terça-feira, 1 de julho de 2025

A Diferença entre Evangélicos e Mórmons



Olá, pessoal aqui do blog! Estou eu aqui mais uma vez para dar sequência à série de artigos que já escrevi, mostrando a diferença entre evangélicos e diversos grupos religiosos. Já falamos sobre os evangélicos e adventistas https://anti-heresias.blogspot.com/2018/07/sao-evangelicos-os-adventistas.html, os evangélicos e católicos https://anti-heresias.blogspot.com/2016/12/a-diferenca-entre-evangelicos-e.html, os evangélicos e as Testemunhas de Jeová https://anti-heresias.blogspot.com/2015/01/a-diferenca-entre-evangelicos-e.html, os evangélicos e os espíritas kardecistas https://anti-heresias.blogspot.com/2018/01/a-diferenca-entre-evangelicos-e.html, e hoje vamos apresentar as diferenças entre evangélicos e os mórmons.

Este texto tem por objetivo trazer serventia aos estudantes de Ciências da Religião, curiosos e pesquisadores em geral, bem como, de alguma forma, anunciar o Evangelho de Jesus às pessoas. Dito isso, boa leitura.

Em uma sociedade plural e cada vez mais interconectada, é comum encontrarmos pessoas de diferentes crenças que professam fé em Jesus Cristo, utilizam a Bíblia como referência e praticam valores morais semelhantes. No entanto, por trás dessas semelhanças exteriores, existem distinções profundas que merecem ser compreendidas — não para promover contendas, mas para esclarecer, especialmente à luz das Escrituras.

Entre os grupos religiosos que mais confundem os leigos estão os evangélicos (protestantes bíblicos) e os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecidos popularmente como mórmons. Apesar de ambos afirmarem crer em Jesus, suas doutrinas são significativamente diferentes em pontos centrais da fé cristã histórica. Vejamos algumas dessas diferenças com o devido respeito, mas também com fidelidade à verdade bíblica.

1. Autoridade das Escrituras

Evangélicos: Cremos na Bíblia como a única regra infalível de fé e prática (Sola Scriptura). Toda doutrina deve ser julgada pela Palavra de Deus revelada nas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.

Mórmons: Além da Bíblia (que consideram parcialmente confiável), os mórmons têm outros três livros considerados escritura sagrada: o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola de Grande Valor. A revelação, para eles, continua por meio de seus profetas modernos.

Comentário: Aqui há uma distinção fundamental. A fé evangélica é baseada na suficiência e autoridade exclusiva da Escritura. Já a fé mórmon introduz novos escritos e autoridades proféticas, o que, do ponto de vista evangélico, contraria Gálatas 1:8.

2. A Doutrina de Deus

Evangélicos: Cremos em um Deus único e eterno, imutável, onipotente, onisciente e transcendente. A Trindade é composta por Pai, Filho e Espírito Santo — três pessoas distintas, mas um só Deus (Is.43.10-11).

Mórmons: Ensinam que Deus Pai (Elohim) já foi um homem como nós e que Ele progrediu até se tornar Deus. A Trindade, segundo sua visão, são três deuses distintos em propósito, mas não um único ser divino. A doutrina chamada "exaltação" ensina que humanos fiéis também podem tornar-se deuses.

Comentário: Essa visão é radicalmente diferente da doutrina cristã histórica. Para os evangélicos, Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8), e jamais foi homem. A ideia de que o ser humano possa se tornar um deus é, para nós, uma grave distorção da verdade bíblica.

3. A Pessoa de Jesus Cristo

Evangélicos: Confessamos que Jesus é o Deus encarnado, eternamente gerado, não criado, consubstancial com o Pai (Jo 1:1,14). Ele nasceu da virgem Maria por obra do Espírito Santo, viveu sem pecado, morreu vicariamente pelos nossos pecados, ressuscitou corporalmente e voltará em glória.

Mórmons: Ensinam que Jesus é filho literal de Deus Pai, sendo irmão espiritual de todos os humanos e também de Lúcifer. Ele é visto como nosso Salvador, mas não como o Deus eterno em si mesmo.

Comentário: A cristologia mórmon nega a divindade plena e eterna de Cristo conforme o cristianismo bíblico. Isso compromete a centralidade do evangelho verdadeiro, que repousa sobre a encarnação do próprio Deus (Jo 1:1,14; Is 9:6; Jo 8:58; Cl 2:9; Jo.17:5; Hb.1:3).

4. A Salvação

Evangélicos: Proclamamos que a salvação é pela graça, mediante a fé, e não por obras (Ef 2:8-9). Somos justificados exclusivamente pela fé em Cristo, e as boas obras são frutos da salvação, não sua causa.

Mórmons: Acreditam que a salvação vem pela graça após todo esforço pessoal possível (2 Néfi 25:23, no Livro de Mórmon). Assim, obras e ordenanças, como o batismo no templo e a obediência aos mandamentos mórmons, são essenciais para a salvação completa.

Comentário: A doutrina mórmon dilui a centralidade da cruz ao colocar a salvação como uma conquista humana aliada à graça. O evangelho bíblico, porém, é escandalosamente gracioso e centrado exclusivamente na obra consumada de Cristo (Jo 19:30).

5. O Espírito Santo

Evangélicos: Reconhecemos o Espírito Santo como a terceira pessoa da Trindade, plenamente divino. Ele convence do pecado, regenera o pecador e habita no crente. Entre pentecostais, cremos também no batismo no Espírito Santo com evidência de dons.

Mórmons: Veem o Espírito Santo como um ser espiritual distinto, mas não plenamente divino no mesmo sentido que o Pai e o Filho. Sua atuação está condicionada à obediência aos princípios da Igreja Mórmon.

Comentário: Para o cristão evangélico, o Espírito Santo é Deus habitando no homem (Rm 8:9; At 5:3-4), e não uma mera influência ou poder (Ef 4:30; Jo 14.26). A sua presença não depende de filiação institucional, mas da fé genuína em Cristo.

6. O Casamento Celestial

Mórmons: Ensinam que casais selados no templo mórmon permanecem casados pela eternidade. O “casamento celestial” é considerado essencial para a exaltação, ou seja, para se tornar semelhante a Deus em um futuro estado divinizado.

Evangélicos: Cremos que o casamento é uma instituição terrena, temporária, e que no céu não haverá casamento, conforme ensinou Jesus em Mateus 22:30.

Comentário: Essa doutrina mórmon atribui um papel escatológico e quase salvador ao casamento, o que contraria a centralidade de Cristo como único caminho de redenção e glorificação.

7. Poligamia

Mórmons: A prática da poligamia foi oficialmente ensinada por Joseph Smith e praticada por líderes da igreja no século XIX. Embora tenha sido abandonada oficialmente em 1890, grupos dissidentes mórmons ainda a praticam.

Evangélicos: Rejeitamos a poligamia como contrária ao padrão bíblico do casamento entre um homem e uma mulher (Gn 2:24; Mt 19:4-6; 1Tm 3:2).

Comentário: A poligamia, mesmo abandonada, marca parte da identidade doutrinária histórica mórmon e revela uma visão alterada do modelo familiar dado por Deus.

8. Acesso ao templo

Mórmons: Os templos mórmons são acessíveis apenas a membros considerados dignos, após entrevistas com líderes locais. Neles ocorrem rituais como batismos pelos mortos, casamentos eternos e investiduras.

Evangélicos: Cremos que todo crente em Cristo é templo do Espírito Santo (1Co 6:19), e que temos livre acesso ao Pai pelo sangue de Jesus, sem necessidade de locais ou ritos secretos (Hb 10:19-22). Em suas diversas congregações os fiéis podem adentrar livremente, bem como os visitantes têm acesso em culto público.

Comentário: A distinção entre "dignos" e "não dignos" para entrar em um templo contradiz a doutrina da justificação pela fé e da plena reconciliação do crente com Deus por meio de Cristo.

9. Joseph Smith como profeta e mediador

Mórmons: Acreditam que Joseph Smith Jr. foi o profeta restaurador da verdadeira igreja de Cristo nos últimos dias. Muitos mórmons oram agradecendo por ele e o veem como mediador essencial do plano de salvação.

Evangélicos: Rejeitamos qualquer intermediário entre Deus e os homens que não seja Jesus Cristo (1Tm 2:5). Profecias que se contradizem com a Bíblia são consideradas falsas (Dt 13:1-4; Gl 1:8); somos orientados a detectar profeciais falsas (Dt 13:1-3; 18:21-22) e a testar as profecias se são verdadeiras (1Ts 5:20-22).

Comentário: Colocar Joseph Smith como figura essencial para a salvação é, do ponto de vista bíblico, um desvio grave da fé centrada em Cristo. Recomendo uma leitura complemetar desse tópico nesta minha outra postagem: https://anti-heresias.blogspot.com/2012/09/joseph-smith-um-profeta-verdadeiro.html

10. Preexistência do homem

Mórmons: Ensinam que todas as pessoas existiram espiritualmente antes de nascerem fisicamente, como filhos espirituais de Deus. Essa doutrina é usada para explicar o plano da salvação segundo sua teologia.

Evangélicos: Não há base bíblica para a preexistência da alma. A Escritura ensina que a vida humana começa na concepção (Sl 139:13-16), e não há referência a existência pré-terrena.

Comentário: Essa doutrina aproxima-se mais do pensamento platônico do que do ensino bíblico. A criação da alma é um ato direto de Deus em cada ser humano.

11. Vida após a morte

Mórmons: Defendem múltiplos graus de glória no pós-morte: Reino Celestial, Terrestre e Telestial. Apenas os mais fiéis alcançam a exaltação. Há também a possibilidade de progresso espiritual após a morte.

Evangélicos: Cremos em apenas dois destinos eternos: céu ou inferno (Lc 16:22-26; Mt 25:46; Ap 20:11-15). Após a morte segue-se o juízo (Hb 9:27), sem segunda chance.

Comentário: A ideia de múltiplos reinos e progresso pós-morte contradiz o ensino bíblico da urgência da salvação no tempo presente (2Co 6:2; Hb 3:7-8).

12. Batismo pelos mortos

Mórmons: Praticam batismos vicários por pessoas falecidas, acreditando que isso lhes oferece a chance de aceitar o evangelho no além.

Evangélicos: Essa prática não tem respaldo bíblico. A única passagem usada (1Co 15:29) é altamente debatida e não justifica tal doutrina. O Novo Testamento não ensina nem aprova o batismo em favor de mortos.

Comentário: A salvação é pessoal e intransferível. Ninguém pode ser salvo pela decisão ou ritual de outro (Ez 18:20; Jo 3:16).

13. O sacerdócio

Mórmons: Todos os homens dignos recebem o sacerdócio de Aarão (a partir dos 12 anos) e, mais tarde, o de Melquisedeque. Com isso, passam a exercer autoridade espiritual na igreja.

Evangélicos: Não existe mais sacerdócio levítico ou aarônico. Cristo é nosso único sumo sacerdote, e todos os crentes são sacerdócio real (1Pe 2:9; Hb 7:23-28). A autoridade vem do Espírito Santo e da Palavra, não de linhagens ou cerimônias.

Comentário: A doutrina mórmon restabelece uma estrutura sacerdotal abolida em Cristo. Isso enfraquece a suficiência da nova aliança selada por Seu sangue.

14. Exclusivismo denominacional e restauração

Mórmons: Afirmam que após a morte dos apóstolos, houve uma “grande apostasia” que corrompeu completamente a igreja original de Cristo. Segundo eles, somente por meio de Joseph Smith Jr. a verdadeira igreja foi restaurada, e somente a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é reconhecida por Deus como Sua verdadeira igreja na terra.

Evangélicos: Rejeitamos a ideia de que a igreja de Cristo tenha deixado de existir. Jesus afirmou: "edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). Cremos que, mesmo com erros humanos ao longo da história, Deus preservou um remanescente fiel, e sua igreja jamais foi extinta ou completamente corrompida. Todas as denominações cristãs evangélicas se consideram co-irmãs e mantêm uma relação institucional diplomática. Observe que os templos mórmons vem com a nomenclatura A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS. Onde o artigo A é uma auto afirmação de que só eles são a igreja certa em relação as demais.

Comentário: O exclusivismo eclesiástico mórmon desqualifica toda a história do cristianismo antes de 1830, algo que não se sustenta bíblica nem historicamente. A promessa da presença contínua de Cristo com a igreja (Mt 28:20) confirma sua permanência até o fim dos tempos, sem necessidade de “restauração” por meio de outro mediador ou nova fundação. Nem de descomunhão das demais igrejas cristãs de origem protestante como fez o mormonismo. Recomendo uma leitura complemetar desse tópico nesta minha outra postagem: https://anti-heresias.blogspot.com/2018/03/a-igreja-de-jesus-cristo-dos-santos-dos.html

Considerações finais

Como pastor e teólogo, sinto o dever de alertar com clareza, mas sem arrogância: a fé mórmon é um sistema religioso distinto do cristianismo bíblico, embora utilize linguagem semelhante. Respeitamos as pessoas, mas não podemos relativizar a verdade. Recomendo uma leitura reflexiva sobre o mormonismo nesta minha outra postagem: https://anti-heresias.blogspot.com/2013/05/perguntas-serem-feitas-para-um-mormon.html

O intuito aqui do blog jamais será de desdenhar da fé alheia, nem incitar o ódio. Ainda que discordemos firmemente desta crença, reiteramos nosso respeito às pessoas que a professam, e afirmamos o Evangelho como o caminho de salvação.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32

Fontes recomendadas:
Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida. Alvin J. Smith.
Série Apologética. Volume V. Editora ICP.
Seitas e Heresias. Editora CPAD. Raimundo de Oliveira.
Desmascarando as Seitas. Editora CPAD. Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro.
Império das Seitas. Volume II. Editora Betânia. Walter Martin. 
Revisão ortográfica e teológica: ChatGPT 

Dúvidas e esclarecimentos escreva para anti-heresias@hotmail.com