terça-feira, 3 de junho de 2014

MONARQUIANISMO E O PROBLEMA TRINITÁRIO



O monarquianismo tem a sua origem da controvérsia trinitariana entre os bispos Ário e Atanásio e da confusão teológica que havia na Igreja para definir didaticamente a doutrina da Trindade. O bispo Ário negava a divindade de Jesus, já Atanásio defendia. Mas, ele ganha força e nome com um bispo da Igreja chamado Sabélio, que negava a doutrina da Trindade explanada por Tertuliano. O cognome mais primitivo do monarquianismo atribuísse a Sebélio, formulando-se “sabelianismo”. Sabélio opôs-se ao ensino ortodoxo da Trindade Essencial, defendendo a doutrina da Trindade Econômica. Deus, disse Sabélio, teria uma substância indivisível, mas dividido em três atividades fundamentais, ou modos, manifestando-se sucessivamente como o Pai (criador e legislador), Filho (o redentor), e o Espírito Santo (o criador da vida, e a divina presença no homem). Efetivamente Sabélio negava "qualquer distinção entre os termos substância (ousía) e hipóstase (hypóstasis) aplicáveis às três pessoas na trindade, de tal modo que, entre elas, não existiria nenhuma diferença, uma vez que são perfeitamente iguais. A sua fama iniciou-se quando foi para Roma, tornando-se líder daqueles que aceitaram a doutrina do monarquianismo modalista. Foi excomungado pelo Papa Calixto I em 220.

O monarquianismo tornou-se a grande heresia do século III d.C. Essa terminologia foi dada por Tertuliano. Grande apologista da doutrina da Trindade e criador do termo teológico TRINDADE (três pessoas na divindade). O Monarquianismo defendia a existência de um só Monarca (um só Deus) contra a divindade de Jesus, que segundo seus defensores não poderia ser também o Monarca (o Deus). Inicialmente o monarquianismo foi contra a divindade de Jesus, entretanto surgiram monarquianos que aceitaram a divindade de Jesus, contudo não a divindade plena. Daí o significado do termo. A palavra ‘Monarquianismo’ vem do termo grego ‘monarchia’, isto é, o governo exercido por um único indivíduo. Por isso, os monarquistas faziam forte oposição a doutrina da Trindade. Não compreendiam o termo Trindade, que é a pluralidade das pessoas da divindade, mas confundiam que também eram das divindades. Por isso sustentavam que tal doutrina se opunha à fé no Deus único e verdadeiro.

O monarquianismo por si mesmo não é uma doutrina completa, mas um gênero do qual decorrem algumas espécies doutrinárias teológicas e que até hoje ressurge no movimento unicista (Igreja Voz da Verdade, Igreja Pentecostal Unida, etc.), no teísmo processado (Igreja Local de Witness Lee) e no movimento unitarista (Testemunhas de Jeová, Tabernáculo da Fé, etc.). Há basicamente dois modelos, contraditórios:

O MONARQUIANISMO DINAMISTA
A primeira figura que surge nessa celeuma da Igreja é Teodoto de Bizâncio. Ele negava a divindade de Cristo e acreditava e pregava que Cristo era meramente um homem, apesar de ter nascido de uma virgem. O monarquianismo dinâmico estava alinhado com o ebionismo, e mantinha a unidade de Deus. Criam que Jesus fora tomado pelo Logos de Deus, e merecedor de honras divinas, contudo inferior a Deus.

A derivação mais conhecida do monarquianismo dinâmico foi o adocionismo, onde Jesus teria sido adotado por Deus quando o Espírito de Deus sobre ele desceu na forma de uma "pomba" do céu, no batismo de João. Nesse momento teria se tornado o Cristo e fora revestido de poder (dynamis) para seu ministério, mas não era ainda inteiramente Deus, passando a ser com a ressurreição. Daí a origem do termo “dinamista”. Era uma tentativa de explicar as naturezas: divina e humana de Cristo; e sua relação entre si.

Um dos grandes simpatizantes e defensores dessa heresia foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia. Este ensinou que Cristo era um simples homem dotado de poderes divinos. Ensinava ainda que o Espírito Santo fosse apenas “graça” derramada sobre os apóstolos e nada mais que isso

O MONARQUIANISMO MODALISTA OU SABELIANISTA
Esta forma de Monarquianismo surgiu na Ásia Menor e foi levada a Roma por Noeto. O Monarquianismo modal originou-se da influência da filosofia grega pagã, incluindo as teses de Euclides e Aristóteles, que baseavam a sua lógica no Monismo e nos argumentos aristotélicos sobre o conceito da energeia (energia) chamada metafísica. Como o conceito que a ontologia (também chamada de metafísica) podia ser reduzida ou para uma única substância detectável (chamada de teoria da substância) ou um único ser (o conceito do Absoluto), a lógica aristotélica foi a forma com que, ontologicamente (via metafísica), o filósofo helênico (pagão) Aristóteles pôde racionalizar para desconstruir a consciência humana, sua existência e o próprio ser para conseguir representar o seu ponto de vista da Mônade ou "unicidade" (unidade de todas as coisas), como unidade ou unicidade na "ideia" de Deus e a substância de Deus (ousia) como essência ou categoria universal acima do ser finito.

O principal expoente desse pensamento foi Sabélio. Esta escola ensinava que apenas o Pai é Deus. O Pai e o Filho são da mesma essência e são também o mesmo Deus, isto é a mesma pessoa sob nomes e formas diferentes. Para eles, as vezes Deus faz o papel de Pai e em outras vezes, o papel de Filho. Originalmente o modalismo teria surgido com o ensino do modalismo nessa forma dual. Todavia, Sabélio no século III d.C., evoluiu esse pensamento para o Espírito Santo, resultando no modalismo trino. Isto é, Deus é único em divindade e pessoa e se manifestou em três modos. Negando a existência distinta das pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Daí o conflito com a doutrina bíblica cristã.

DIFERENÇA ENTRE MONARQUIANISMO DINAMISTA E MODALISTA
O Monarquianismo Dinamista via Jesus como um ser (uma pessoa) exaltado por Deus (o ser supremo e único) e o Espírito Santo a graça de Deus derramada impessoal. Enquanto que o Monarquianismo modalista acreditava que esse único Deus, se manifestou em três formas ou três personificações. Negando qualquer distinção de personalidade entre Deus e o Cristo.

A RESISTÊNCIA E APOLOGIA DA IGREJA AO MONARQUIANISMO
Devido os pensamentos da Igreja se dividir, as idéias e conceitos pipocavam em vários lugares por diversos presbíteros, bispos, teólogos da igreja trazendo definições estranhas sobre Deus e sobre Jesus Cristo, e principalmente as insistentes argumentações de Sabélio. Tornou-se necessária a convocação da Igreja e todos os seus pensadores para um concílio que ficou conhecido como CONCÍLIO DE NICÉIA. Foi um concílio de bispos cristãos reunidos na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, Turquia), pelo imperador romano Constantino I em 325 d.C.. O concílio foi a primeira tentativa de obter um consenso da igreja através de uma assembléia representando toda a cristandade, que na confissão de fé da Igreja tornaram-se nas seguintes palavras:

“Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador dos céus e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na virgem Maria, e se fez homem; foi também crucificado em nosso favor sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu aos céus, está sentado à destra do Pai; e virá pela segunda vez, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual procede do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E na igreja, uma, santa, universal e apostólica. Confesso um só batismo para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém”.

Também temos a confissão de fé chamada Credo de Atanásio, subscrito pelos três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio, Bispo de Alexandria (século IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data posterior (século V).  Sua forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI.

O credo de Atanásio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado por Archibald A. Hogde “um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo.” Apesar da data ser incerta, este credo foi elaborado para combater o arianismo e reafirmar a doutrina cristã tradicional da Trindade. Expresso nas seguintes palavras:

“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé cristã. Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente. E a fé cristã consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância. Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; Mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade. Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo. Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; Contudo, não são três eternos, mas um único eterno; Como não há três incriados, nem três imensos, porém um só incriado e um só imenso. Da mesma forma, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; E, todavia, não há três Deuses, porém um único Deus. Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; Entretanto, não são três Senhores, porém um só Senhor. Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião cristã de dizer que são três Deuses ou três Senhores. O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem negado. O Filho é só do Pai; não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.

Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo.

A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado da substância do Pai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da substância da mãe. Deus perfeito, homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade. Ainda que é Deus e homem, todavia não há dois, porém um só Cristo. Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade de pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assim Deus e homem é um só Cristo; O qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com os seus corpos e vão prestar contas de seus próprios atos; E aqueles que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna; aqueles que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno. Esta é a fé cristã. Quem não a crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se”.

Referências:

MATHER. George A. e NICHOLS. Larry A.: Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida. 2000.

Wikipédia, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquianismo acessado em 01 de jun. 2014.

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2 comentários:

Unknown disse...

a biblia diz que ha um so Deus ef 4.1 ao4 e mc12,29 e quejesus cristo eo verbo que estava com Deus no principio que o Espirito de Deus no principio pairava sobre as aguas Gn 1 .1e2 sao tres pessoas distintasuma da outra mais com amesma substancia creio eu eo Educandario cristao

paulo planet7 disse...

Obrigado por compartilhar seus conhecimentos