quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

DOGMAS EVANGÉLICOS















Texto introdutório: 

“Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos, quando comem. Ele, porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? Porque Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Mas vós dizeis: Se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou a sua mãe. E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição”. (Mt.15.2-6).

Como esse assunto é mais abrangente, minha proposta é focar-me no tema. Assim, toda e qualquer dissertação sobre dogma será no contexto evangélico. Muitos de nós pensamos que “dogma” é uma prática somente católica. Quando na verdade, percebemos que no meio evangélico existe e muito.

SUA TERMINOLOGIA
A raiz da palavra, “dogma”, vem do latim “atis”, que deriva do grego “atos”, “decisão”. Dogma é um assunto em que a Igreja, em sua forma de governo, decide se posicionar em determinada linha de pensamento que surge do não fechamento das Escrituras ou do silêncio da mesma. Que nasce da necessidade de regulamentar: confissão de fé, atos, condutas e procedimentos da instituição ou do cristão.

Os dogmas surgem fora da revelação bíblica (fora da sã doutrina) por tradição da comunidade evangélica ou de uma igreja local. E que atravessa as décadas e por se tornarem antigos, acabam de certa forma sendo tratados em pé de igualdade com as Escrituras (tipo: usos e costumes, rede ministerial, alguns artigos de estatuto e de regimento da igreja, etc.) e que precisam ser colocados no lugar de inferioridade a Palavra de Deus e sempre revisados à luz da Palavra de Deus.

SEU DESDOBRAMENTO
Os “dogmas” tornam-se linhas de pensamentos na brecha da revelação bíblica. Exemplo disso são as questões polêmicas sobre assuntos doutrinários em que a Bíblia não fecha (tipo: continuísmo pentecostal, sesacionismo reformado, pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo, calvinismo, arminianismo, etc.).

As doutrinas bíblicas, que surgem da revelação de Deus, não possuem dogmas, elas vêm como o apóstolo Paulo a intitulava: “sã doutrina”. Os dogmas se unem as doutrinas bíblicas e tornam-se o que chamamos de “confissão de fé”. Porém, existem confissões de fé ou Credos da igreja que não possuem dogma nenhum. Exemplo disso são os credos: APOSTÓLICO, NICENO, ATANASIANO E CALCEDONIANO. Que foram os primeiros credos do cristianismo. Hoje muitas igrejas, denominações, congregações, colocam as doutrinas bíblicas em seus credos. Porém, acrescentam seus dogmas.

O LADO NEGATIVO DO DOGMA
Alguém já disse “É mais fácil o povo evangélico quebrar uma doutrina bíblica do que quebrar um dogma”. Esse é o grande problema do dogma. Porque, o dogma, algumas vezes não é uma heresia interna ou que em si traga algum mal para o cristão. O problema do dogma nesse ponto é a exaltação que dão a ele em detrimento do evangelho de Cristo e das doutrinas bíblicas.

O LADO SUBVERSIVO DO DOGMA
Temos dogmas que surgem não por tradição, mas por “modismo religioso” e são produto de um manuseio subjetivo das Escrituras (tipo: unção de Toronto, teologia da prosperidade física e financeira, cura interior, teísmo aberto, evangelho social, movimento G12, MDA, etc.). Diferente da doutrina bíblica, esses dogmas que surgem por “modismos” tornam-se em heresia (ensino contrário, deturpado ou excedente da Palavra de Deus).

COMO LHE DAR COM OS DOGMAS?
Texto bíblico para reflexão:

“para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” .1Tm.3.15

Pois bem, depois de buscarmos aqui uma definição, explanação do assunto, precisamos saber agora qual postura temos de tomar quando o assunto for dogma, “como se deve proceder na casa de Deus”. Deixo então aqui algumas instruções:

1) Tratando-se de dogmas tradicionais, aqueles que surgem por tradição da comunidade evangélica. Devemos fazer o que eu já orientei acima, colocá-lo no seu devido lugar. Tendo sempre a Palavra de Deus como superior. Nunca vê-lo como verdade absoluta ou como um assunto impossível de ser revisado. Nesse contexto, quando o assunto é dogma, temos que buscar na Palavra de Deus a melhor resposta para o assunto fazendo uso da hermenêutica bíblica. Evitar forçar a Bíblia dizer o que ela não está dizendo, pois muitos, por força da tradição, do dogma, acabam negligenciando o uso dos princípios da hermenêutica bíblica caindo numa interpretação subjetiva do texto sagrado. E quando a Bíblia não fechar a questão, assumir o assunto como um dogma e não como uma doutrina bíblica. (1Co.10.23-33).

2) Quando estivermos diante de dogmas teológicos, linhas de pensamentos teológicos. Devemos buscar uma postura de humildade, de moderação, de flexibilidade, quando estivermos discutindo-o ou expondo para as pessoas. O discurso arrogante, extremo, radical, só leva a divisão da Igreja de Cristo no modo geral (2Tm.1.7; Pv.3.5; 22.4). Torna inspiração divina aquilo que não está claro na inspiração divina. E isso leva para o lado do EXCLUIVISMO. Que é a primeira característica das SEITAS PSEUDOCRISTÃS. Não fomos chamados para defender dogmas, mas o evangelho de Jesus Cristo (Fp.1.16).

3) Quanto aos dogmas de modismos religiosos, o cristão deve tratá-los da mesma forma como se trata os dogmas tradicionais e dogmas teológicos. Porém, os dogmas de modismos religiosos surgem como a “descoberta da roda”. E por isso têm um poder de sedução e ilusão muito grande. E como são em sua maioria produto de um estudo superficial e subjetivo da Bíblia Sagrada o risco de tornarem heresias internas é muito grande. Daí a necessidade de acrescentar aqui um posicionamento radical e em alguns casos de refutação bíblica individual ou em público visando quebra e dispersão desse tipo de dogma (Cf. Ef.4.14,15; Pv.30.5,6; 1Co.4.6; 2Pe.1.20,21).

CONCLUSÃO
É imprescindível no trato com os dogmas, o uso da ética, da moderação e do bom senso (Lc.6.31; At.26.25). Pois, se um cristão pertence a uma congregação ou igreja local que possui alguns dogmas (pois é impossível hoje encontrar uma igreja evangélica que não tenha dogmas) e o mesmo não quer se submeter ou pelo menos respeitá-los, o correto seria procurar outra congregação em que esse dogma não seja observado.

Infelizmente, as pessoas gastam muita energia defendendo dogmas, se desgastam sem necessidade, criam inimizades, partidarismos, perdem amigos, separam-se famílias, saem de suas congregações, por causa de dogmas. Ao invés de se focarem na Palavra de Deus, em suas doutrinas, em divulgar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, gastam mundos e fundos para divulgarem e protegerem dogmas. 

DÚVIDAS RELACIONADAS:

1) É possível um dogma religioso ser uma doutrina bíblica? Não, porém se esse dogma retrata um princípio ou uma teologia bíblica, ele pode ser entendido como parte de uma doutrina bíblica. Exemplo: A visão, missão e valores de uma igreja.

2) O ministério pastoral exclusivamente masculino é um dogma ou uma doutrina? O ministério pastoral ser exclusivo do macho, do homem. É um dogma de “usos e costumes” da igreja. O dogma de usos e costumes surgiu com uma interpretação radical da Bíblia que deixa de lado os princípios históricos e culturais da hermenêutica bíblica. E foca-se apenas no gramatical.

3) Porque os dogmas existem? Por que as pessoas gostam de inventar novidades. Por causa da necessidade de respostas a assuntos em que a Bíblia não responde. Surgem por causa dos apegos a tradições e regulamentação de desordens.

4) Qual a diferença entre doutrina bíblica e dogma religioso? É simples, enquanto que a doutrina surge da hermenêutica bíblica e está na Bíblia, o dogma é produto do silêncio da Bíblia ou do não fechamento da Bíblia em certos assuntos. Confira minha explanação sobre isso aqui

5) Como Jesus vê os dogmas? Tratando-se de dogmas teológicos ou tradicionais (dogmas que não sejam heréticos ou modismos), Cristo vê como uma forma que sua igreja encontrou de se organizar, crer e conviver. Ele nos deixou as seguintes palavras: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus”. (Mt.18.18). Assim, a igreja, em sua forma de governo tem de Cristo certo apóio, contanto que tais dogmas (decisões) não venham a igualar, contradizer, ultrapassar ou conflitar com sua Palavra como ocorreu em Mt.15.2-6 (texto que apresentei aqui na introdução). E que não venha a se tornar fardo pesado sobre os cristãos (Cf. At.15.10).

6) A questão da indissolubilidade matrimonial é um dogma ou uma doutrina? É um dogma, e de origem católica. Indissolubilidade matrimonial significa que o casamento não pode dissolver-se. E são poucas as igrejas evangélicas hoje que o adotam. Biblicamente, esse assunto não é fechado. Por isso é dogma. Por exemplo, em Mateus 19.9 Jesus deixa claro que as relações sexuais ilícitas são ressalvas do “divórcio”. Que quer dizer “Dissolução absoluta do vínculo conjugal”. Já o apóstolo Paulo na sua carta que escreveu dar certo apoio ao posicionamento da indissolubilidade matrimonial (Rm.7.2). Todavia, quando fala de casamentos mistos, ele expressa ao cônjuge que ele não deve ficar em uma “servidão” e que “aparte-se”. (1Co.7.15). Em fim, não há uma posição categórica das Escrituras quanto a indissolubilidade do casamento. Sendo, portanto, um DGOMA da igreja Católica e de poucas igrejas evangélicas.

7) A figura do pastor vista como "sacerdote" é correto? Não, isso é dogma subversivo de algumas denominações evangélicas que perderam a noção do que é ser "evangélico", "protestante". Onde uma das mensagens mais pregadas na época dos reformadores (as raízes dos evangélicos) era: o sacerdócio universal dos crentes. (Cf. 1Pe.2.5,9; Rm.12.1; Ap.1.6; 20.6). O pastor (tendo cognome de bispo ou presbítero) é um líder de uma igreja local ou congregação, responsável para pastorear e aperfeiçoar seus membros (Cf. At.20.28; Ef.4.11,12; 1Pe.5.1-3). Jamais de "mediador", "substituto (vigário) de Cristo", "representante de Deus" ou coisa parecida.

COMO IDENTIFICAR UM DOGMA?

1) A maioria dos dogmas não constam na Bíblia ou a mesma não é tão clara ou conclusiva sobre o assunto;

2) O dogma está mais ligado a uma decisão dos homens do que uma interpretação objetiva da Bíblia Sagrada;

3) O dogma algumas vezes vem de influencia externa da Bíblia (tipo: filosofia, psicologia, sociologia, modismos, usos e costumes de uma cultura, etc.);

4) O dogma tem um discurso com base muito mais em tradições do que na Palavra de Deus;

5) O dogma representa muito mais uma organização ou instituição do que a igreja de Jesus.


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