“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem” (1Co.11.28-30).
A falta de conhecimento bíblico, o desrespeito aos princípios de interpretação da Bíblia e a falta de discernimento são os vilões do grande amontoado de heresias, modismos e leis humanas presentes na igreja, resultando assim em igrejas doentes e sem vida. Porque seus líderes não permaneceram nas palavras de Jesus (Jo.8.31,32), não souberam discernir o corpo de Cristo, dão amém a tudo o que se vê e ouve (1Ts.5.21), acarretando em enfermidades espirituais para a vida da igreja. Nisso só quem sofre é o povo leigo, como folhas levadas ao vento por toda sorte de doutrina: “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef.4.14). A obra de Deus tem sofrido com isso: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm.4.3,4). Quantas pessoas deixaram de ouvir a doutrina sadia, pura, sã (que é a “bíblica”), para se deleitarem em fábulas, dogmas, filosofias e costumes humanos!
Está faltando um auto-exame da igreja, uma reflexão sobre o seu papel e sua mensagem. A Bíblia nos orienta: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2Co.13.5).
Para não transformar-nos em “igrejas doentes” devemos nos alimentar periodicamente da Palavra de Deus, de uma comunhão com o Deus desta Palavra e fazermos um bom uso dela, verificando sempre sua época, sua cultura, sua língua e respeitando suas palavras quando forem “literal” ou “figurada” (ler Sl.1.2; Mc.14.38; Pv.30.5,6; At.17.10,11). Procurando sempre uma “Teologia Moderada” (Rm.12.3; Fp.4.5; 2Tm.1.7). Crendo na sua suficiência como Palavra de Deus (2Tm.3.16).
Diante de quase três décadas de caminhada cristã tenho visto muito “igrejas doentes”. Eu Acredito que para sermos “igrejas sadias” exige sacrifício, integridade e renúncia. Todas as igrejas correm riscos de serem “igrejas doentes” se não fizerem sua parte: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc.9.23). Isso é como a saúde do nosso corpo: Boa dieta alimentar, noites bem dormidas e exercícios físicos. A igreja doente não faz boa alimentação da Palavra, nem descansa no Senhor e nem tem se exercitado espiritualmente. Esse tipo de igreja não está condenada à morte, o que precisa ser feito as Escrituras nos informa: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...” (Ap.2.5). Poderá ser condenada a morte, se não der ouvidos ao Espírito Santo: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap.2.29).
O que mostrarei a seguir não é nenhuma novidade em nosso meio, mas uma realidade. Pois como já dizia a Bíblia: “O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol” (Ec.1.14). Não tenho a intenção de taxar a igreja de ninguém. Porém levar-nos a uma reflexão do que temos sido na expectativa de mudanças!
A IGREJA LEGALISTA
Tudo é pecado. É uma Igreja sem vida, sem liberdade e sem amor. Todo mundo fica policiando a vida um dos outros. É uma igreja de jugo pesado, pregadora de “usos e costumes”, onde seus membros são sufocados com leis determinadas por homens que usam versos bíblicos isolados para manipular. Vive-se uma vida de utopia e sofismas.
Objeção bíblica: Mt.7.1; 11.30; 23.4; Jo.10.10b; 1Co.2.13; 4.5; 10.23; 11.16; Cl.2.20,21; Gl.5.1; Jo.7.24; At.15.10; Ef.2.8,9; Rm.3.28; 6.23; 11.29.
A IGREJA JUDAIZANTE
Este tipo de igreja é alimentada por um sentimento de usurpação do povo judeu. Tomam para si as “promessas”, “costumes”, “tradições” e “leis” que Deus deu ao povo judeu. Havia um sentimento parecido como esse nas igrejas da era apostólica (Ap.2.9; 3.9). Esses “falsos judeus” mencionados no texto eram judeus que procuravam firmar sua origem no Patriarca Abraão. Hoje os falsos judeus são “gentios”, que aboliram o povo hebreu, mas preservam suas leis, costumes e roubam suas promessas (que nem todo judeu tinha direito, Rm.9.6-8).
Objeção bíblica: Dt.30.1-8; Sl.147.19,20; Os.2.11; Cl.2.13-18,20-23; Rm.3.29; 9.30; Tt.1.14; Gl.3.1-11,24,25; Rm.11.1,28,29; At.15.5,6,10,11,19,28.
A IGREJA LIBERAL
Não acredita mais que “pecado” é pecado. Em nome da “graça” abusam da misericórdia de Deus. É uma igreja pregadora da “graça barata”. Evitam o legalismo, mas esquecem da piedade, do pudor, da modéstia. É o extremo da igreja legalista. Tudo é “normal”. Seus membros vivem atolados em pecados, um após o outro. Onde a mensagem da cruz e do arrependimento já sumiu de seus púlpitos.
Objeção bíblica: Mt.3.8; Mt.24.13; Ez.18.24; Rm.6.15; At.2.38; 3.19; Hb.3.13; Ap.2.25; Tg.2.14; Gl.6.14; 1Jo.1.8; 3.9; 5.17,18; Gn.35.2.
A IGREJA RACIONALISTA
É uma igreja que valoriza mais a sabedoria humana do que a unção divina. Mais filosófica do que teológica. A Bíblia não é a Palavra de Deus. Apenas “contém a palavra de Deus”. Sendo muitas vezes a mesma substituída por outras literaturas. A fé é racional e os milagres, tanto os bíblicos como os contemporâneos, são questionados. É uma igreja que, na preocupação com as “meninices”, desprezou as profecias e extinguiu o Espírito.
Objeção bíblica: Mt.23.24; Is.41.22; Lc.11.42; Jo.20.27; Tg.3.15,17; Cl.2.8; 1Co.2.1,4,5; 1Ts.5.19,20; Hb.11.1,6; 13.8; 2Tm.3.16.
A IGREJA DAS TRADIÇÕES
Autoridade da tradição tem mais valor do que a autoridade das Escrituras. Para esta igreja tudo depende de sua tradição, do que foi determinado por ela no decorrer dos séculos, não do que a Bíblia diz ou ensina sobre determinado assunto. Para manter seus membros presos a sua tutela, ensina-se que a sua denominação é a única igreja verdadeira e que foi fundada por Jesus.
Objeção bíblica: Mt.15.3; 16.16,18; Is.28.16; Zc.10.4; 1Co.3.11; 10.4; 1Pe.2.4,5; At.1.15-26; Jo.14.16,17; 1Co.2.12; Lc.22.25,26; 2Tm.3.16; Ef.5.23; Gl.2.8-14.
A IGREJA MEDÍUCRE
Crescimento, movimentos evangelísticos, reformas, desafios, expansão, são palavras que não fazem parte do vocabulário desta igreja. É uma igreja sem visão missionária. Ficou estagnada no tempo. Vive numa “mesmice” espiritual que enfada os olhos de Deus.
Objeção bíblica: Gn.22.2; Dt.28.13; Is.1.14; Ml.3.10; Ez.3.18; Jn.1.2,3; 1Cr.28.20; Mt.28.19; Ef.1.3; 5.14; 2Co.13.5.
A IGREJA ALIENADA
É muito semelhante a igreja legalista. Mais parece uma seita do que uma denominação evangélica. Todas outras igrejas apostataram e só ela permaneceu. Os membros são proibidos de ver televisão, usar computadores, instrumentos musicais sofisticados em seus templos, ler livros ou revistas além da Bíblia. São totalmente desenformados e antiquados. Infelizmente é a igreja mais conhecida pelos descrentes.
Objeção bíblica: 1Ts.5.21; 2Tm.4.13; 1Co.6.12; 1Pe.1.17; Tg.2.1,9; Cl.3.10,11; Rm.2.11; Sl.150.4; At.4.11,12; 2Cr.5.13; Jo.14.6.
A IGREJA MÍSTICA
Tudo é espiritual. Sempre há uma coisa sobrenatural em suas atividades. Fala-se mais no diabo do que em Jesus. Consideram a experiência pessoal mais sagrada do que a Bíblia. Uma igreja que celebra o culto aos anjos. A Bíblia e o estudo bíblico são de pouco valor. São contra a preparação de sermão e estudos bíblicos. Vivem só de seguir videntes e visões. Suas reuniões mais parecem com um culto afro-brasileiro do que um culto evangélico!
Objeção bíblica: Cl.2.18; Mt.4.10; 22.29; Jr.14.14; 17.9; At.17.11; Sl.1.2; Js.1.8; Gl.1.8; Pv.30.5,6; Rm.12.1; 1Co.4.6; 14.40; Ap.19.10; Jo.14.26; 1Tm.4.16.
A IGREJA FANÁTICA
É uma igreja que tudo é exagerado. Parecida com a igreja legalista e alienada. Muito barulho e pouca sabedoria. Muito grito e pouco conteúdo. As disciplinas espirituais se transformam em mandamentos obrigatórios e não voluntários. Tudo é extremo. Aceita tudo cegamente sem examinar. Não tem tolerância. Tudo é coisa do diabo. Estabelece obstáculos de fé e piedade intransponíveis. Transporta fardos imensos sem necessidade.
Objeção bíblica: 1Co.13.2; 14.33; Mt.9.16; Jo.8.4-11; Tg.2.10; 1Jo.3.4; Rm.3.23; 12.3; 2Tm.1.7; Fl.4.5.
A IGREJA DA PROSPERIDADE
É uma igreja que prega um mar de rosas para seus seguidores. Ao se entregar para Jesus, segundo eles, o novo cristão gozará de benefícios materiais tais como casa própria, carro do ano, novo emprego, etc. Deus vira mordomo e deixa de ser Senhor. Nesse mar de utopia muitos têm se desiludido do evangelho e naufragado na fé diante da dura realidade do mundo e suas aflições. Alguns até se decepcionaram com Deus e com sigo mesmo. Vive uma vida de cobranças.
Objeção bíblica: Jo.16.33; 1Jo.5.14; Rm.8.35; 12.12; 2Co.1.4; 6.4; 2Tm.3.1; 4.5; Fl.4.11; Ap.2.9; Tg.4.3; 5.11.
A IGREJA DO EVANGELHO BARATO
Este tipo de igreja tem surgido como resposta a uma sociedade materialista, consumista e imediatista. Está igreja está mais preocupada em dar o que o povo gosta do que o que Deus quer. Em nome da “fé” objetos comuns viram verdadeiros “fetiches”. Seus cultos são cada vez mais apelativos e diversificados. O importante é se está dando certo, se é bíblico não tem importância, textos isolados do seu contexto são selecionados para se respaldarem. Algumas de suas crenças mais parecem “confissão positiva” do que “bíblica”. Tais como: “O evangelho da prosperidade”, “maldição hereditária”, “gargalhada sagrada”, “espíritos territoriais” e usuários também das teorias de “auto-ajuda”, “poder da mente”, “pensamento positivo”6 e etc. Filosofias orientais camufladas de “evangélicas”.
Objeção bíblica: Gl.1.8; 1Co.4.6; Cl.2.8; Ez.18.20; Jr.31.29-30; 1Co.5.7; Rm.6.6,7; Gl.3.13; Cl;2.14,15; 1Tm.4.1,2; 2Pe.2.1-3.
A IGREJA DO PROSELITISMO
São aquelas igrejas que não querem pagar o preço de levar a semente do evangelho aos descrentes. Mas se detêm em surrupiar pessoas já evangelizadas e convertidas em outras igrejas evangélicas.
Objeção bíblica: Pv.6.6; Rm.10.14,15; 15.20; Mt.28.19; Lc.19.10; Mt.9.12.
CONCLUSÃO
A igreja saudável é aquela que foge desses extremos. Que si edifica na rocha que é Jesus “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co.3.11). Que não abre mão da Palavra de Deus em hipótese alguma “Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade” (2Co.13.8). Onde toda santa ceia é um momento de avaliação ministerial e individual (1Co.11.28). Que vive do evangelho da graça de Deus (Gl.1.8) e do senhorio do Espírito Santo em suas vidas (Jo.17.13). É uma igreja que coloca suas experiências pessoais à luz da Bíblia e não o contrário. Que não limita a operação sobrenatural do Espírito Santo, e nem crer que Deus só agiu nos tempos bíblicos. Entretanto sua base é a Escritura, ela nos orienta a “provar os espíritos” (1Jo.4.1) e toda revelação doutrinária se resume no que está escrito (Pv.30.6; Ap.22.18, Gl.1.8,9; 1Co.4.6). Foi com base nesta Escritura que a Igreja Cristã foi reformada sob o lema: “sola scriptura”. Deixá-la de lado em nome de uma “espiritualidade” será o nosso “êxodo” ao paganismo!
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