domingo, 1 de julho de 2012

BANALIZAÇÃO



O que vem a ser isto? Quer dizer “torna-se banal, vulgar, vulgarizar-se; comum, ordinário, trivial”. Essa palavra não encontramos na Bíblia. Porém, o seu significado está bem presente em seu texto. Tomemos alguns exemplos de “banalização”:

“Tinha Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio do campo Esaú e lhe disse: Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois estou esmorecido. Daí chamar-se Edom. Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura? Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Deu, pois, Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura”. (Êx.25.29-34).

“Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não se importavam com o SENHOR; pois o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém sacrifício, vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de três dentes na mão; e metia-o na caldeira, ou na panela, ou no tacho, ou na marmita, e tudo quanto o garfo tirava o sacerdote tomava para si; assim se fazia a todo o Israel que ia ali, a Siló. Também, antes de se queimar a gordura, vinha o moço do sacerdote e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não aceitará de ti carne cozida, senão crua. Se o ofertante lhe respondia: Queime-se primeiro a gordura, e, depois, tomarás quanto quiseres, então, ele lhe dizia: Não, porém hás de ma dar agora; se não, tomá-la-ei à força. Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o SENHOR, porquanto eles desprezavam a oferta do SENHOR”. (1Sm.2.12-17).

Estamos numa época na qual havia falado o Senhor Jesus: “Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios”. (Mt.24.48,49). Isto é, muitos cristãos estão agredindo a fé comum e negado a sobriedade cristã. Sobriedade da sã doutrina, do evangelho puro e simples, da fé cristã contida nos evangelhos e cartas do Novo Testamento.

Hoje tudo tem se tornado banal. Até mesmo as coisas espirituais, como exemplifiquei banalização nas narrativas de Esaú e dos filhos de Eli acima.

Podemos ver em cada área da vida esse fenômeno ocorrer. E temos a palavra profética se cumprindo em cada uma das coisas que ficaram banais. Vejamos:

A BANALIZAÇÃO DA INIQÜIDADE
A palavra “iniqüidade” vem do grego “anomia” que quer dizer “desprezo e violação da lei”. Onde “nomia” quer dizer lei, e “a” quer dizer “contrário”. Ser contra a lei civil tem sido uma das coisas mais comuns em nossos dias. Ser contra a lei divina ainda mais. Exemplo: Hoje, os gays querem a todo custo que suas práticas sejam aceitas como corretas. E aquilo a Bíblia ou a lei divina diga sobre isso fique como errado. Isso é banalização da iniqüidade. Esse sentimento de aversão a lei se tornou banal. Quem cumpre a lei? Digo pelo menos a própria lei civil? Hoje, por um punhado de dinheiro se burla qualquer lei. Olhemos para violência, o ódio pelas pessoas, tem crescido tanto que o amor tem sido ofuscado nos corações. Jesus falou sobre a banalização da iniqüidade: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos”. (Mt.24.12). Jesus disse que isso iria se “multiplicar” quando estivesse próximo de sua vinda. Isto é, a banalização da iniqüidade é um sinal da vinda de Cristo.

Porque a iniqüidade (a aversão a lei) tem se multiplicado? Porque o homem despreza o conhecimento de Deus revelado tão claramente na natureza, na Bíblia Sagrada e em Jesus Cristo. O desprezo ao conhecimento (epignosis: conhecimento preciso e correto) de Deus, tem levado a humanidade para uma mentalidade banal de iniqüidade. Isso o apóstolo Paulo previu claramente em Romanos 1.28-32:

“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”.

A BANALIZAÇÃO DA FÉ E DO MILAGRE OU PRODÍGIO
Percebemos num estudo cuidadoso da Bíblia que a fé e o milagre são duas coisas bem incomuns. Deus age na Bíblia de forma sobrenatural em casos raros, pontuais, na história de Israel e da Igreja. Os milagres bíblicos são casos extraordinários e não corriqueiros. Os períodos que intercalam uma ação sobrenatural de Deus são verdadeiros abismos. 

Temos por exemplo o caso de Deus agir na vida de José no Egito trazendo um simples prodígio de discernir o sonho do faraó e guardar toda aquela região de fome e seca até Moisés ter um encontro com Deus em uma sarça que ardia e não se consumia. Temos aqui um intervalo de 400 anos.

Como exemplo de que a fé também não é banal, temos o povo de Israel no período do reinado de Davi. Um povo com fé em um único Deus. Porém, vários povos ao seu redor tinham fé em outros deuses.

Tanto a fé quanto os milagres ou prodígios não são banais. Todavia, hoje, todo mundo afirma ter fé em Jesus. E dizem em suas denominações e templos que acontecem milagres toda hora. Esse tipo de banalização redunda em outro tipo de banalização:

A BANALIZAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
Com o advento do pentecostalismo evangélico e católico (a RCC) é muito comum ir para uma casa de oração ou igreja e encontrar lá uma pessoa entregando revelação para todo mundo. Parece que tem um anjo que trabalha direto no correio celestial e está de conchavo com o “profeta”. Que por sinal, todo mundo agora quer ser profeta. É muito corriqueiro ouvir hoje no meio evangélico dos rádios, TV e vídeos na web a frase: “Eu sou profeta de Deus para a sua vida” ou “eu sou profeta dessa nação”; etc.

Temos também a febre do momento, todo mundo se diz APÓSTOLO. Esses dons ministeriais exclusivos do período da revelação bíblica que teve o seu desfecho em Patmos com João. Que fizeram parte do fundamento da Igreja de Cristo (Efésios 2.20), ainda hoje, com a Igreja de Cristo já fundamentada e com sua edificação seguindo avante. Aparecem-nos agora esses charlatões considerando-se “apóstolos e profetas”.

De quebra ainda temos os que tiveram uma visão celestial e até infernal, da qual já contestei em outro texto que escrevi aqui. Outros foram arrebatados em espírito, caem ao chão, viram cachorros, macacos, marcham, sapateiam, se esperneiam, rodopiam, afirmando isso ser um dom do Espírito Santo. Onde a dura advertência de Apocalipse 22.18 tornou-se obsoleta. Também as recomendações de 1Coríntios 14.33,40 e Romanos 12.1. E ainda, como pode o mesmo Espírito Santo que produz na vida do cristão o fruto do “domínio próprio” ou “temperança” (Gálatas 5.23) e levar o mesmo ao descontrole emocional e esquizofrênico? Com certeza não são dons espirituais, mas sim carnais.

Essa falta de temor e tremor diante das coisas espirituais é falta de conversão verdadeira. Temos um grande número de pessoas aderindo ao cristianismo nominal e não ao cristianismo radical, transformador, bíblico. O apóstolo Paulo escreveu: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp.2.12). Ora, como alguém vai desenvolver a salvação se nunca a abraçou verdadeiramente? Por isso que não têm temor e nem tremor em suas manifestações “espirituais”. E esse comportamento tem levado também a outro tipo de banalização:

A BANALIZAÇÃO DO SAGRADO
Não se tem mais o sagrado como algo que não deve ser violado. As pessoas têm prazer hoje na violação. Fazem-se piadas, filmes, crônicas, sobre Jesus Cristo. Usam do altar para fazer picadeiro de circo. As animações vão desde a manipulação de cobras até pregações filosóficas ou animadoras de auditório. Tomaram do dízimo e das ofertas como fonte de prosperidade e riquezas e não como demonstração de generosidade e gratidão. O louvor ou o culto a Deus transformaram-se em show ao ego humano. Uma busca não por Deus, mas por satisfação pessoal. Muitos cristãos hoje vão aos templos de suas igrejas não para buscar adorar a Deus e ouvir a sua Palavra, mas para se sentirem bem e receberem mensagens de auto-ajuda e motivacionais. A doce frase de C. S. Lewis que nos disse: “Se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo”. Ficou esquecida num passado distante de anos dourados da fé evangélica. Hoje o que temos é um amontoado de escritores e mestres picaretas em busca de vender seus livros, DVDs, despejando suas heresias destruidoras nas massas de manobra e alienadas que, com a Bíblia na mão se alimentam de frases prontas e jargões religiosos retirados da Palavra de Deus com a mais vil astúcia dos mestres do engano. Onde o uso da hermenêutica e do bom senso ficou ultrapassado, o que vale é as aplicações pessoais. Em detrimento daquilo que vem da alma do escritor bíblico, do contexto textual e histórico. Temos como exemplo disso a pregação do pastor Silas Malafaia, intitulada: Uma vida de prosperidade e os livros de Benny Hinn, Kenneth Hagin, Joyce Meyer e Joseph Murphy.

A Palavra de Deus passou a ser negociada com o universalismo e o ecumenismo descarado de muitos pastores. Diante disso, temos a admoestação do apóstolo Paulo: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”. (2Co.2.17). E ainda: “pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade”. (idem 4.2). E temos a admoestação do apóstolo Pedro: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...”. (1Pe.4.11).

A BANALIZAÇÃO DA IGREJA LOCAL
Pertencer a uma congregação fielmente tem sido raridade hoje em dia. Com o advento da evolução da mídia: CDs, DVDs, internet, TV, canais por assinatura, etc. Ninguém segue fielmente uma congregação. Pode até alguns estarem presentes de corpo, mas não de alma. E como conseqüência disso, não se tem mais um pastor, porém vários. Várias congregações. Isso tem sido tão banal hoje que qual é o discurso desses cristãos sobre igreja? Quando definem igreja é omitida a verdade bíblica da igreja visível, que tem um pastor, um local, um lugar, pessoas imperfeitas. Mostram apenas a igreja espiritual, invisível, ideal. Onde o pastor é Jesus Cristo. Composta dos “perfeitos”. De que não precisa de um lugar para você se congregar como divulga bastante o herege do Rubens, autor do canal Verdade Oculta. Grande difusor da teologia neoliberal. O discurso desses que banalizaram a igreja local é sempre o mesmo, quando falamos em ir para igreja replicam: “Para que igreja? Não, igreja sou eu”. Enquanto que já havia sido tratado esse tipo de comportamento na Bíblia de alguma forma:

Do abandono da congregação: 

“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. (Hb.10.25).

De pessoas como pastores de si: 
“Estes homens são... pastores que a si mesmos se apascentam...”. (Jd.1.12).

Do fato de pertencer a igreja visível de Cristo:
“Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor”. (1Co.5.13).

Da igreja pertencente a um lugar:
“saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles...”. (Rm.16.5). “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar...” (1Co.14.23). “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis...”. (idem v.26). “Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja... Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar...”. (1Co.11.18,20).

Da ênfase a lideranças cristãs:
“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”. (Hb.13.17).

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. (At.20.28).

CONCLUSÃO
A palavra de Cristo para esses dias de banalização é esta:
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Ap.2.5).


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