quarta-feira, 17 de maio de 2017

E-MAIL QUE CALOU LOCALISTA


Vinha conversando com um localista sobre o tema "denominacionalismo" daí ao enviar-lhe este último e-mail em 10/06/2016 NUNCA mais ele me respondeu. Não sei se foi por falta de tempo da parte dele ou se foi o texto do e-mail que lhe resolveu seus questionamentos localistas. Sem mais delongas segue abaixo o teor do meu último e-mail:

Meu caro irmão x, não estou dizendo que o denominacionalismo seja perfeito, ou que seja encontrado na Bíblia. Assim também como não encontramos a palavra cristianismo, judaísmo, discipulado, evangelismo, etc, porém a Bíblia fala sobre isso. Só que estas palavras vieram depois da Bíblia não quer dizer que o significado ou ao que se refere tais palavras não estejam presente na Bíblia. Encontramos indícios nas Escrituras de igrejas locais organizadas, tendo atribuições, culto, ministérios, etc. O denominacionalismo é um problema da igreja pós reforma, mas antes mesmo da reforma o catolicismo romano gerou uma denominação - ICAR. Não concordo com o denominacionalismo, mas não discordo de uma igreja local se reunir, seja rua, travessa, vilarejo, cidade, etc. Pra mim uma denominação é apenas uma referência nominal de uma igreja local. Infelizmente não tem sido esse o entendimento de muitos, o que na verdade se vê é uma centralização de placas denominacionais que desfigura e divide a igreja de Jesus.

Sobre o localismo, classificar a igreja local apenas em cidades, embora esteja assim nos tempos Bíblicos não quer dizer que os cristãos só se reuniam em cidades. Temos que levar em conta o que falei anteriormente - sobre a hermenêutica cultural/histórica, a igreja de Jesus até o ano 313 d.C. não conseguia se reunir livremente. Não era uma religião autorizada pelo império romano. O cristianismo era visto pelo império como um seita do judaísmo (religião autorizada) até o ano 70 d.C. só quando o Templo foi destruído pelo império é que judeus e cristãos passam a ser visto distintamente. Os cristãos se reunião em vários lares de uma mesma cidade, não podiam construir capelas, prédios. Quando assim faziam, por ordem dos imperadores romanos eram confiscados ou destruídos. Citar em uma carta a exata localização da igreja era um perigo iminente de expor os irmãos a serem achados pelos seus perseguidores, caso a epístola fosse extraviada ou caísse em mãos de adversários.

Assim, a igreja do NT não era vista como uma religião distinta do judaísmo, sendo portanto identificadas apenas pelas cidades e não pelos lugares de cada cidade, pois não havia como fazerem isso devido a situação hostil da época. E por pensarem por umas décadas que o judaísmo viria ser cristão. Mas, com o passar dos anos a igreja foi se desiludindo deste pensamento e com isso se distanciando do judaísmo e alcançando vários gentios para Cristo. Isso é fazer uma hermenêutica cultural/histórica. Não podemos fazer uma leitura das Escrituras sem levar em conta essas questões, do contrário será uma leitura superficial.

Quem inventou as cidades? Foi Deus ou foi o homem? A Bíblia nos relata a primeira citação da palavra "cidade" que foi construída por Caim (cf. Gn.4.17). Está no manuscrito hebraico como "´iyr" A primeira definição que se dar a esta palavra hebraica é "agitação, angústia" (que não cabe bem ao contexto); a segunda definição é "cidade (um lugar de vigilância, guardado)". Fonte: léxico hebraico Dr. Strong. Olhando para essas ponderações concluímos que a "cidade" foi criada pelo homem no princípio com o intuito de se proteger em uma fortaleza. Depois, passou a ser vista como "cidade onde alguém vive", do grego "polis" presente em todo o NT. Fonte: léxico grego Dr. Strong.

O localismo, que é atribuir a crença de que igreja só deve se dividir em cidades é inconsistente diante da hermenêutica histórica/cultural. Não há um registro de Paulo, Pedro, Tiago, João, etc., ordenando ou determinando que a igrejas deveriam se reunir apenas em cidades. Isso é dogma de Witness Lee. A Bíblia não fecha esta questão. E se apenas as cidades são endereçadas as epístolas de Paulo às igrejas não podemos deixar se levar pelo pensamento de Lee. Mas, pela hermenêutica cultural/histórica aqui apresentada. Lembrando que entre todas as epístolas temos uma endereçada ao povo hebreu e não a cidade. E nesta epístola manda que os cristãos não deixem de se congregar (Hb.10.25) onde a palavra grega usada no manuscrito é "episunagogen" (textus receptus) que vem do grego "episunagoge" que quer dizer: "1) uma reunião em um lugar. 2) assembleia (religiosa) (dos cristãos). Fonte: léxico grego Dr. Strong. 

Observe irmão x que a definição acima não diz "cidade" mas "lugar", qualquer canto. O autor aos hebreus admoesta aos cristãos hebreus a se reunirem na igreja local não importando-se onde seja ou esteja. Lembrando que o prefixo grego "epi" quer dizer: "1) sobre, em cima de, em, perto de, perante. 2) de posição, sobre, em, perto de, acima, contra. 3) para, acima, sobre, em, através de, contra". (fonte: idem). E o sufixo grego "sunagoge" quer dizer sinagoga onde tinham diversas em uma mesma cidade, eram locais de ajuntamento dos judeus para orações, leitura da Tanak e culto. Eram prédios construídos e localizados em vários lugares. Sua origem foi desde o exílio babilônico. A junção epi + sunagoge que dizer "reunião em um lugar", em um "espaço determinado". Em momento algum o escritor aos hebreus cogita "polis" (cidade onde alguém vive). Ele vai citar "polis" em 11.10,16; 12.22 e 13.14.

Fica com Deus, espero que estas explanações tenham esclarecido mais sobre o assunto que estamos debatendo.

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4 comentários:

José Eduardo disse...

A paz irmão.
Lendo sua exposição me surgiu uma dúvida: quando Paulo na sua carta a Filemón, no vs 2 diz a igreja que está na tua casa, não estaria Paulo colocando em Risco a Filemón e toda a igreja que se reunia na casa dele?
Pois conforme o seu argumento histórico do irmão, não poderia de modo algum se dizer a localização exata da igreja dentro da cidade em carta alguma, pois havia o Risco dessa carta cair nas mãos do Império Romano.
Quero esclarecer que não sou da igreja local e nunca pertenci a ela. Simplesmente sou um irmão que pesquiso sobre o assunto. Por isso cheguei no seu blog. Eu estava lendo este seu argumento que estava achando interessante, e de repente lendo me veio na mente este verso em Filemón

Daniel Durand (ThB) disse...

Olá José Eduardo, shalom.

Sobre sua pergunta: veja bem, o nome das pessoas nos tempos bíblicos eram muitos comuns e repetidos. Pra o sujeito ser identificado era preciso uma associação natural dele conhecida de todos, se não, era como procurar uma agulha num palheiro. Exemplo: Tiago. Tiago quem? Filho de Zebedeu? Filho de Alfeu? Filho de Maria, irmão do Senhor? etc.

Unknown disse...

De quem são esses textos, são todos do senhor Hélcio B Almeida?
Desculpe se a autoria está definida em algum lugar e eu é que não a encontrei.

Daniel Durand (ThB) disse...

Olá, esses textos vieram de troca de e-mail entre eu o irmão x. Não posso colocar o nome do irmão que me escreveu o e-mail.