quinta-feira, 13 de novembro de 2014

SOLA FIDE (somente a fé)
















“Reafirmamos que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé e somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser Igreja, mas negue ou condene o princípio da sola fide, possa ser reconhecida como Igreja legítima”.

Os reformadores confrontaram os pensamentos errados de sua época sobre a doutrina da santificação com base na Bíblia Sagrada. E nela encontraram que:

A justificação é diferente da santificação.

Itamir Neves escreve:

... muitos cristãos estão tentando sem resultados favoráveis viver corretamente diante de Deus. Com esforço tentam ganhar méritos diante de Deus, mas a experiência prática lhes mostra a incapacidade e a impossibilidade de viver corretamente diante de Deus por suas próprias forças. Falta-lhes entender o papel fundamental da fé. (Raízes da Nossa Fé - RTM, P.51).

Infelizmente, ainda há cristãos em nossos dias lutando para ser aceito por Deus enquanto que as Escrituras nos ensinam que somos aceitos pela fé em Jesus Cristo. Basta apenas lermos alguns trechos da Bíblia para tirarmos essa conclusão. Vejamos:

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Rm.3.21-26).

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. (idem v.28).

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Ef.2.8,9).

Dizem que foi Martinho Lutero que escreveu isso: “Quando estamos em Cristo somos justificados, quando Cristo está em nós somos santificados”. 

A justificação lida quanto ao estado de um homem perante Deus. A Bíblia nos diz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm.5.1). A santificação é um processo que começa da entrega que foi feita a Cristo e dura até o fim da vida. Quando será completada por Deus (Cf.Hb.10.10,14; 1Co.1.2).

Conceitos teológicos sobre fé:

a. A fé é definida na Bíblia como “confiança” na seguinte passagem: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome de Yahveh, nosso Deus”. (Sl.20.7). Onde “gloriaremos” sofre os efeitos da polissemia;

b. A fé é definida na Bíblia como “certeza” e “convicção” na seguinte passagem: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. (Hb.11.1). Certeza de que as promessas de Deus serão concretizadas. E convicção disso, mesmo não vendo;

c. A fé é caracterizada como uma busca por Deus e uma conseqüente recompensa: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Hb.11.6;

d. A fé é caracterizada como uma necessidade para a salvação (Ef.2.8,9), para justificação (Rm.5.1), para a realização de milagres (Mc.10.52; Mt.8.13). Porém a fé não faz o milagre acontecer. Os milagres contidos na Bíblia são de autoria divina (Is.42.8; 44.24). Há casos em que a fé não foi necessária para o milagre acontecer: A cura do cego de nascença (Jo.9.1-7), o deficiente junto ao tanque de Betesda (Jo.5.5-9), a multiplicação dos pães (Mt.14.15-21) e etc. Fazendo uma ilustração para entendermos melhor esta conceituação, vamos falar de energia elétrica. Existe a energia elétrica e os condutores de eletricidade (ferro, cobre, água). Digamos que a energia elétrica é a vontade de Deus e os condutores sejam a fé. Veja bem, para chagar energia elétrica em sua casa precisa-se dos fios condutores? Sim, sem os condutores de eletricidade não tem como chegar energia elétrica em nossa casa. Para que algo que pedimos a Deus seja dado por ele devemos ter a fé para receber. O fato de possuir condutores de eletricidade faz a energia elétrica existir? Não, os condutores de eletricidade não possuem energia própria. Como o nome já diz, são apenas “condutores”. A fé não possui poder próprio. Sem a vontade de Deus não há milagres, bênçãos ou qualquer outra coisa. A energia elétrica depende dos condutores de eletricidade? Não, os condutores apenas conduzem a energia. Eles não transformam a energia, não guardam e nem geram energia. A fé não pode criar respostas divinas positivas para nossas orações. A fé apenas conduz a vontade de Deus até nós. Seja ela sim ou não. A vontade de Deus é soberana e independente.

e. A fé é caracterizada como única. A divisão feita da fé como “dom” espiritual (1Co.12.9), como dom “salvífico” (Ef.2.8) e até como “confissão de fé” (Fp.1.27) acontece apenas para estudarmos melhor o assunto. A Bíblia nos admoesta a mantermos uma só fé: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. (Ef.4.4-6). Esta fé foi entregue ao povo de Deus arrependido separado para Ele (Jd.3).

f. A fé não é uma força que emana poderes sobrenaturais influenciando Deus para abençoar as pessoas. Este conceito de fé é totalmente pagão. Deus é totalmente independente de influências externas: “... terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer”. (Êx.33.19). Claro que essa passagem não fecha a questão, pois a Bíblia também tem passagens que mostram Deus incentivando o seu povo a orar e a buscar as suas bênçãos (Mt.7.7; Lc.11.9; Jo.16.24; Jr.33.3; 2Cr.7.14,15; Sl.2.8 e etc.). Entretanto, essa passagem, retira o mito ou a superstição criado em torno da fé.

g. A fé é princípio básico de todo relacionamento com Deus. É base para todas as orações e súplicas. É Impossível alguém orar sem fé. No mínimo esta pessoa é maluca. Pois ninguém de mente sã iria falar ou si dirigir em oração a um ser invisível (que é Deus) e cientificamente incapaz de ser provada a sua existência se não fosse pela fé. A Bíblia frisa claramente isso: “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia...”. Sem fé não há adoração, oração, clamor ou súplica. Se um ser humano faz uso de práticas devocionais ou espirituais é porque ele tem fé.

h. A fé possui níveis de maturidade. Jesus considerou a fé de algumas pessoas como “pequena” (Mt.6.30; 8.26; 14.31; 16.8; Lc.12.28), e de outras deixou subentendido como “grande” (Mt.8.10; Lc.7.9). Essas passagens que classificam a fé como pequena não se referem literalmente ao tamanho. De acordo com a palavra grega usada “oligopistos” (pequena fé ou pouca confiança) e com o contexto de cada passagem, Jesus estava considerando a fé das pessoas abordadas como uma fé que estava iniciando, uma fé imatura. Existe outra passagem em que Jesus fala de fé pequena (Mt.17.20), em que é usada outra palavra grega – “apistia” (infidelidade, incredulidade, falta de fé, descrença, fraqueza de fé). De acordo com o contexto, Cristo estava respondendo a indagação dos discípulos (v.19), que para aquele caso só a fé deles não era o suficiente. Eles tinham que estar em oração (v.21 ou na narrativa de Mc.9.29). Ele garante que a fé, mesmo pequena, pode mudar os montes (v.20). Na Bíblia de estudo NVI reitera isso explicando a fé pequena em Mt.17.20: “Não tanto a quantidade da sua fé, quanto a sua qualidade – fé acompanhada de oração”. Ou seja, a fé pequena dos discípulos era “pequena” no sentido de “sem qualidade”.

i. A fé é vem pela palavra de Cristo ou proclamação de Cristo (Rm.10.17). Dentro do coração do ser humano há um senso de Deus ou senso religioso, entretanto esse senso está encoberto pelo pecado (2Co.4.3), impedindo-o de ter entendimento do evangelho (2Co.4.4). Mas quando o evangelho, a Palavra de Deus chega ao coração vem a fé. E com a ela o entendimento humano bloqueado por Satanás é liberto e assim o ser humano volta-se confiante para Deus sob sua graça proveniente (Rm.1.16; Jo.8.32; 1Jo.5.4b,5). Porém, existe a possibilidade deste ser humano liberto apostatar de sua fé. Por isso ficarei devendo aqui falar sobre perseverança.

O distanciamento atual da doutrina sola fide.

Itamir Neves escreve: 

A Igreja Romana tinha se afastado da verdade de que somente pela fé em Jesus Cristo poderíamos ser reconciliados com Deus. O ensino que ministravam era contrário ao evangelho de Jesus [...] ensinava que o perdão podia ser comprado com dinheiro e a salvação poderia se adquirida através de méritos dos santos [...] mais triste ainda é observarmos que ainda hoje além de constatarmos a existência da fé nos milagres, isto é, fé que acredita que Deus vai fazer milagres por intermédio de objetos consagrados, temos a fé que aceita Jesus, mas requer algo mais, como por exemplo, campanhas, contribuição financeira e outras tantas exigências que complementariam aquilo que Jesus já fez”. (Raízes da Nossa Fé – RTM, P.51,52).

Assim como no passado a Igreja Romana afastou-se da justificação pela fé somente, hoje a Igreja Evangélica brasileira tem se afastado da oração pela fé somente.

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