domingo, 1 de novembro de 2020

AS CINCO SOLAS DA REFORMA PROTESTANTE


Olá pessoal aqui do blog, tudo bem com vocês? Que todos estejam bem, e que Deus seja grandemente glorificado em vossas vidas. Hoje farei uma homenagem ao dia da reforma protestante deixando a disposição esse texto que ministrei na igreja quando eu falava sobre o tema. Que este texto possa firmar os marcos deixados pela igreja reformada e que possa despertar muitos evangélicos do sono da conivência. Boa leitura para todos.

SOLUS CHRISTUS (somente Cristo)

“Reafirmamos que a nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediadora do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação, por si só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e em sua obra não estiver sendo invocada”.

Os reformadores confrontaram os pensamentos errados de sua época com base na Bíblia Sagrada. E nela encontraram que:

APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO PODE TRAZER SALVAÇÃO AO PECADOR.

Salvação: restaurar o que a queda causou a humanidade (Cf. 1Pe.1.9,10; Jim.3.15). Pecador: Todos os humanos que nascem e vivem com uma natureza pecaminosa, que os faz transgredir a lei divina, desobedecer à vontade de Deus (Cf. Rm.3.23). Jesus, como homem e como Deus trouxe a salvação. Começando com a oferta de si próprio para a redenção (Tt.2.14).

Ele próprio declarou-se como:

Único caminho, verdade e vida (Cf. Jo.14.6); único que pode dar vida (Cf. Jo.15.5,6); único salvador (Jo.8.24). Reiterado por Pedro quando disse: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. (At.4.12).

APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É O MEDIADOR ENTRE A HUMANIDADE E DEUS.

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” (1 Timóteo 2.5).

Jesus, na qualidade divina e humana, é o único que pode fazer verdadeiramente a intercessão entre as partes divergentes: Deus e humanidade. Houve muitos mediadores no Antigo Testamento, mas, nenhum deles pôde ser plenamente mediador. Como eram apenas homens, não podiam ver e sentir como Deus a vida humana, não podia permanecer no ofício, pois eram mortais. E na qualidade de homens, não eram perfeitos, por serem pecadores. Cristo, porém, como homem perfeito e Deus verdadeiro, desvencilhou a continuidade de mediadores, sendo ele plenamente mediador de uma Nova Aliança (Cf. Hb.9.1-26; 10.1-18).

APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É RELIGIÃO DA HUMANIDADE PARA COM DEUS.

Sabemos que a palavra “religião” tem em sua etimologia o significado de “religar”. Como Lactâncio (séc. III e IV d.C.) afirmava que religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus. Agostinho de Hipona (séc. IV d.C.) reafirmou essa interpretação.

Cristo, e somente ele, é capaz de fazer com que o homem se chegue a Deus, não com suas obras ou esforços para conseguir voltar-se a Deus, mas, com a vida de Cristo. Como relata Paulo em Romanos 3.21-26; 9.16 e Efésios 2.8,9. Portanto, “religião” não é uma crença, ou uma denominação religiosa, “religião” é JESUS CRISTO.

APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É SUFICIENTE PARA QUE ALGUÉM TENHA O PERDÃO DE SEUS PECADOS.

A religiosidade ensina que é necessário fazer muitas coisas para que o pecado seja reparado. No catolicismo é necessário que o católico faça penitência por seus pecados, receba do padre os benefícios da igreja romana, e ainda após a morte, tem que passar por um lugar, espúrio à luz da Bíblia, chamado “purgatório”. No espiritismo é necessário que o espírita passe por várias encarnações para que seja purificado de seus pecados. Para o islamismo, a maioria dos muçulmanos aceita a ideia da existência do purgatório. Entretanto, o inferno não é para eles, mas para os nãos muçulmanos. A ideia de pecado é meio fosca no islamismo. Afinal, Deus decreta o destino de cada ser humano. Deus não tem nenhuma obrigação moral, pois isto limitaria seu poder e soberania. Tudo acontece é porque Deus assim o quis. Deus é o autor do mal.

Com Jesus, tudo é diferente, o ser humano é autor de seus pecados e responderá por eles perante Deus, e não obterá o perdão. A não ser que se entregue a Ele: Jesus. E o tenha como seu salvador pessoal (Cf. Rm.10.9; Mc.16.16; Lc.12.8; 1Jo.4.14-16).

SOLA FIDE (somente a fé)

“Reafirmamos que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé e somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser Igreja, mas negue ou condene o princípio da sola fide, possa ser reconhecida como Igreja legítima”.

Os reformadores confrontaram os pensamentos errados de sua época sobre a doutrina da santificação com base na Bíblia Sagrada. E nela encontraram que:

A JUSTIFICAÇÃO É DIFERENTE DA SANTIFICAÇÃO.

Itamir Neves escreve:

“... Muitos cristãos estão tentando sem resultados favoráveis viver corretamente diante de Deus. Com esforço tentam ganhar méritos diante de Deus, mas a experiência prática lhes mostra a incapacidade e a impossibilidade de viver corretamente diante de Deus por suas próprias forças. Falta-lhes entender o papel fundamental da fé”. (Raízes da Nossa Fé - RTM, P.51).

 O Catecismo Maior de Westminster, p.92, 93. Editora Cultura Cristã:

“Ainda que a santificação seja inseparavelmente unida com a justificação, contudo elas diferem nisto: na justificação, Deus imputa a justiça de Cristo; e na santificação, o seu Espírito infunde a graça e dá forças para exercê-la. Na justificação, o pecado é perdoado; na santificação, ele é subjugado; aquela liberta todos os crentes, igualmente, da ira vindoura de Deus, e isto perfeitamente nesta vida, [...]; esta não é igual a todos os crentes, e nesta vida não é perfeita em crente algum, mas vai crescendo para a perfeição”.

Podemos assim dizer que a justificação é a única experiência completa na vida do cristão, quanto ao seu estado perante Deus por causa de Cristo e não quanto ao seu estado próprio, pois este se aperfeiçoa com a santificação; é na glorificação do corpo que teremos a plenitude da redenção:

“E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” (Romanos 8:23).

“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” (Efésios 4:30).

Infelizmente, ainda há cristãos em nossos dias lutando para ser aceito por Deus enquanto que as Escrituras nos ensinam que somos aceitos pela fé em Jesus Cristo. Basta apenas lermos alguns trechos da Bíblia para tirarmos essa conclusão. Vejamos:

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Rm.3.21-26).

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. (idem v.28).

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. A fé não é um fim em se mesmo”. (Ef.2.8,9).

Dizem que foi Martinho Lutero que escreveu isso: “Quando estamos em Cristo somos justificados, quando Cristo está em nós somos santificados”.

A justificação lida quanto ao estado de um homem perante Deus. A Bíblia nos diz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm.5.1). A santificação é um processo que começa da entrega que foi feita a Cristo e dura até o fim da vida. Quando será completada por Deus (Cf.Hb.10.10,14; 1Co.1.2).

CONCEITOS TEOLÓGICOS SOBRE FÉ:

a) A fé é definida na Bíblia como “confiança” na seguinte passagem: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome de Yahveh, nosso Deus”. (Sl.20.7). Onde “gloriaremos” sofre os efeitos da polissemia;

b) A fé é definida na Bíblia como “certeza” e “convicção” na seguinte passagem: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem”. (Hb.11.1). Certeza de que as promessas de Deus serão concretizadas. E convicção disso, mesmo não vendo;

c) A fé é caracterizada como uma busca por Deus e uma consequente recompensa: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Hb.11.6;

d) A fé é caracterizada como uma necessidade para a salvação (Ef.2.8,9), para justificação (Rm.5.1), para a realização de milagres (Mc.10.52; Mt.8.13). Porém a fé não faz o milagre acontecer. Os milagres contidos na Bíblia são de autoria divina (Is.42.8; 44.24). Há casos em que a fé não foi necessária para o milagre acontecer: A cura do cego de nascença (Jo.9.1-7), o deficiente junto ao tanque de Betesda (Jo.5.5-9), a multiplicação dos pães (Mt.14.15-21) e etc. Fazendo uma ilustração para entendermos melhor esta conceituação, vamos falar de energia elétrica. Existe a energia elétrica e os condutores de eletricidade (ferro, cobre, água). Digamos que a energia elétrica é a vontade de Deus e os condutores sejam a fé. Veja bem, para chagar energia elétrica em sua casa precisa-se dos fios condutores? Sim, sem os condutores de eletricidade não tem como chegar energia elétrica em nossa casa. Para que algo que pedimos a Deus seja dado por ele devemos ter a fé para receber. O fato de possuir condutores de eletricidade faz a energia elétrica existir? Não, os condutores de eletricidade não possuem energia própria. Como o nome já diz, são apenas “condutores”. A fé não possui poder próprio. Sem a vontade de Deus não há milagres, bênçãos ou qualquer outra coisa. A energia elétrica depende dos condutores de eletricidade? Não, os condutores apenas conduzem a energia. Eles não transformam a energia, não guardam e nem geram energia. A fé não pode criar respostas divinas positivas para nossas orações. A fé apenas conduz a vontade de Deus até nós. Seja ela sim ou não. A vontade de Deus é soberana e independente.

e) A fé é caracterizada como única. A divisão feita da fé como “dom” espiritual (1Co.12.9), como dom “salvífico” (Ef.2.8) e até como “confissão de fé” (Fp.1.27) acontece apenas para estudarmos melhor o assunto. A Bíblia nos admoesta a mantermos uma só fé: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. (Ef.4.4-6). Esta fé foi entregue ao povo de Deus arrependido separado para Ele (Jd.3).

f) A fé não é uma força que emana poderes sobrenaturais influenciando Deus para abençoar as pessoas. Este conceito de fé é totalmente pagão. Deus é totalmente independente de influências externas: “... terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer”. (Êx.33.19). Claro que essa passagem não fecha a questão, pois a Bíblia também tem passagens que mostram Deus incentivando o seu povo a orar e a buscar as suas bênçãos (Mt.7.7; Lc.11.9; Jo.16.24; Jr.33.3; 2Cr.7.14,15; Sl.2.8 e etc.). Entretanto, essa passagem, retira o mito ou a superstição criado em torno da fé.

g) A fé é princípio básico de todo relacionamento com Deus. É base para todas as orações e súplicas. É impossível alguém orar sem fé. No mínimo esta pessoa é maluca. Pois ninguém de mente sã iria falar ou si dirigir em oração a um ser invisível (que é Deus) e cientificamente incapaz de ser provada a sua existência se não fosse pela fé. A Bíblia frisa claramente isso: “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia...”. Sem fé não há adoração, oração, clamor ou súplica.

h) A fé possui níveis de maturidade. Jesus considerou a fé de algumas pessoas como “pequena” (Mt.6.30; 8.26; 14.31; 16.8; Lc.12.28), e de outras deixou subentendido como “grande” (Mt.8.10; Lc.7.9). Essas passagens que classificam a fé como pequena não se referem literalmente ao tamanho. De acordo com a palavra grega usada “oligopistos” (pequena fé ou pouca confiança) e com o contexto de cada passagem, Jesus estava considerando a fé das pessoas abordadas como uma fé que estava iniciando, uma fé imatura. Existe outra passagem em que Jesus fala de fé pequena (Mt.17.20), em que é usada outra palavra grega – “apistia” (infidelidade, incredulidade, falta de fé, descrença, fraqueza de fé). De acordo com o contexto, Cristo estava respondendo a indagação dos discípulos (v.19), que para aquele caso só a fé deles não era o suficiente. Eles tinham que estar em oração (v.21 ou na narrativa de Mc.9.29). Ele garante que a fé, mesmo pequena, pode mudar os montes (v.20). Na Bíblia de estudo NVI reitera isso explicando a fé pequena em Mt.17.20: “Não tanto a quantidade da sua fé, quanto a sua qualidade – fé acompanhada de oração”. Ou seja, a fé pequena dos discípulos era “pequena” no sentido de “sem qualidade”.

i) A fé vem pela palavra de Cristo ou proclamação de Cristo (Rm.10.17). Dentro do coração do ser humano há um senso de Deus ou senso religioso, entretanto esse senso está encoberto pelo pecado (2Co.4.3), impedindo-o de ter entendimento do evangelho (2Co.4.4). Mas quando o evangelho, a Palavra de Deus chega ao coração vem a fé. E com a ela o entendimento humano bloqueado por Satanás é liberto e assim o ser humano volta-se confiante para Deus sob sua graça proveniente (Rm.1.16; Jo.8.32; 1Jo.5.4b,5).

O DISTANCIAMENTO ATUAL DA DOUTRINA SOLA FIDE.

Itamir Neves escreve:

“A Igreja Romana tinha se afastado da verdade de que somente pela fé em Jesus Cristo poderíamos ser reconciliados com Deus. O ensino que ministravam era contrário ao evangelho de Jesus [...] ensinava que o perdão podia ser comprado com dinheiro e a salvação poderia se adquirida através de méritos dos santos [...] mais triste ainda é observarmos que ainda hoje além de constatarmos a existência da fé nos milagres, isto é, fé que acredita que Deus vai fazer milagres por intermédio de objetos consagrados, uma fé que aceita Jesus, mas requer algo mais, como por exemplo, campanhas, contribuição financeira e outras tantas exigências que complementariam aquilo que Jesus já fez”. (Raízes da Nossa Fé – RTM, P.51,52).

Assim como no passado a Igreja Romana afastou-se diretamente da justificação pela fé somente, hoje a Igreja Evangélica brasileira tem se afastado da oração pela fé somente.

SOLA GRATIA (somente a graça)

“Reafirmamos que, na salvação, somos resgatados da ira de Deus unicamente pela graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e nos erguendo da morte espiritual à vida espiritual. Negamos que a salvação seja, em qualquer sentido, obra humana. Os métodos, as técnicas e/ou estratégias humanas, por si só, não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não regenerada”.

GRAÇA NA LÍNGUA ORIGINAL DA BÍBLIA:

NT grego – dorean (gratuitamente, não merecido), charis (graça, boa vontade, amável bondade, favor, gratidão), charisma (favor que alguém recebe sem qualquer mérito, dom da graça divina, graça ou dons).

Exemplos:

“sendo justificados gratuitamente [dorean], por sua graça [charis], mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. (Rm.3.24).

“O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça [charisma] transcorre de muitas ofensas, para a justificação”. (Rm.5.16).

AT hebraico – chen (favor, graça, charme), chanan (ser gracioso, mostrar favor, ser misericordioso ou ser repugnante), chinnam (de graça, por nada, sem causa).

Exemplos:

“Porém Noé achou graça [chen] diante do SENHOR”. (Gn.6.8).

“... Deus te conceda graça [chanan], meu filho”. (Gn.43.29).

“Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça [chinnam]”. (Êx.21.2).

DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DA GRAÇA

Graça: receber o que não merecemos (ex.: salvação). Misericórdia: Não receber o que merecemos (ex.: condenação).

CONCEITOS TEOLÓGICOS DA GRAÇA

a) Graça livre ou salvadora: é a graça disponível a todos os homens: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”. (Tt.2.11). Segundo o pensamento arminiano, no sentido “provisional”, está disponível a todos os homens. Todavia, só torna eficaz naquele que se rende a Cristo:

"Agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado para toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro". (Cl.1.22,23).

b) Graça comum: é a graça manifesta a todos os homens sem que lhe traga salvação. Mas, apenas lhes concede provisões para viver. Sejam cristãos ou ímpios todos são agraciados por essa graça. Berkhof em sua Teologia Sistemática (p.428):

“Ela aparece [...] nas bênçãos naturais que Deus derrama sobre o homem na presente vida, apesar do fato de que o homem perdeu o direito a elas e se acha sob sentença de morte. A obra da graça divina se vê em tudo que Deus faz para restringir a devastadora influência e desenvolvimento do pecado no mundo, e para manter, enriquecer e desenvolver a vida da humanidade em geral e dos indivíduos componentes da raça humana”.

As Escrituras nos ensinam: “... ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. (Mt.5.45)

c) Graça proveniente: é a graça que anteveem a rendição do pecador a Cristo. É-lhe manifesta para que possa crer e responder livremente ao chamado divino. Se assim não fora, o ser humano em depravação total, jamais responderia. No livro Documentos da Igreja Cristã (p.98), numa citação do concílio de Orange, 529 d.C., encontramos:

“... Através do pecado de Adão, nossa liberdade foi depravada e debilitada a tal ponto que, sem a graça da prevenção [praeveniret] misericordiosa de Deus, ninguém poderia amar a Deus como convém, nem crer nele; nem fazer o que é reto...”.

Encontramos nas Escrituras:

"Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se para a Galiléia [...] nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios! O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus". (Mt.4.12-17).

d) Graça irresistível e resistível: Uma é a graça que, segundo a crença calvinista, todo que recebe jamais rejeita. Outra é que em graça proveniente, segundo o pensamento arminiano, é possível o pecador rejeitá-la.

A MATEMÁTICA DA GRAÇA

Jesus nos conta uma parábola intrigante, onde visa revelar a graça divina. (cf. Mt.20.1-16). Nessa matemática não existe o melhor. Como nos ensina Paulo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Ef.2.8,9).

Por tudo isso, é inadmissível alguém possuir mérito em sua salvação. A graça nos basta. É suficiente para a salvação do pecador.

"Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo". 2Co.12.8,9

SOLI DEO GLORIA (a glória somente a Deus)

“Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver a nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para a sua glória somente. Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se o nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos o evangelho e nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a autoestima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho”.

Vivemos num mundo de busca pela glória própria. As mensagens nas redes sociais de satisfação por alguém ter conseguido algo é: “Parabéns, você merece”. O mundo se esqueceu de Deus, e de dar-lhe a glória devida. Digo o “mundo” os homens que nele habitam. Pois, a natureza louva ao seu criador, “Os céus proclamam a glória de Deus” (Sl.19.1), a Bíblia nos informa: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. (Sl.90.2). As pessoas se esqueceram desse detalhe. Entretanto, no Dia de Cristo, tudo será revelado, e Deus será exaltado:

"Ruja o mar e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam. Os rios batam palmas, e juntos cantem de júbilo os montes, na presença do SENHOR, porque ele vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com equidade. Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra. O SENHOR é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos". (Sl.98.7-9; 99.1,2).

A Igreja Cristã Reformada estabeleceu esse pilar da fé porque a glória de Deus foi dividida com a glória humana e de imagens de escultura. Russell Shedd, no livreto Raízes da Nossa Fé (P.62) escreve:

"A Reforma do século XVI teve o objetivo de confrontar a doutrina da supremacia da Igreja Católica Romana e do seu 'todo-poderoso', o 'cabeça', o Papa, visando a doutrina correta que afirma que o trono pertence somente a Deus".

No Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã (p.76) está escrito:

“Que diferença há entre o culto que prestamos a Deus, e o culto que prestamos aos santos? Entre o culto que prestamos a Deus e o culto que prestamos aos santos há esta diferença: que a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aos santos não os adoramos, mas só honramos e veneramos como amigos de Deus e nossos intercessores junto dele. O culto que prestamos a Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de especialíssima veneração, como mãe de Deus”.

Notoriamente percebemos no trecho acima uma incoerência sem tamanho. Além de dividir a glória de Deus, tentam dividir a adoração usando um eufemismo das palavras dulia e hiperdulia, como se “culto” não fosse veneração. No dicionário Aurélio online definindo culto consta: “veneração, respeito”. Na Bíblia, em Mateus 4.10 consta “... Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”. Onde “adorarás” vem do grego “proskuneo” que consta no léxico grego de Strong: “... ajoelhar-se ou prostrar-se, prestar homenagem ou reverência a alguém”.

É uma tentativa vã separar essas três palavras: latria, dulia e hiperdulia, pois querem dizer a mesma coisa. E como fica a glória de Deus? Dividida. Quanto a isso a Bíblia nos admoesta: “Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura”. (Is.42.8). Enfim, somente Deus seja louvado e mais ninguém.

O Soli Deo Gloria é um marco que foi fincado pelos reformadores e que jamais devemos removê-lo do seu lugar.

TUDO FOI FEITO PARA A GLORIA DE DEUS

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1Co.10.31). John Piper em seu livro: Irmãos, Nós Não Somos Profissionais (P.21), ele escreve:

“O compromisso máximo de Deus é consigo mesmo e não conosco. E nisto se ampara a nossa segurança. Deus ama a sua glória acima de todas as coisas. ‘Por amor do meu próprio nome eu adio a minha ira; por amor de meu louvor eu a contive, para que você não fosse eliminado [...] Por amor de mim mesmo, por amor de mim mesmo, eu faço isso. Como posso permitir que eu mesmo seja difamado? Não darei minha glória a um outro’”. (Is.48.9,11).

Isso que chamamos de “mistério da fé”. A glória de Deus é inexplicavelmente algo que transcende a todos nós. Pensamos que somos os tais porque Deus nos ama. Oh isso é maravilhoso. Mas, saiba que nós não somos o centro da atenção de Deus. A Bíblia nos diz: “... Tudo foi criado por meio dele e para ele”. (Cl.1.16). Nosso antropocentrismo gospel se evapora diante das verdades bíblicas. Percebemos que muito dos discursos e ministrações feitas em nossos púlpitos não passam de filosofias em torno do homem. Enquanto, que a verdadeira mensagem das Escrituras é que a glória de Deus existe antes da própria vida. E que, como diz John Piper: “Irmãos, Deus ama a sua glória! Ele está comprometido com todo o seu poder infinito e eterno a manifestar essa glória e preservar a honra de seu nome”. Confira na sua Bíblia: Daniel 9.17; Romanos 15.8,9; João 12.27,28; 2Tm.2.13; Jr.14.7; Sl.25.11; 79.9; 115.1 e Mt.6.9.

A GLÓRIA DE DEUS PERDIDA PELO HOMEM

Não entendemos isso porque perdemos a glória de Deus. A Bíblia nos diz: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Rm.3.23). A gloria de Deus era contemplada diariamente pelo homem, está escrito que Deus “... andava no jardim pela viração do dia...”. (Gn.3.8).

Essa glória foi-nos restrita e passou a ser manifesta em um tabernáculo, conforme nos conta Moisés:

“Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”. (Êx.25.22).

“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo”. (idem 40.34).

“... porém a glória do SENHOR apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel”. (Nm.14.10).

“Então, Moisés e Arão se foram de diante do povo para a porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto; e a glória do SENHOR lhes apareceu”. (idem 20.6).

A GLÓRIA DE DEUS MANIFESTA EM JESUS CRISTO

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. (Jo.1.14).

A palavra grega da qual traduzimos “habitou” quer dizer literalmente “fez tenda”. Isto é, Deus não mandou que fizéssemos uma nova tenda como a de Moisés para que pudéssemos ter a sua glória entre nós, não. Ele próprio fez tenda! Deus habitou conosco em Jesus. Por isso ele é chamado de “Emanuel” (Deus conosco).

JESUS SENTIU FALTA DA GLÓRIA DE DEUS – A TRINDADE GLORIFICA-SE

Jesus na terra como homem, em sua oração, revelou que sentia falta da glória que ele tinha com o Pai, ele disse: “e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. (Jo.17.5). A glória Deus é transbordante na santíssima Trindade divina que, quando se manifestam, um glorifica o outro: “... Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (idem v.1). “quando vier, porém, o Espírito da verdade [...] Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. (Jo.16.13,14).

A ESPERANÇA DA GLÓRIA DE DEUS SER RETORNADA AO HOMEM

“... Cristo em vós, a esperança da glória”. (Cl.1.27)

A consumação será coroada da glória de Deus. Ele irá manifestar-se de maneira tremenda. Isso porque Cristo está na igreja, no cristão. E Ele vem trazendo consigo a glória de Deus. Todos os cristãos esperam esse dia. Quando a glória do Senhor for manifestada em sem vigor a Bíblia relata alguns acontecimentos:

"Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Ap.6.12-17)

“Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória”. (1Co.15.42).

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória”. (Cl.3.4).

“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles”. (Ap.20.11).

"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória". (Mt.24.29,30).

SOLA SCRIPTURA (somente a Escritura)

“Reafirmamos a Escritura Inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação”.

O DEPOIMENTO DA PRÓPRIA BÍBLIA

O que as Escrituras dizem de si mesma é notoriamente uma singularidade, tomemos alguns textos, por exemplo:

“Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso”. (Pv.30.5,6).

“Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando” (Dt.4.2).

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”. (Gl.1.8).

“... não ultrapasseis o que está escrito...” (1Co.4.6).

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. (Hb.1.1)

“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. [...] Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”. (Ap.22.16,18,19).

O DEPOIMENTO HISTÓRICO

Esses textos vieram a refletir na igreja reformada em suas confissões de fé, apontado que bastam apenas as Escrituras para sabermos o necessário para nossa fé, conduta, salvação, comunhão dos crentes e relação com Deus. Sendo ela Palavra de Deus, e por isso, superior ao clero e a tradição da Igreja. Tomemos como exemplo, algumas confissões:

O Catecismo Maior de Lutero, texto em PDF disponível em minha biblioteca virtual, diz:

“A ideia de um ser imaterial transcendente é comum a todos os povos, inata no homem, imagem de Deus. A revelação, porém, de uma divindade pessoal, única, criadora, governadora, mantenedora do universo e da vida, justa, amorosa e paterna é específica e exclusiva das Escrituras. O Deus da Bíblia não é conceito vago de uma força transcendente qualquer, mas revelação direta de Javé aos pais, aos profetas, culminado com sua encarnação em Jesus Cristo. A natureza possibilita a concepção de um ente superior por dedução ou até por indução. As Escrituras, no entanto, mostram-nos claramente o Deus da revelação, da relação direta com o homem, da comunhão com ele por meio de Jesus Cristo. Fora da Bíblia não se há de conhecer o Deus pessoal e verdadeiro”. (Pergunta No 02, P.05).

No presbiterianismo, tomemos a confissão de fé de Westminster, de 1643, citada no livro Documentos da Igreja (idem P.278,279):

“... A autoridade da Sagrada Escritura... não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas totalmente de Deus (que é a própria verdade), o seu autor... Nossa plena persuasão e segurança da verdade infalível e da divina autoridade dela, provem da obra interior do Espírito Santo que dá testemunho através da Palavra e com ela em nossos corações. ... Nada nunca deve ser acrescentado – quer por novas revelações do Espírito quer por tradições de homens. ... A Igreja deve em última instância apelar a elas. ... A regra infalível da interpretação da Escritura é a própria Escritura”.

A segunda confissão Batista de fé de 1677, (idem P.283, 284):

“A Sagrada Escritura é a única regra suficiente, certa e infalível do conhecimento, da fé e da obediência que salva... Nada em tempo algum deve ser acrescentado, quer por nova revelação do Espírito ou por tradições de homens [...] A regra infalível da interpretação da Escritura é a própria Escritura...”.

PERIGOS DE UMA PREGAÇÃO OU EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA SEM BASE BÍBLICA

Como sabemos que uma palavra tem ou não base Bíblica? Quando não tem testemunho das Escrituras. Em Mateus 18.16b nos ensina que “... pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça”. Também diz: “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais”. (1Co.2.13). E ainda diz: “Também na vossa lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro” (Jo.8.17).

O testemunho das Escrituras é que dão base bíblica a uma pregação ou exposição doutrinária. E isso dentro do seu contexto gramatical, histórico e teológico. Quando isso não é respeitado teremos uma decadência em ordem decrescente:

1) Perca da autoridade bíblica.

Quando fazem o que quer do texto bíblico, dizem o que o texto não diz, e interpretam-na ao seu bel prazer, pode ter certeza de que o respeito e a autoridade das Escrituras pouco importam nas questões doutrinárias.

2) Falência do púlpito cristão.

Um púlpito onde a Palavra de Deus é produto de interpretações particulares e arranjos teológicos para encaixar a doutrina que quiser, é um púlpito qualquer, seja de um: político, filósofo, psicólogo, etc. A força de um púlpito cristão é a Palavra de Deus sendo exposta fielmente com base na Bíblia. Respeitando seu contexto e sentido. Um púlpito que abandona isso é um carro sem motorista. Desgovernado, vai atropelando tudo, hermenêutica, exegese, contexto, etc.

3) Uma mensagem filosófica e subjetiva, baseada em ideias próprias do expositor.

Em consequência do que ocorreu anteriormente, esse púlpito desgovernado vai apelar para uma mensagem filosófica, subjetiva, tendo por base as ideias do expositor. Aquilo que ele ou seus instintos queiram que seja dito. E não aquilo que Deus queira falar por meio de sua Palavra.

4) Doutrinas humanas.

Com o domínio da mensagem, sendo conduzida aos critérios próprios do pregador. As doutrinas criadas pelo homem começarão a surgir do púlpito para os ouvintes. Ensinos dos mais racionais até os mais imaginários. Fábulas, contos e mensagens centradas na razão ou na tradição predominarão.

5) Ensinos que visam a agradar o público.

O público é a vida desse mensageiro e não a mensagem. E quando isso é invertido. A criatividade do orador vai à busca de agradar e massagear o ego desse público. Com mensagens de autoajuda, otimistas, atualizadas no contexto pós-moderno, trarão risos, aplausos e lágrimas de satisfação consigo mesmo. E não a glorificação a Deus e arrependimento de pecados. Nada de uma mensagem que humilhe o homem e exalte a Deus.

6) Uma mistura religiosa.

A busca insana de agradar o público ultrapassa os limites da identidade religiosa própria. A criatividade dar lugar a arranjos de outras religiões tornando a fé desfigurada. Vejamos até onde chega um abandono da autoridade da Bíblia. Quando se chega até aqui, pouco importa a advertência bíblica:

“Quando o SENHOR, teu Deus, eliminar de diante de ti as nações, para as quais vais para possuí-las, e as desapossares e habitares na sua terra, guarda-te, não te enlaces com imitá-las, após terem sido destruídas diante de ti; e que não indagues acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações aos seus deuses, do mesmo modo também farei eu”. (Dt.12.29,30).

7) Abertura para mensagens ecumênicas.

Desconsiderando os fatos abordados acima, o passo final é uma aliança com outras religiões. Destruindo os “muros” e construindo “pontes” (como dizem). O mensageiro tem agora uma ministração universal. Onde o que importa é a fé e não em quem ou o quê se põe essa fé. E para isso tem que abrir mão de todos os fundamentos da fé caindo num liberalismo teológico sem volta. “Até as últimas consequências”, como já ouvi dizer de um que por esse caminho trilhou.

OS DESAFIOS DA SOLA SCRIPTURA PERANTE OS MODISMOS PENTECOSTAIS

Nunca foi tão difícil ser um pentecostal clássico (histórico) que respeita a Sola Scriptura. O assédio de novas revelações. A popularização dos chamados “apóstolos” e “profetas” atuais. Os meninos de recado dos céus, que viram verdadeiros oráculos de consulta popular gospel. A interpretação particular da Bíblia em favor do místico, do esotérico, transformou em um desafio onde muitos que gostam das facilidades, do prestígio e amantes da boa vizinhança não querem ter o constrangimento. Todavia, a frase de Matinho Lutero sempre ecoará nos corações daqueles que amam a verdade e a Palavra de Deus:

“... a igreja não nasce nem pode persistir segundo a sua essência, a não ser que seja através da Palavra de Deus, pois assim está escrito: ‘Ele nos gerou pela Palavra da Verdade’, Tg.1.18”. (A Reforma Protestante, pro Abraão de Almeida, P.73).

BIBLIOGRAFIA:

Abraão de Almeida. 1983. Editora CPAD.

Bíblia Almeida Revista e Atualizada. 2008. Editora SBB.

Bíblia digital Online. Versão 3.0. 1997. Com Léxico grego e hebraico Strong. Editora SBB.

H. Bettenson. Documentos da Igreja Cristã. 1983. Editora JUERP.

John Piper. Irmãos, Nós Não Somos Profissionais. 2009. Shedd Publicações.

Louis Berhof. Teologia Sistemática. 2011. Cultura Cristã.

Martinho Lutero. Catecismo Maior, texto em PDF.

Russell Shedd, Itamir Neves e Luiz Sayão. Livreto Raízes da Nossa Fé. 2014. Editora Vida.

Observação: Comentários e respostas, aguardem a aprovação do moderador do blog.

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