Vedes estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada [...] Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação [...] Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”. (Lc.21.5,6,20,21). Fato ocorrido em 70 d.C.

Sola Scriptura!


ARA – Almeida Revista e Atualizada

ARC – Almeida Revista e Corrigida

ACF – Almeida Corrigida Fiel

KJA – King James Atualizada Edição de Estudo

NVI – Nova Versão Internacional – Bíblia de Estudo

Bíblia Hebraica em português. Editora e Livraria Sêfer Ltda.

BJ – Bíblia de Jerusalém Nova edição, revista. Edições Paulinas. Edição 1973

BAM – Bíblia Ave Maria, Editora Ave Maria, 42ª edição. Edição Claretiana 1982

BE – Bíblia Ecumênica – Bíblia de Estudo. Edições Loyola

O Novo Dicionário da Bíblia. Editor organizador: J. Douglas – Ph.D. Edições Vida Nova

História dos Hebreus. Por Flávio Josefo. Editora CPAD. Versão digital em pdf

Visões Proféticas de Daniel. Por Abraão de Almeida. Editora CPAD

Daniel, Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. Editora Vida Nova. Por Joyce G. Baldwin. Versão digital em pdf

Comentário Bíblico Moody. Moody Bible Institute of Chicago. Versão digital em pdf

Comentário Bíblico de William Barclay. Versão digital em pdf

Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida. Edição 2000, por George A. Mather e Larry A. Nichols

Desmascarando as Seitas, por Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro. Editora CPAD. Edição 1996

Nisto Cremos, Casa Publicadora Brasileira. Versão digital em pdf

Hebreus, Introdução e Comentário, por Donald Guthrie. Série Cultura Bíblica. Mundo Cristão. Versão digital em pdf

Questões sobre Doutrina. Edição Anotada. Versão digital em pdf

Enciclopédia de Apologética, por Norman Gaisler, versão digital em pdf

Comentário Bíblico Africano, escrito por 70 eruditos africanos. Editora Geral, versão digital em pdf

Novo Dicionário da Bíblia, por John Davis. Editora Hagnos, versão digital em pdf

Princípios de Hermenêutica, p.129. EETAD. Por Raimundo de Oliveira

Hermenêutica. Por E. Lund / P.C. Nelson. Editora Vida

Comentário Bíblico. Por Matthew Henry. Antigo Testamento – Isaías a Malaquias. Edição completa. Editora CPAD

Planilha Excel, da Microsof

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