SOLUS CHRISTUS (somente Cristo)
“Reafirmamos que a nossa salvação é realizada unicamente pela
obra mediadora do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação, por si
só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. Negamos
que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não
estiver sendo declarada e a fé em Cristo e em sua obra não estiver sendo
invocada”.
Os reformadores confrontaram os pensamentos errados de sua
época com base na Bíblia Sagrada. E nela encontraram que:
APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO PODE TRAZER SALVAÇÃO AO
PECADOR.
Salvação: restaurar o que a queda causou a humanidade (Cf.
1Pe.1.9,10; Jim.3.15). Pecador: Todos os humanos que nascem e vivem com uma
natureza pecaminosa, que os faz transgredir a lei divina, desobedecer à vontade
de Deus (Cf. Rm.3.23). Jesus, como homem e como Deus trouxe a salvação.
Começando com a oferta de si próprio para a redenção (Tt.2.14).
Ele próprio declarou-se como:
Único caminho, verdade e vida (Cf. Jo.14.6); único que pode
dar vida (Cf. Jo.15.5,6); único salvador (Jo.8.24). Reiterado por Pedro quando
disse: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.
(At.4.12).
APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É O MEDIADOR ENTRE A HUMANIDADE E DEUS.
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” (1 Timóteo 2.5).
APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É RELIGIÃO DA HUMANIDADE PARA
COM DEUS.
Sabemos que a palavra “religião” tem em sua etimologia o
significado de “religar”. Como Lactâncio (séc. III e IV d.C.) afirmava que
religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.
Agostinho de Hipona (séc. IV d.C.) reafirmou essa interpretação.
Cristo, e somente ele, é capaz de fazer com que o homem se
chegue a Deus, não com suas obras ou esforços para conseguir voltar-se a Deus,
mas, com a vida de Cristo. Como relata Paulo em Romanos 3.21-26; 9.16 e Efésios
2.8,9. Portanto, “religião” não é uma crença, ou uma denominação religiosa,
“religião” é JESUS CRISTO.
APENAS CRISTO E SOMENTE CRISTO É SUFICIENTE PARA QUE ALGUÉM
TENHA O PERDÃO DE SEUS PECADOS.
A religiosidade ensina que é necessário fazer muitas coisas
para que o pecado seja reparado. No catolicismo é necessário que o católico
faça penitência por seus pecados, receba do padre os benefícios da igreja
romana, e ainda após a morte, tem que passar por um lugar, espúrio à luz da
Bíblia, chamado “purgatório”. No espiritismo é necessário que o espírita passe
por várias encarnações para que seja purificado de seus pecados. Para o
islamismo, a maioria dos muçulmanos aceita a ideia da existência do purgatório.
Entretanto, o inferno não é para eles, mas para os nãos muçulmanos. A ideia de
pecado é meio fosca no islamismo. Afinal, Deus decreta o destino de cada ser
humano. Deus não tem nenhuma obrigação moral, pois isto limitaria seu poder e
soberania. Tudo acontece é porque Deus assim o quis. Deus é o autor do mal.
Com Jesus, tudo é diferente, o ser humano é autor de seus
pecados e responderá por eles perante Deus, e não obterá o perdão. A não ser
que se entregue a Ele: Jesus. E o tenha como seu salvador pessoal (Cf. Rm.10.9;
Mc.16.16; Lc.12.8; 1Jo.4.14-16).
SOLA FIDE (somente a fé)
“Reafirmamos que a justificação é somente pela graça, somente
por intermédio da fé e somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão
de Cristo nos é imputada como único meio possível de satisfazer a perfeita
justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em
nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou
que uma instituição que reivindique ser Igreja, mas negue ou condene o
princípio da sola fide, possa ser reconhecida como Igreja legítima”.
Os reformadores confrontaram os pensamentos errados de sua
época sobre a doutrina da santificação com base na Bíblia Sagrada. E nela
encontraram que:
A JUSTIFICAÇÃO É DIFERENTE DA SANTIFICAÇÃO.
Itamir Neves escreve:
“... Muitos cristãos estão tentando sem resultados favoráveis
viver corretamente diante de Deus. Com esforço tentam ganhar méritos diante de
Deus, mas a experiência prática lhes mostra a incapacidade e a impossibilidade
de viver corretamente diante de Deus por suas próprias forças. Falta-lhes entender
o papel fundamental da fé”. (Raízes da Nossa Fé - RTM, P.51).
O Catecismo Maior de Westminster, p.92, 93. Editora Cultura Cristã:
“Ainda que a santificação seja inseparavelmente unida com a
justificação, contudo elas diferem nisto: na justificação, Deus imputa a
justiça de Cristo; e na santificação, o seu Espírito infunde a graça e dá
forças para exercê-la. Na justificação, o pecado é perdoado; na santificação,
ele é subjugado; aquela liberta todos os crentes, igualmente, da ira vindoura
de Deus, e isto perfeitamente nesta vida, [...]; esta não é igual a todos os
crentes, e nesta vida não é perfeita em crente algum, mas vai crescendo para a
perfeição”.
Podemos assim dizer que a justificação é a única experiência
completa na vida do cristão, quanto ao seu estado perante Deus por causa de
Cristo e não quanto ao seu estado próprio, pois este se aperfeiçoa com a
santificação; é na glorificação do corpo que teremos a plenitude da redenção:
“E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do
Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo.” (Romanos 8:23).
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes
selados para o dia da redenção.” (Efésios 4:30).
Infelizmente, ainda há cristãos em nossos dias lutando para
ser aceito por Deus enquanto que as Escrituras nos ensinam que somos aceitos
pela fé em Jesus Cristo. Basta apenas lermos alguns trechos da Bíblia para
tirarmos essa conclusão. Vejamos:
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus
testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus
Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente,
por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs,
no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça,
por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para
ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.
(Rm.3.21-26).
“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei”. (idem v.28).
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. A fé não é um
fim em se mesmo”. (Ef.2.8,9).
Dizem que foi Martinho Lutero que escreveu isso: “Quando
estamos em Cristo somos justificados, quando Cristo está em nós somos
santificados”.
A justificação lida quanto ao estado de um homem perante
Deus. A Bíblia nos diz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm.5.1). A santificação é um processo
que começa da entrega que foi feita a Cristo e dura até o fim da vida. Quando
será completada por Deus (Cf.Hb.10.10,14; 1Co.1.2).
CONCEITOS TEOLÓGICOS SOBRE FÉ:
a) A fé é definida na Bíblia como “confiança” na seguinte
passagem: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos
gloriaremos em o nome de Yahveh, nosso Deus”. (Sl.20.7). Onde “gloriaremos”
sofre os efeitos da polissemia;
b) A fé é definida na Bíblia como “certeza” e “convicção” na
seguinte passagem: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção
de fatos que se não veem”. (Hb.11.1). Certeza de que as promessas de Deus serão
concretizadas. E convicção disso, mesmo não vendo;
c) A fé é caracterizada como uma busca por Deus e uma consequente
recompensa: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se
torna galardoador dos que o buscam”. Hb.11.6;
d) A fé é caracterizada como uma necessidade para a salvação
(Ef.2.8,9), para justificação (Rm.5.1), para a realização de milagres
(Mc.10.52; Mt.8.13). Porém a fé não faz o milagre acontecer. Os milagres
contidos na Bíblia são de autoria divina (Is.42.8; 44.24). Há casos em que a fé
não foi necessária para o milagre acontecer: A cura do cego de nascença
(Jo.9.1-7), o deficiente junto ao tanque de Betesda (Jo.5.5-9), a multiplicação
dos pães (Mt.14.15-21) e etc. Fazendo uma ilustração para entendermos melhor
esta conceituação, vamos falar de energia elétrica. Existe a energia elétrica e
os condutores de eletricidade (ferro, cobre, água). Digamos que a energia
elétrica é a vontade de Deus e os condutores sejam a fé. Veja bem, para chagar
energia elétrica em sua casa precisa-se dos fios condutores? Sim, sem os
condutores de eletricidade não tem como chegar energia elétrica em nossa casa.
Para que algo que pedimos a Deus seja dado por ele devemos ter a fé para
receber. O fato de possuir condutores de eletricidade faz a energia elétrica
existir? Não, os condutores de eletricidade não possuem energia própria. Como o
nome já diz, são apenas “condutores”. A fé não possui poder próprio. Sem a
vontade de Deus não há milagres, bênçãos ou qualquer outra coisa. A energia
elétrica depende dos condutores de eletricidade? Não, os condutores apenas
conduzem a energia. Eles não transformam a energia, não guardam e nem geram
energia. A fé não pode criar respostas divinas positivas para nossas orações. A
fé apenas conduz a vontade de Deus até nós. Seja ela sim ou não. A vontade de
Deus é soberana e independente.
e) A fé é caracterizada como única. A divisão feita da fé
como “dom” espiritual (1Co.12.9), como dom “salvífico” (Ef.2.8) e até como
“confissão de fé” (Fp.1.27) acontece apenas para estudarmos melhor o assunto. A
Bíblia nos admoesta a mantermos uma só fé: “Há somente um corpo e um Espírito,
como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só
Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos”. (Ef.4.4-6). Esta fé foi entregue
ao povo de Deus arrependido separado para Ele (Jd.3).
f) A fé não é uma força que emana poderes sobrenaturais
influenciando Deus para abençoar as pessoas. Este conceito de fé é totalmente
pagão. Deus é totalmente independente de influências externas: “... terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me
compadecer”. (Êx.33.19). Claro que essa passagem não fecha a questão, pois a
Bíblia também tem passagens que mostram Deus incentivando o seu povo a orar e a
buscar as suas bênçãos (Mt.7.7; Lc.11.9; Jo.16.24; Jr.33.3; 2Cr.7.14,15; Sl.2.8
e etc.). Entretanto, essa passagem, retira o mito ou a superstição criado em
torno da fé.
g) A fé é princípio básico de todo relacionamento com Deus. É
base para todas as orações e súplicas. É impossível alguém orar sem fé. No
mínimo esta pessoa é maluca. Pois ninguém de mente sã iria falar ou si dirigir
em oração a um ser invisível (que é Deus) e cientificamente incapaz de ser
provada a sua existência se não fosse pela fé. A Bíblia frisa claramente isso:
“... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia...”. Sem fé não há
adoração, oração, clamor ou súplica.
h) A fé possui níveis de maturidade. Jesus considerou a fé de
algumas pessoas como “pequena” (Mt.6.30; 8.26; 14.31; 16.8; Lc.12.28), e de
outras deixou subentendido como “grande” (Mt.8.10; Lc.7.9). Essas passagens que
classificam a fé como pequena não se referem literalmente ao tamanho. De acordo
com a palavra grega usada “oligopistos” (pequena fé ou pouca confiança) e com o
contexto de cada passagem, Jesus estava considerando a fé das pessoas abordadas
como uma fé que estava iniciando, uma fé imatura. Existe outra passagem em que
Jesus fala de fé pequena (Mt.17.20), em que é usada outra palavra grega –
“apistia” (infidelidade, incredulidade, falta de fé, descrença, fraqueza de
fé). De acordo com o contexto, Cristo estava respondendo a indagação dos
discípulos (v.19), que para aquele caso só a fé deles não era o suficiente.
Eles tinham que estar em oração (v.21 ou na narrativa de Mc.9.29). Ele garante
que a fé, mesmo pequena, pode mudar os montes (v.20). Na Bíblia de estudo NVI
reitera isso explicando a fé pequena em Mt.17.20: “Não tanto a quantidade da
sua fé, quanto a sua qualidade – fé acompanhada de oração”. Ou seja, a fé
pequena dos discípulos era “pequena” no sentido de “sem qualidade”.
i) A fé vem pela palavra de Cristo ou proclamação de Cristo
(Rm.10.17). Dentro do coração do ser humano há um senso de Deus ou senso
religioso, entretanto esse senso está encoberto pelo pecado (2Co.4.3),
impedindo-o de ter entendimento do evangelho (2Co.4.4). Mas quando o evangelho,
a Palavra de Deus chega ao coração vem a fé. E com a ela o entendimento humano
bloqueado por Satanás é liberto e assim o ser humano volta-se confiante para
Deus sob sua graça proveniente (Rm.1.16; Jo.8.32; 1Jo.5.4b,5).
O DISTANCIAMENTO ATUAL DA DOUTRINA SOLA FIDE.
Itamir Neves escreve:
“A Igreja Romana tinha se afastado da verdade de que somente
pela fé em Jesus Cristo poderíamos ser reconciliados com Deus. O ensino que
ministravam era contrário ao evangelho de Jesus [...] ensinava que o perdão
podia ser comprado com dinheiro e a salvação poderia se adquirida através de
méritos dos santos [...] mais triste ainda é observarmos que ainda hoje além de
constatarmos a existência da fé nos milagres, isto é, fé que acredita que Deus
vai fazer milagres por intermédio de objetos consagrados, uma fé que aceita
Jesus, mas requer algo mais, como por exemplo, campanhas, contribuição
financeira e outras tantas exigências que complementariam aquilo que Jesus já
fez”. (Raízes da Nossa Fé – RTM, P.51,52).
Assim como no passado a Igreja Romana afastou-se diretamente
da justificação pela fé somente, hoje a Igreja Evangélica brasileira tem se
afastado da oração pela fé somente.
SOLA GRATIA (somente a graça)
“Reafirmamos que, na salvação, somos resgatados da ira de
Deus unicamente pela graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos
leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e nos erguendo da morte
espiritual à vida espiritual. Negamos que a salvação seja, em qualquer sentido,
obra humana. Os métodos, as técnicas e/ou estratégias humanas, por si só, não
podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não
regenerada”.
GRAÇA NA LÍNGUA ORIGINAL DA BÍBLIA:
NT grego – dorean (gratuitamente, não merecido), charis
(graça, boa vontade, amável bondade, favor, gratidão), charisma (favor que
alguém recebe sem qualquer mérito, dom da graça divina, graça ou dons).
Exemplos:
“sendo justificados gratuitamente [dorean], por sua graça
[charis], mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. (Rm.3.24).
“O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um
pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a
graça [charisma] transcorre de muitas ofensas, para a justificação”. (Rm.5.16).
AT hebraico – chen (favor, graça, charme), chanan (ser
gracioso, mostrar favor, ser misericordioso ou ser repugnante), chinnam (de
graça, por nada, sem causa).
Exemplos:
“Porém Noé achou graça [chen] diante do SENHOR”. (Gn.6.8).
“... Deus te conceda graça [chanan], meu filho”. (Gn.43.29).
“Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao
sétimo, sairá forro, de graça [chinnam]”. (Êx.21.2).
DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DA GRAÇA
Graça: receber o que não merecemos (ex.: salvação).
Misericórdia: Não receber o que merecemos (ex.: condenação).
CONCEITOS TEOLÓGICOS DA GRAÇA
a) Graça livre ou salvadora: é a graça disponível a todos os
homens: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”.
(Tt.2.11). Segundo o pensamento arminiano, no sentido “provisional”, está
disponível a todos os homens. Todavia, só torna eficaz naquele que se rende a
Cristo:
"Agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante
a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos
deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado para
toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro".
(Cl.1.22,23).
b) Graça comum: é a graça manifesta a todos os homens sem que
lhe traga salvação. Mas, apenas lhes concede provisões para viver. Sejam
cristãos ou ímpios todos são agraciados por essa graça. Berkhof em sua Teologia
Sistemática (p.428):
“Ela aparece [...] nas bênçãos naturais que Deus derrama
sobre o homem na presente vida, apesar do fato de que o homem perdeu o direito
a elas e se acha sob sentença de morte. A obra da graça divina se vê em tudo
que Deus faz para restringir a devastadora influência e desenvolvimento do
pecado no mundo, e para manter, enriquecer e desenvolver a vida da humanidade
em geral e dos indivíduos componentes da raça humana”.
As Escrituras nos ensinam: “... ele faz nascer o seu sol
sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. (Mt.5.45)
c) Graça proveniente: é a graça que anteveem a rendição do
pecador a Cristo. É-lhe manifesta para que possa crer e responder livremente ao
chamado divino. Se assim não fora, o ser humano em depravação total, jamais
responderia. No livro Documentos da Igreja Cristã (p.98), numa citação do
concílio de Orange, 529 d.C., encontramos:
“... Através do pecado de Adão, nossa liberdade foi depravada
e debilitada a tal ponto que, sem a graça da prevenção [praeveniret] misericordiosa
de Deus, ninguém poderia amar a Deus como convém, nem crer nele; nem fazer o
que é reto...”.
Encontramos nas Escrituras:
"Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se para a
Galiléia [...] nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que
fora dito por intermédio do profeta Isaías: Terra de Zebulom, terra de Naftali,
caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios! O povo que jazia em
trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte
resplandeceu-lhes a luz. Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer:
Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus". (Mt.4.12-17).
d) Graça irresistível e resistível: Uma é a graça que,
segundo a crença calvinista, todo que recebe jamais rejeita. Outra é que em graça
proveniente, segundo o pensamento arminiano, é possível o pecador rejeitá-la.
A MATEMÁTICA DA GRAÇA
Jesus nos conta uma parábola intrigante, onde visa revelar a
graça divina. (cf. Mt.20.1-16). Nessa matemática não existe o melhor. Como nos
ensina Paulo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Ef.2.8,9).
Por tudo isso, é inadmissível alguém possuir mérito em sua
salvação. A graça nos basta. É suficiente para a salvação do pecador.
"Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de
mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa
na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que
sobre mim repouse o poder de Cristo". 2Co.12.8,9
SOLI DEO GLORIA (a glória somente a Deus)
“Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por
Deus, ela é para glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver a
nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para a
sua glória somente. Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se o
nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos o evangelho e
nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a autoestima e a auto-realização
se tornem opções alternativas ao evangelho”.
Vivemos num mundo de busca pela glória própria. As mensagens
nas redes sociais de satisfação por alguém ter conseguido algo é: “Parabéns,
você merece”. O mundo se esqueceu de Deus, e de dar-lhe a glória devida. Digo o
“mundo” os homens que nele habitam. Pois, a natureza louva ao seu criador, “Os
céus proclamam a glória de Deus” (Sl.19.1), a Bíblia nos informa: “Antes que os
montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade,
tu és Deus”. (Sl.90.2). As pessoas se esqueceram desse detalhe. Entretanto, no
Dia de Cristo, tudo será revelado, e Deus será exaltado:
"Ruja o mar e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam.
Os rios batam palmas, e juntos cantem de júbilo os montes, na presença do
SENHOR, porque ele vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos,
com equidade. Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos
querubins; abale-se a terra. O SENHOR é grande em Sião e sobremodo elevado
acima de todos os povos". (Sl.98.7-9; 99.1,2).
A Igreja Cristã Reformada estabeleceu esse pilar da fé porque
a glória de Deus foi dividida com a glória humana e de imagens de escultura.
Russell Shedd, no livreto Raízes da Nossa Fé (P.62) escreve:
"A Reforma do século XVI teve o objetivo de confrontar a
doutrina da supremacia da Igreja Católica Romana e do seu 'todo-poderoso', o 'cabeça',
o Papa, visando a doutrina correta que afirma que o trono pertence somente a
Deus".
No Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã (p.76) está escrito:
“Que diferença há entre o culto que prestamos a Deus, e o
culto que prestamos aos santos? Entre o culto que prestamos a Deus e o culto
que prestamos aos santos há esta diferença: que a Deus adoramo-Lo pela sua
infinita excelência, ao passo que aos santos não os adoramos, mas só honramos e
veneramos como amigos de Deus e nossos intercessores junto dele. O culto que
prestamos a Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos
aos santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o
culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de
especialíssima veneração, como mãe de Deus”.
Notoriamente percebemos no trecho acima uma incoerência sem
tamanho. Além de dividir a glória de Deus, tentam dividir a adoração usando um
eufemismo das palavras dulia e hiperdulia, como se “culto” não fosse veneração.
No dicionário Aurélio online definindo culto consta: “veneração, respeito”. Na
Bíblia, em Mateus 4.10 consta “... Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele
darás culto”. Onde “adorarás” vem do grego “proskuneo” que consta no léxico
grego de Strong: “... ajoelhar-se ou prostrar-se, prestar homenagem ou
reverência a alguém”.
É uma tentativa vã separar essas três palavras: latria, dulia
e hiperdulia, pois querem dizer a mesma coisa. E como fica a glória de Deus?
Dividida. Quanto a isso a Bíblia nos admoesta: “Eu sou o SENHOR, este é o meu
nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens
de escultura”. (Is.42.8). Enfim, somente Deus seja louvado e mais ninguém.
O Soli Deo Gloria é um marco que foi fincado pelos
reformadores e que jamais devemos removê-lo do seu lugar.
TUDO FOI FEITO PARA A GLORIA DE DEUS
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa
qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1Co.10.31). John Piper em seu
livro: Irmãos, Nós Não Somos Profissionais (P.21), ele escreve:
“O compromisso máximo de Deus é consigo mesmo e não conosco.
E nisto se ampara a nossa segurança. Deus ama a sua glória acima de todas as
coisas. ‘Por amor do meu próprio nome eu adio a minha ira; por amor de meu
louvor eu a contive, para que você não fosse eliminado [...] Por amor de mim
mesmo, por amor de mim mesmo, eu faço isso. Como posso permitir que eu mesmo
seja difamado? Não darei minha glória a um outro’”. (Is.48.9,11).
Isso que chamamos de “mistério da fé”. A glória de Deus é inexplicavelmente
algo que transcende a todos nós. Pensamos que somos os tais porque Deus nos
ama. Oh isso é maravilhoso. Mas, saiba que nós não somos o centro da atenção de
Deus. A Bíblia nos diz: “... Tudo foi criado por meio dele e para ele”.
(Cl.1.16). Nosso antropocentrismo gospel se evapora diante das verdades
bíblicas. Percebemos que muito dos discursos e ministrações feitas em nossos
púlpitos não passam de filosofias em torno do homem. Enquanto, que a verdadeira
mensagem das Escrituras é que a glória de Deus existe antes da própria vida. E
que, como diz John Piper: “Irmãos, Deus ama a sua glória! Ele está comprometido
com todo o seu poder infinito e eterno a manifestar essa glória e preservar a
honra de seu nome”. Confira na sua Bíblia: Daniel 9.17; Romanos 15.8,9; João
12.27,28; 2Tm.2.13; Jr.14.7; Sl.25.11; 79.9; 115.1 e Mt.6.9.
A GLÓRIA DE DEUS PERDIDA PELO HOMEM
Não entendemos isso porque perdemos a glória de Deus. A
Bíblia nos diz: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
(Rm.3.23). A gloria de Deus era contemplada diariamente pelo homem, está
escrito que Deus “... andava no jardim pela viração do dia...”. (Gn.3.8).
Essa glória foi-nos restrita e passou a ser manifesta em um
tabernáculo, conforme nos conta Moisés:
“Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos
dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de
tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”. (Êx.25.22).
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do
SENHOR encheu o tabernáculo”. (idem 40.34).
“... porém a glória do SENHOR apareceu na tenda da
congregação a todos os filhos de Israel”. (Nm.14.10).
“Então, Moisés e Arão se foram de diante do povo para a porta
da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto; e a glória do SENHOR
lhes apareceu”. (idem 20.6).
A GLÓRIA DE DEUS MANIFESTA EM JESUS CRISTO
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e
de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. (Jo.1.14).
A palavra grega da qual traduzimos “habitou” quer dizer
literalmente “fez tenda”. Isto é, Deus não mandou que fizéssemos uma nova tenda
como a de Moisés para que pudéssemos ter a sua glória entre nós, não. Ele próprio
fez tenda! Deus habitou conosco em Jesus. Por isso ele é chamado de “Emanuel”
(Deus conosco).
JESUS SENTIU FALTA DA GLÓRIA DE DEUS – A TRINDADE
GLORIFICA-SE
Jesus na terra como homem, em sua oração, revelou que sentia
falta da glória que ele tinha com o Pai, ele disse: “e, agora, glorifica-me, ó
Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse
mundo”. (Jo.17.5). A glória Deus é transbordante na santíssima Trindade divina
que, quando se manifestam, um glorifica o outro: “... Pai, é chegada a hora;
glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (idem v.1). “quando
vier, porém, o Espírito da verdade [...] Ele me glorificará, porque há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. (Jo.16.13,14).
A ESPERANÇA DA GLÓRIA DE DEUS SER RETORNADA AO HOMEM
“... Cristo em vós, a esperança da glória”. (Cl.1.27)
A consumação será coroada da glória de Deus. Ele irá
manifestar-se de maneira tremenda. Isso porque Cristo está na igreja, no
cristão. E Ele vem trazendo consigo a glória de Deus. Todos os cristãos esperam
esse dia. Quando a glória do Senhor for manifestada em sem vigor a Bíblia
relata alguns acontecimentos:
"Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande
terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue,
as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento
forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho
quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os
reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo
escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e
disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face
daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande
Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Ap.6.12-17)
“Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o
corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita
em glória”. (1Co.15.42).
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória”. (Cl.3.4).
“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de
cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles”.
(Ap.20.11).
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá,
a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes
dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem;
todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as
nuvens do céu, com poder e muita glória". (Mt.24.29,30).
SOLA SCRIPTURA (somente a Escritura)
“Reafirmamos a Escritura Inerrante como fonte única de
revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia
sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o
padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que
qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um
crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que
está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação”.
O DEPOIMENTO DA PRÓPRIA BÍBLIA
O que as Escrituras dizem de si mesma é notoriamente uma
singularidade, tomemos alguns textos, por exemplo:
“Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele
confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas
achado mentiroso”. (Pv.30.5,6).
“Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis
dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando”
(Dt.4.2).
“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”. (Gl.1.8).
“... não ultrapasseis o que está escrito...” (1Co.4.6).
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho,
a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo”. (Hb.1.1)
“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas
coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da
manhã. [...] Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro,
testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os
flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras
do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade
santa e das coisas que se acham escritas neste livro”. (Ap.22.16,18,19).
O DEPOIMENTO HISTÓRICO
Esses textos vieram a refletir na igreja reformada em suas
confissões de fé, apontado que bastam apenas as Escrituras para sabermos o
necessário para nossa fé, conduta, salvação, comunhão dos crentes e relação com
Deus. Sendo ela Palavra de Deus, e por isso, superior ao clero e a tradição da
Igreja. Tomemos como exemplo, algumas confissões:
O Catecismo Maior de Lutero, texto em PDF disponível em minha
biblioteca virtual, diz:
“A ideia de um ser imaterial transcendente é comum a todos os
povos, inata no homem, imagem de Deus. A revelação, porém, de uma divindade
pessoal, única, criadora, governadora, mantenedora do universo e da vida,
justa, amorosa e paterna é específica e exclusiva das Escrituras. O Deus da
Bíblia não é conceito vago de uma força transcendente qualquer, mas revelação
direta de Javé aos pais, aos profetas, culminado com sua encarnação em Jesus
Cristo. A natureza possibilita a concepção de um ente superior por dedução ou
até por indução. As Escrituras, no entanto, mostram-nos claramente o Deus da
revelação, da relação direta com o homem, da comunhão com ele por meio de Jesus
Cristo. Fora da Bíblia não se há de conhecer o Deus pessoal e verdadeiro”.
(Pergunta No 02, P.05).
No presbiterianismo, tomemos a confissão de fé de
Westminster, de 1643, citada no livro Documentos da Igreja (idem P.278,279):
“... A autoridade da Sagrada Escritura... não depende do
testemunho de qualquer homem ou igreja, mas totalmente de Deus (que é a própria
verdade), o seu autor... Nossa plena persuasão e segurança da verdade infalível
e da divina autoridade dela, provem da obra interior do Espírito Santo que dá
testemunho através da Palavra e com ela em nossos corações. ... Nada nunca deve
ser acrescentado – quer por novas revelações do Espírito quer por tradições de
homens. ... A Igreja deve em última instância apelar a elas. ... A regra
infalível da interpretação da Escritura é a própria Escritura”.
A segunda confissão Batista de fé de 1677, (idem P.283, 284):
“A Sagrada Escritura é a única regra suficiente, certa e
infalível do conhecimento, da fé e da obediência que salva... Nada em tempo
algum deve ser acrescentado, quer por nova revelação do Espírito ou por
tradições de homens [...] A regra infalível da interpretação da Escritura é a
própria Escritura...”.
PERIGOS DE UMA PREGAÇÃO OU EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA SEM BASE
BÍBLICA
Como sabemos que uma palavra tem ou não base Bíblica? Quando
não tem testemunho das Escrituras. Em Mateus 18.16b nos ensina que “... pelo
depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça”. Também
diz: “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana,
mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais”.
(1Co.2.13). E ainda diz: “Também na vossa lei está escrito que o testemunho de
duas pessoas é verdadeiro” (Jo.8.17).
O testemunho das Escrituras é que dão base bíblica a uma
pregação ou exposição doutrinária. E isso dentro do seu contexto gramatical,
histórico e teológico. Quando isso não é respeitado teremos uma decadência em
ordem decrescente:
1) Perca da autoridade bíblica.
Quando fazem o que quer do texto bíblico, dizem o que o texto
não diz, e interpretam-na ao seu bel prazer, pode ter certeza de que o respeito
e a autoridade das Escrituras pouco importam nas questões doutrinárias.
2) Falência do púlpito cristão.
Um púlpito onde a Palavra de Deus é produto de interpretações
particulares e arranjos teológicos para encaixar a doutrina que quiser, é um
púlpito qualquer, seja de um: político, filósofo, psicólogo, etc. A força de um
púlpito cristão é a Palavra de Deus sendo exposta fielmente com base na Bíblia.
Respeitando seu contexto e sentido. Um púlpito que abandona isso é um carro sem
motorista. Desgovernado, vai atropelando tudo, hermenêutica, exegese, contexto,
etc.
3) Uma mensagem filosófica e subjetiva, baseada em ideias
próprias do expositor.
Em consequência do que ocorreu anteriormente, esse púlpito
desgovernado vai apelar para uma mensagem filosófica, subjetiva, tendo por base
as ideias do expositor. Aquilo que ele ou seus instintos queiram que seja dito.
E não aquilo que Deus queira falar por meio de sua Palavra.
4) Doutrinas humanas.
Com o domínio da mensagem, sendo conduzida aos critérios
próprios do pregador. As doutrinas criadas pelo homem começarão a surgir do
púlpito para os ouvintes. Ensinos dos mais racionais até os mais imaginários. Fábulas,
contos e mensagens centradas na razão ou na tradição predominarão.
5) Ensinos que visam a agradar o público.
O público é a vida desse mensageiro e não a mensagem. E
quando isso é invertido. A criatividade do orador vai à busca de agradar e
massagear o ego desse público. Com mensagens de autoajuda, otimistas,
atualizadas no contexto pós-moderno, trarão risos, aplausos e lágrimas de
satisfação consigo mesmo. E não a glorificação a Deus e arrependimento de
pecados. Nada de uma mensagem que humilhe o homem e exalte a Deus.
6) Uma mistura religiosa.
A busca insana de agradar o público ultrapassa os limites da
identidade religiosa própria. A criatividade dar lugar a arranjos de outras
religiões tornando a fé desfigurada. Vejamos até onde chega um abandono da
autoridade da Bíblia. Quando se chega até aqui, pouco importa a advertência
bíblica:
“Quando o SENHOR, teu Deus, eliminar de diante de ti as
nações, para as quais vais para possuí-las, e as desapossares e habitares na
sua terra, guarda-te, não te enlaces com imitá-las, após terem sido destruídas
diante de ti; e que não indagues acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como
serviram estas nações aos seus deuses, do mesmo modo também farei eu”.
(Dt.12.29,30).
7) Abertura para mensagens ecumênicas.
Desconsiderando os fatos abordados acima, o passo final é uma
aliança com outras religiões. Destruindo os “muros” e construindo “pontes”
(como dizem). O mensageiro tem agora uma ministração universal. Onde o que
importa é a fé e não em quem ou o quê se põe essa fé. E para isso tem que abrir
mão de todos os fundamentos da fé caindo num liberalismo teológico sem volta.
“Até as últimas consequências”, como já ouvi dizer de um que por esse caminho
trilhou.
OS DESAFIOS DA SOLA SCRIPTURA PERANTE OS MODISMOS
PENTECOSTAIS
Nunca foi tão difícil ser um pentecostal clássico (histórico)
que respeita a Sola Scriptura. O assédio de novas revelações. A popularização
dos chamados “apóstolos” e “profetas” atuais. Os meninos de recado dos céus,
que viram verdadeiros oráculos de consulta popular gospel. A interpretação
particular da Bíblia em favor do místico, do esotérico, transformou em um
desafio onde muitos que gostam das facilidades, do prestígio e amantes da boa
vizinhança não querem ter o constrangimento. Todavia, a frase de Matinho Lutero
sempre ecoará nos corações daqueles que amam a verdade e a Palavra de Deus:
“... a igreja não nasce nem pode persistir segundo a sua
essência, a não ser que seja através da Palavra de Deus, pois assim está
escrito: ‘Ele nos gerou pela Palavra da Verdade’, Tg.1.18”. (A Reforma
Protestante, pro Abraão de Almeida, P.73).
BIBLIOGRAFIA:
Abraão de Almeida. 1983. Editora CPAD.
Bíblia Almeida Revista e Atualizada. 2008. Editora SBB.
Bíblia digital Online. Versão 3.0. 1997. Com Léxico grego e
hebraico Strong. Editora SBB.
H. Bettenson. Documentos da Igreja Cristã. 1983. Editora
JUERP.
John Piper. Irmãos, Nós Não Somos Profissionais. 2009. Shedd
Publicações.
Louis Berhof. Teologia Sistemática. 2011. Cultura Cristã.
Martinho Lutero. Catecismo Maior, texto em PDF.
Russell Shedd, Itamir Neves e Luiz Sayão. Livreto Raízes da
Nossa Fé. 2014. Editora Vida.
Observação: Comentários e respostas, aguardem a aprovação do moderador do
blog.
Dúvidas e esclarecimentos, escreva para: anti-heresias@hotmail.com
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