Sempre
ouvi amigos falarem de idas aos montes para orar. Até me fizeram
convites. Mas, nunca me senti motivado para ir. Não que eu não
goste de orar, mas sempre acreditei na Bíblia, ela me diz que Deus é
onipresente, e por isso percebo e sinto sua presença em qualquer
lugar. E creio que em qualquer lugar que eu orar, Deus vai me ouvir.
Essa era a minha opinião mais amistosa sobre o assunto. Mas, foi
mudando para mais refutante quando passei a analisar com mais atenção
esse comportamento religioso evangélico que tem ganho muitos devotos
dia após dia. Vamos ao resultado dessa análise a seguir:
* Pude
perceber que as pessoas adeptas dessa prática trocam suas idas a
Escola Bíblica Dominical; os cultos em suas congregações, para
estarem em montes orando;
* Pude
observar algo estranho ao verdadeiro evangelho no relato das pessoas
que vão a esse local, dizem: “Eu fui muito abençoado por Deus
quando passei a frequentar o monte”. Outros dizem: “No monte
agente sente melhor a presença de Deus”. Ainda outros dizem: “No
monte nós temos mais liberdade para orar”;
*
Analisando os relatos das pessoas que frequentam esse lugar. Os que
mais se destacam é que as pessoas vão subindo monte tipo uma
peregrinação ou romaria católica. No local propriamente dito, as
pessoas rodam, pulam, saltam, fazem sapateados, caem. Alguns
concordam com isso, outros não. Já ouvi relatos nada religioso,
onde me disseram ver pessoas fornicando ali. Há pessoas sinceras,
picaretas e outras que estão lá por outros interesses. Mas, o fato
é que todos concordam em está ali.
Por causa
desses motivos passei então a levantar alguns questionamentos: Essa
prática é bíblica? Existe algo similar no mundo religioso que
explique tal prática?
Respondendo
aos questionamentos encontro respostas nada animadoras aos que gostam
de orar no monte e preciso relatar aqui. E como cristão bíblico e
que busco uma ortodoxia bíblica e cristã descubro que esses montes
acabam se tornando um monte de heresias. Se não vejamos:
É
BÍBLICA ESSA PRÁTICA?
Pelo
contexto das Escrituras? Claro que não. O que há são versículos
que se isolados servirão de pretexto para tal prática. Mas, todo
bom cristão que estuda a Bíblia e a tem como regra de fé e conduta
cristã vai interpretá-la dentro de seu contexto. Por exemplo, os
adeptos dessa prática religiosa usam da afirmação de que Jesus
procurava os montes para orar. Bem como Moisés também. Analisemos
alguns desses trechos da Bíblia:
“Tendo-as
despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava
ali sozinho”. (Mt.14.23). Observe que Jesus aqui procura o monte
para orar, mas quando nos ensina a orar ele diz: “Mas tu, quando
orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”.
(Mt.6.6). Buscando luz no contexto
do livro de Mateus chegamos a conclusão que Jesus não manda ninguém
orar no monte. Ele foi orar no monte provavelmente por que a multidão
não lhe deixava sossegado para orar em outro lugar. Em momento algum
Jesus atribui ao monte alguma coisa sagrada.
“E,
tendo o Senhor descido sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte,
chamou a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu”. (Êx.19.20).
Observe nesse caso que Deus se faz presente no monte e chama Moisés
a subir para um encontro que tem propósitos divinos. Se você for
para o capítulo seguinte verá que Deus entrega a Moisés os
mandamentos (Êx.20.1-17). Em fim, em parte alguma da Bíblia vemos
Deus mandar pessoas se reunirem em montes para orarem. Não há
nenhuma ordem expressa nas Escrituras que mande o cristão orar no
monte. Não tem propósito divino algum nisso.
O fato é que biblicamente, esse comportamento de que no monte Deus
se faz mais presente é errado. Esse pessoal nunca leu o Salmo 139?
Lá está escrito:
“Se
subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que
tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar, ainda
ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá”. (idem
v.8-10). Jesus disse: “Pois onde se acham dois ou três reunidos em
meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt.18.20). Ora, Jesus não
disse onde, o foco de sua presença está nas pessoas e não no
lugar. Paulo escreveu: “Ou não sabeis que o vosso corpo é
santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da
parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. (1Co.6.19). Todo
cristão é morada de Deus, templo do Espírito Santo. Então por que
buscar um lugar místico?
De onde vem isso? A resposta desse questionamento se ressalta aqui
nossa próxima pergunta: Existe algo similar no mundo religioso que
explique tal prática?
DE ONDE VEM ESSA PRÁTICA?
Como
diz a Bíblia: “O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que
se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo
debaixo do sol”. (Ec.1.9). Não tem novidade na terra, essa
prática assemelhasse ao paganismo religioso bem antigo, conhecida
como “totemismo”. Descobrimos essa prática quando vamos cursar o
bacharelado em teologia onde nos deparamos com o “comportamento
religioso”, cadeira conhecida como “psicologia da religião”. O
prefixo “totem” designa qualquer objeto, clã, coisa, animal ou
planta que seja cultuado como divindade ou que se atribui como lugar
mistico. “Totem” tem a representação de um brasão, símbolo ou
talismã (amuleto, fetiche). O sufixo “ismo” é a tendência para
tal prática. A prática de orar nos montes tem semelhanças com o
totemismo. Isso porque o lugar é tido como místico. Tipo, como
falei acima na declaração das pessoas que ouvi, onde afirmam serem
muito abençoadas por terem frequentado o monte. É como se o lugar
operasse milagrosamente e não Deus. Se não fosse o lugar e não
Deus tal benção não chegaria. Isso é semelhante a crenças do
totemismo. Outra informação relevante é que boa parte das pessoas
que frequentam o monte são de segmento neopentecostal. Movimento já
refutado por mim no blog ANTI-HERESIAS: Veja; bem como os rituais de oração
que ocorre nesses montes regados a giros, pulos, sapateados, quedas
ao chão, mais conhecido como “reteté” que também tenho postado
no mesmo blog: Veja. O movimento “neopentecostal” tem um flagrante
apego ao totemismo não só nas visitas aos montes, mas na
consagração do copo com água, e vários objetos em que são
introduzidos na prática religiosa desse movimento para realização
de seus ritos. O totemismo é uma crença bem antiga assim como o
xamanismo, que se assemelha ao reteté. Tudo fonte de alimentação
do paganismo e da feitiçaria. Fato esse que me leva a lembrar aquela
igreja de Apocalipse muito tolerante a personagem antiga chamada
Jezabel. Vejamos o texto: “Mas tenho contra ti que toleras a mulher
Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se
prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos”. (idem
2.20). Essa igreja (de Tiatira) tinha uma conformação muito grande
com aquilo que a mulher Jezabel, personagem citada na Bíblia no AT
como mulher religiosa, sacerdotisa do culto ao deus Baal, que
tornou-se pedra de tropeço do rei de Israel: Acabe, que foi muito
repreendido pelo profeta Elias. Jezabel (sua esposa) praticava o
culto a Baal regado a muita feitiçaria. Esses cultos a Baal eram
comumente cheios de totemismo. Não precisamos pesquisar muito para
encontrar na Bíblia passagens reprovando o povo de Israel se
deixando levar para irem aos montes, altos ou outeiros em que havia o
totem:
“Sacrificam
sobre os cumes dos montes; e queimam incenso sobre os outeiros,
debaixo do carvalho, do álamo, e do terebinto, porque é boa a sua
sombra; por isso vossas filhas se prostituem, e as vossas noras
adulteram”. (Os.4.13);
“Ele
fez também altos nos montes de Judá, induziu os habitantes de
Jerusalém à idolatria e impeliu Judá a prevaricar”. (2Cr.21.11);
“Porque
também eles edificaram altos, e colunas, e aserins sobre todo alto
outeiro e debaixo de toda árvore frondosa”. (1Rs.14.23);
“Também
oferecia sacrifícios e queimava incenso nos altos e nos outeiros,
como também debaixo de toda árvore frondosa”. (2Rs.16.4);
“Certamente
em vão se confia nos outeiros e nas orgias nas montanhas; deveras no
Senhor nosso Deus está a salvação de Israel”. (Jr.3.23).
Apocalipse 2.20 fala de “prostituição”. Isso por dois motivos:
haviam cultos a baal com prostituição sagrada (1Rs.14.24), muito
comum naquela época; e também porque na “prostituição” ocorre
“mistura” interpretada como “sincretismo” religioso, algo
muito apresentado pelos profetas de Israel em forma figurada como
prostituta quando o povo adorava a Yahveh e também aos deuses das
nações vizinhas (Os.1.2; Ez.16.25-29). Portanto, a tolerância
daquela igreja de Apocalipse não era a essa mulher pois ela existiu
a muito tempo antes. Mas, Jesus revela que aquela igreja aceitava
frouxamente a prática de alguma coisa ligada a feitiçaria, ao
totemismo, ao culto pagão. Tolerava um sincretismo religioso. Isto
é, a sua prática religiosa era meio cristã e meio pagã.
Semelhantemente, os que vão para esses montes, caem na mesma
advertência de Jesus. E por aplicação agem como essa igreja de
Apocalipse.
CONCLUSÃO
Os mais sinceros que vão ao monte simplesmente para orar, fica aqui
o meu conselho: é muito difícil não se misturar ou concordar com
tais práticas. Pois quem cala consente e a Escritura já adverte:
“Abstende-vos de toda espécie de mal”. (1Ts.5.22). Aos que se
envolvem com tudo isso que tá qui, minhas sinceras admoestações:
Arrependei-vos! A Palavra de Deus repreende:
“Ovelhas
perdidas têm sido o meu povo; os seus pastores as fizeram errar, e
voltar aos montes; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do
lugar de seu repouso”. Jeremias 50.6
Entretanto, meu intuito aqui jamais será de desdenhar da fé alheia, nem incitar o ódio. Ainda que discordemos firmemente desta crença, reiteramos nosso respeito às pessoas que a professam, e afirmamos o evangelho como o caminho de salvação.